terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Corrupção .Delator conta que Odebrecht sugeriu abrir conta na Suiça para receber propina






Ex-diretor revela que abriu conta na Suíça a pedido da empreiteira baiana
Publicado: 27 de janeiro de 2015 às 10:47 - Atualizado às 10:49 

paulo roberto costa by agencia brasilPaulo Roberto Costa

A Odebrecht sugeriu ao ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa abrir conta na Suíça para receber propina, em razão de contratos obtidos de maneira fraudulenta na estatal. A revelação do ex-diretor de Abastecimento foi feita durante depoimento sob acordo de delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato. Ele contou que recebeu a orientação de abrir conta na Suíça de  Rogério Santos de Araújo, diretor da Odebrecht Plantas Industriais e Participações. Paulo Roberto Costa recebeu da Odebrecht propinas no valor de de US$ 23 milhões (cerca de R$ 60 milhões). 



A informação é de reportagem de Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto Macedo, do Estadão.
Segundo o ex-diretor Paulo Roberto Costa, o diretor da Odebrecht “mandou depositar o valor integral, entre 2008 e 2009”. A construtora fechou contrato bilionário com a Petrobrás em 2009, alvo das investigações da força-tarefa. 



O ex-diretor da Petrobrás, primeiro delator da Lava Jato, disse que abriu a conta por intermédio de “uma pessoa indicada” por Araújo. 



O indicado pelo diretor da Odebrecht chama-se Bernardo Freiburghaus, da Diagonal Investimentos Agente Autônomo de Investimentos Ltda., no Rio de Janeiro. Procurado em sua casa, a informação foi de que ele estaria viajando.


A Odebrecht nega o que classifica de “alegações caluniosas do réu confesso e ex-diretor da Petrobrás”. A empresa rechaçou “qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer executivo ou ex-executivo da estatal.”


Por seu lado, Rogério Araújo chama a delação de Costa de “questionável e ilegal”. Araújo nega ter feito, intermediado ou mandado fazer qualquer pagamento ilegal ao delator.


Procuradores da República que integram a força tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato viajaram à Suíça em busca dos extratos das contas de Paulo Roberto Costa.



Os procuradores querem identificar os caminhos da fortuna do ex-diretor da estatal petrolífera, desde o ponto de partida até os depósitos no banco suíço. Eles suspeitam que o dinheiro circulou por contas de offshores para ocultar o verdadeiro pagador. Outras contas. 



Investigadores da Lava Jato estão convencidos de que Costa recebeu comissões de outras empreiteiras do cartel que assumiu o controle de contratos bilionários da estatal. Eles acreditam que o ex-diretor omitiu a existência de valores depositados em paraísos fiscais, o que poderá lhe custar os benefícios da delação premiada, inclusive o regime domiciliar em que se encontra desde que fechou o acordo.


A linha de raciocínio dos investigadores é que outros integrantes do esquema de corrupção que ocupavam cargos inferiores ao de Costa ganharam muito mais que os US$ 23 milhões que ele diz ter recebido – citam o exemplo do ex-gerente da Diretoria de Serviços Pedro Barusco, que abriu mão de cerca de US$ 100 milhões, a maior parte abrigada no exterior.



Se o rastreamento que está em curso identificar, de fato, ativos de propriedade do ex-diretor da Petrobrás em outras praças a delação que ele fez será declarada nula – na prática, ele volta para a prisão e fica sujeito a pena superior a 50 anos por lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa.

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