terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Cerveró desiste de ter Dilma como testemunha e opta por outra que pode atrasar processo


nestor_cervero_02Drible conhecido – A defesa de Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, desistiu de arrolar a presidente Dilma Vana Rousseff como testemunha de defesa.



Quase três horas depois de incluir o nome da petista na lista dos que deporiam a favor do acusado de envolvimento no escândalo do Petrolão, o advogado apresentou requerimento solicitando a retirada do pedido de intimação da presidente da República. O documento foi protocolado na tarde desta segunda-feira (26) na Justiça Federal do Paraná.



De acordo com o criminalista Edison Ribeiro, que defende o ex-executivo da petroleira, o nome da presidente havia sido incluído porque o Conselho de Administração da Petrobras, então chefiado por Dilma, tinha responsabilidade por contratos firmados para a construção de navios-sonda. A operação foi feita pela Área Internacional da empresa, à época comandada por Cerveró. De acordo o Ministério Público Federal, Cerveró recebeu propina em dois contratos.


Após protocolar petição na Justiça Federal, o advogado repassou a lista a Cerveró, preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, que solicitou a retirada do nome de Dilma da lista de testemunhas. No rol de testemunhas a petista foi substituída por Ishiro Inagaki, de Tóquio.


“Eu estava comentando sobre as testemunhas, e os motivos com o Nestor. Quando chegou na presidente Dilma, muito embora ela fosse a presidente do Conselho, a decisão sobre as sondas foi exclusiva da diretoria. Ela pouco, ou nada, poderia falar sobre isso, então decidimos substituí-la”, disse Edison Ribeiro.


Na ação penal em questão, Nestor Cerveró e o lobista Fernando Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, são acusados de receber propina de US$ 30 milhões para viabilizar contratos de navios-sonda para a Petrobras. O pagamento desses recursos imundos foi pago a Fernando Baiano por Júlio Camargo, representante da empresa Toyo Setal, que durante anos a fio circulava com desenvoltura na Diretoria Internacional da petrolífera verde-loura, à época comandada por Cerveró.


A dualidade que surgiu no caso de Nestor Cerveró é explicável. O advogado possivelmente tentou mandar um recado ao Palácio do Planalto, sinalizando que a situação do governo pode ficar ainda pior caso seu cliente seja abandonado à beira do caminho, como parece. A Operação Lava-Jato, como antecipou o UCHO.INFO, já chegou ao núcleo duro do governo do PT e alcançou o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, o agora lobista Lula, e a atual presidente da República.


A reverberação do escândalo só não aconteceu ainda porque as provas permanecem em poder das autoridades que participam das investigações, mas é uma questão de tempo. Se o objetivo da defesa de Cerveró era colocar holofotes sobre o caso, o tiro poderia sair pela culatra, pois Dilma está mais encalacrada no escândalo do Petrolão do que muitos imaginam.



Por outro lado, Nestor Cerveró, experiente que é, preferiu colocar na lista de testemunhas de defesa alguém que mora na terra do sol nascente, o Japão, cujo eventual depoimento se dará por meio de carta rogatória, o que consome tempo e posterga a decisão final do processo em questão.



É importante lembrar que na órbita do maior escândalo de corrupção da história nacional inexistem inocentes ou tolos. Todos os que estão presos ou permanecem na alça de mira das investigações são alarifes experimentados que tentam vender uma falsa inocência.



Ganhar tempo a essa altura é a estratégia primeira dos criminalistas que atuam no caso, pois parte dos milionários honorários advocatícios está atrelada ao êxito da defesa. O que não significa que uma redução de pena, ou até mesmo a absolvição do réu, aconteça por competência do advogado ou na esteira de prazo prescricional.

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