Folia. Especialistas acreditam que há risco de apagão durante o Carnaval
por causa do consumo
O Tempo
A mudança climática pela qual tem passado o país alterou não somente as
temperaturas, mas o comportamento dos brasileiros. Com o calor intenso e a
falta de chuvas, a população tem buscado mais o refúgio nos aparelhos de
refrigeração, sobrecarregando a demanda por energia, segundo o Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
O aumento de 10% no consumo mensal de energia nas residências, de acordo
com a Cemig, o crescimento de 30% nas vendas dos equipamentos, que puxam uma
média mensal de 120 kWh, podem culminar em um apagão no próximo mês,
principalmente no Carnaval, garantiu o sócio da comercializadora Enecel,
Raimundo Batista.
“Fevereiro é um mês mais quente que janeiro e o uso exagerado do
ar-condicionado culminará, com certeza, em um apagão no mês que vem. São muitas
empresas, shoppings e residências equipadas, sem qualquer restrição. O acesso
foi facilitado e incentivado pelo governo, sem a necessária infraestrutura para
suprir essa demanda”, explica Batista.
Para se ter uma ideia, o uso excessivo do ar pelos brasileiros alterou o
horário de pico de energia para 14h e 15h, hora em que o calor é mais intenso.
Foi nesse período que o país sofreu, no último dia 19, um apagão que atingiu 11
Estados e o Distrito Federal. Na data, o ONS registrou uma carga gerada de
73.580 MW (megawatts), considerada muito elevada. Diferente disso, o Ministério
das Minas e Energia (MME) ainda considera entre 19h e 21h – hora em que em os
chuveiros ficam mais ligados – a maior demanda por energia.
Segundo a CPFL Energia, os aparelhos de ar-condicionado superaram os
chuveiros e são atualmente os maiores vilões da conta, chegando a representar
até 30% dos gastos com energia elétrica. Com seis equipamentos em casa, o
empresário Getúlio Menegatti, 38, admite que não toma medidas para economizar.
“Atualmente tenho usado três deles, o que aumentou em cerca de R$ 250 na minha
conta”, revela.
Horário de Verão. A medida implantada para conduzir os usuários ao
aproveitamento da maior disponibilidade da luz natural e estimular o uso
racional da energia não tem evitado, porém, a iminência do apagão. Pelo
contrário, estimulam o uso por mais tempo do ar-condicionado.
Apesar de ainda achar a medida favorável pela economia, o analista de
Energia Elétrica da Lopes Filho Associados, Alexandre Furtado Montes, admite
que a análise merece um estudo. “Dias mais longos e mais quentes resultam no
aumento do uso do ar-condicionado. Uma pesquisa teria de ser feita para
confirmar os efeitos”. O governo espera economizar R$ 250 milhões neste ano com
o horário de verão.
Demanda alta
71,8 mil foram os MW de carga gerados nos últimos dias no Brasil
73,5 mil foram os MW de carga gerados no dia do apagão
Alerta máximo
“O mês de fevereiro, por ter historicamente temperaturas mais elevadas
que janeiro, sofrerá um novo risco de apagão. O uso exagerado do
ar-condicionado está provocando um aumento de demanda por energia elétrica. São
muitas empresas, shoppings e residências equipadas, sem qualquer restrição”
Marcelo Batista - da comercializadora Enecel Energia
Indústria
PIB. A falta
de água vai afetar o ritmo de produção da indústria. Já existem empresas
planejando férias coletivas e redução de turnos de trabalho para contornar a
crise, segundo a Fiesp.
Nenhum comentário:
Postar um comentário