Carlos Newton
O novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, está cheio de projetos para sustar a desindustrialização do país e tirar as exportações brasileiras da crise. Uma de suas prioridades é incrementar as relações comerciais do Brasil com México e Estados Unidos, disse ele em entrevista a Rosana Hessel e Vera Batista, do Correio Braziliense, ao discorrer sobre o desafio de melhorar a competitividade do país. “O mercado das nossas manufaturas vem sendo capturado pelas importações”, lamentou o ministro, ao afirmar que para impedir que a tendência se acentue, está trabalhando em um Plano Nacional de Exportação.
No ano passado, a balança comercial teve um déficit de US$ 3,9 bilhões. O país exportou, em 2014, US$ 225 bilhões, menos do que a China exportou em um único mês.
“A escala da economia chinesa já é muito maior do que a nossa há algum tempo. Isso não significa dizer que o Brasil não tem espaço para crescer. Somos a sétima economia e o 22º país exportador do mundo. No ano passado, tivemos algumas circunstâncias que pesaram muito no nosso desempenho, como a queda dos preços das commodities. Perdemos de receita, só com minério de ferro, quase duas vezes o valor do déficit total da balança comercial. Foi um ano difícil”, disse o ministro às jornalistas do Correio.
Monteiro revelou às duas jornalistas que uma de suas bandeiras para garantir melhor inserção do Brasil no mercado internacional será a manutenção do Reintegra, é uma compensação que o exportador recebe por resíduos tributários, e do Proex — programa que busca conceder condições equivalentes às do mercado internacional, mesmo em tempo de cortes de subsídios.
NO CARGO ERRADO
Já dissemos aqui na Tribuna da Internet que Armando Monteiro parece ser o homem certo no lugar certo. Foi deputado federal por três legislaturas e em 2010 se elegeu senador pelo PTB de Pernambuco. Além disso, é um experiente empresário e se tornou líder das classes produtoras, como se dizia antigamente, ao cumprir dois mandatos como presidente da Confederação Nacional da Indústria, de 2002 a 2010.Mas o que está errado é seu cargo.
Como ministro do Desenvolvimento, ele só tem um órgão importante sob seu comando, o BNDES. Se ele efetivamente mandasse no banco de fomento, a indústria e as exportações poderiam se recuperar. Mas acontece que ele não manda no BNDES, presidido por Luciano Coutinho, que faz tudo que a presidente Dilma mandar, desde que não perca o emprego.
Se Monteiro tivesse assumido a presidência do BNDES, ao invés de se tornar ministro, ele poderia contribuir expressivamente para recuperar a economia, reativar as exportações e incentivar as indústrias. Mas no quadro atual, em que nem mesmo conseguiu nomear o único cargo importante de seu ministério, suas possibilidades são mínimas.
EUA? NEM PENSAR
Quanto à intenção de levar o Brasil a se reaproximar comercialmente dos Estados Unidos e do México, Monteiro pode esquecer, porque Dilma e seu assessor Marco Aurélio Garcia jamais o permitirão.Os dois já mostraram que nada entendem de política externa e nem conseguem sustentar minimamente nossas embaixadas e consulados, cuja penúria acaba de virar piada internacional.
É por essas e outras que o Brasil não vai para a frente. Logo, logo Monteiro vai pedir o boné e voltar ao Senado. Ele não é homem de aguentar calado esse tipo de situação. Podem apostar.
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