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Confusão na certa – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) solicitará ao Ministério Público Federal investigação dos empréstimos suspeitos feitos pelo Banco do Nordeste à cervejaria Itaipava, conforme publicado na mais recente edição da revista Época. O parlamentar também destacou que apresentará requerimento de informação destinado ao Ministério da Fazenda solicitando detalhes da operação.Rubens Bueno afirmou que a questão precisa ser analisada em profundidade pelas autoridades brasileiras. Para o deputado, é inadmissível que uma empresa burle critérios e normas de um banco público para obter financiamentos em curto período de tempo. O deputado paranaense afirmou que a situação pode ser considerada ainda mais grave caso fique comprovado o envolvimento de agentes públicos federais na facilitação do empréstimo.
“É uma relação muito grave e que obrigatoriamente precisa ser investigada. Ele presenteou a então candidata Dilma Rousseff com cinco milhões de reais após conseguir esse empréstimo. Essa relação toda é muito suspeita, principalmente quando envolve um banco notoriamente aparelhado pelo PT e acusado de envolvimento em outros esquemas já investigados pela Justiça”, disse.
A reportagem mostra como o empresário Walter Faria, dono da Itaipava, conseguiu empréstimo em tempo recorde em negociações suspeitas com o Banco do Nordeste para a construção de duas fábricas na região. Mesmo devendo R$ 400 milhões à Receita Federal em impostos atrasados e multas, além de possuir uma longa ficha criminal, Faria teria obtido mais de R$ 800 milhões com o BNB para a construção das duas unidades da cervejaria. Os créditos teriam sido supostamente liberados por intermediação de integrantes do PT. Após 12 dias obter o empréstimo, o empresário doou R$ 5 milhões para a campanha da Dilma Rousseff.
Aos amigos tudo
O parlamentar também criticou a relação do ex-presidente Lula com o pecuarista e empresário João Carlos Bumlai, revelada em reportagem da revista Veja. Bueno afirmou que a “amizade” levanta muitos questionamentos sobre a atuação de Bumlai no governo federal, o que reforçaria ainda mais a tese de instalação de uma CPI da Petrobras.
“Precisamos investigar até aonde isso foi. É preciso saber se Bumlai realmente tinha um tratamento privilegiado dentro do Palácio do Planalto. O suposto envolvimento dele com as empreiteiras hoje investigadas pela Operação Lava-Jato é mais um dos diversos itens que precisa se analisado por uma nova CPI da Petrobras”, destacou.
Briga com bancos
Em meados de 2013, os bancos HSBC, Credit Suisse e ING recorreram à Justiça brasileira para cobrar 530 milhões de reais da Cervejaria Petrópolis, dona das marcas Itaipava, Crystal e Petra. Os processos nada têm a ver com cerveja, mas as instituições financeiras acusam a empresa de ser dona oculta de uma processadora de soja chamada Imcopa, que deu um calote bilionário na praça. Como a Imcopa tornou-se inadimplente, os bancos queriam que a Petrópolis honrasse as dívidas.
Líder na produção de derivados de soja não transgênica no País, a Imcopa devia, à época, quase 1 bilhão de reais e há muito enfrentava problemas com credores. A empresa renegociou as dívidas em 2009, mas não cumpriu os acordos. Em janeiro de 2013, pediu recuperação judicial.
Os bancos alegaram nas ações judiciais que foram enganados e que a Petrópolis apropriou-se da Imcopa por baixo do pano – tudo tramado para ficar com as receitas bilionárias do negócio, sem ter de arcar com as dívidas. Na Justiça, os bancos pediram o reconhecimento da situação, para assim cobrar a cervejaria. O HSBC cobrava 380 milhões de reais; o Credit Suisse, 90 milhões de reais; e o ING, 50 milhões de reais.
Ligações com Marcos Valério
Condenado à prisão na Ação Penal 470 (Mensalão do PT, o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza afirmou à Polícia Federal, após ser preso em outubro de 2008 no rastro de outra investigação, que prestava consultoria empresarial a Walter Faria, dono da Cervejaria Petrópolis, e que recebia os honorários em dinheiro vivo.
A versão apresentada por Marcos Valério contrariou a nota oficial divulgada na ocasião dos fatos pela empresa, que negou ter “qualquer tipo de contrato” com o então caixa do Mensalão do PT. Na sequência, a cervejaria informou que o contrato era verbal e que não houve pagamento de salário, no máximo ressarcimento de despesas.
Marcos Valério e o dono da Itaipava, que agora está envolvido em novo escândalo, foram alvo de investigação do Ministério Público Federal em São Paulo por suposta corrupção, formação de quadrilha e denunciação caluniosa.
À época, o publicitário mineiro foi indiciado pelos três crimes. O indiciamento é a convicção da PF de que reuniu indícios suficientes contra um investigado. A prisão de Walter Faria foi rechaçada pela Justiça por falta de provas.
Para o Ministério Público Federal, os dois agiram juntos para prejudicar dois fiscais da Fazenda paulista que autuaram a empresa Praiamar, do grupo Petrópolis, em R$ 104,5 milhões.
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