Carlos Chagas
Entre uma campanha e outra, Napoleão fez mais pela França com a pena
do que com a espada. Diante da confusão de regulamentos e leis
regionais, decidiu botar ordem nas relações entre os cidadãos e entre
eles e o Estado. Reuniu uma comissão de notáveis para preparar o Código
Civil unificado. Depois de pronto, com 2.281 artigos, foi denominado de
Código Napoleônico, exemplo até hoje seguido por muitas nações modernas.
Por ironia, eram 39 os participantes da monumental tarefa, que o
Imperador presidia de manhã, à tarde e quase sempre à noite, quando
exauridos e fatigados, muitos cochilavam. Mola mestra dos trabalhos, o
Corso não perdoava, exortando-os com um apelo: “Vamos, cavalheiros,
ainda não ganhamos os nossos salários…”Reúne-se hoje pela primeira vez o novo ministério da Dilma, por ironia contando com 39 ministros. Vão trabalhar pela manhã, presume-se que de tarde também, mas de noite, nem pensar. O que não impede que muitos tirem sua soneca vespertina, embalados pelas palavras da chefona e, com certeza, de alguns condenados escolhidos para expor planos e programas. Parece impossível que os 39 disponham de tempo para se fazer ouvir, hipótese que levaria a reunião ministerial até o dia seguinte.
Com a natural tendência ao sono, quantos não resistirão? Até porque, ao contrário dos notáveis de Napoleão, a maioria dos presentes da reunião já em andamento nada teria a relatar ou sugerir, convocados por injunções partidárias fisiológicas, sem maior intimidade com os temas afetos aos respectivos ministérios. Essas contradições fluem para uma única semelhança entre a Brasília de hoje e a Paris de ontem: quantos dos presentes à reunião ministerial poderão dizer que estão ganhando os próprios salários?
Em toda a crônica recente jamais se viu um grupo tão heterogêneo, insosso, amorfo e inodoro. Excetuando-se aqueles aos quais a presidente da República penalizou com a missão impossível de consertar a economia e as finanças públicas sem arcar com a impopularidade, os demais apenas ornamentam a paisagem. Por isso, sem dúvida, será razoável o número dos que estarão cochilando. Sem ter ganho os salários, vale repetir…
MAIS TEMIDA DO QUE AMADA
Para ficar na referência a Napoleão, importa registrar uma de suas máximas fundamentais: “um governante deve ser mais temido do que amado”. Será essa a diretriz adotada pela presidente Dilma? Saberemos se a reunião ministerial de hoje tiver sido televisada ou ao menos aberta à imprensa. Caso contrário, pela inconfidência dos presentes, quinze minutos depois.
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
Dilma x Dilma.
Hoje, às 16 horas, Dilma Rousseff reúne o imenso ministério para o seu
primeiro pronunciamento à nação. Desde a posse que a presidente
estelionatária rasga as promessas de campanha, promovendo um tarifaço
contra os contribuintes mais pobres e um ataque planejado contra os
direitos trabalhistas.
Em silêncio doentio. Em isolamento total, feito uma rainha louca. Em menos de trinta dias, perdeu o apoio de meio PT, que também sabota a equipe econômica que, por sua vez, é sabotada por ela. As mudanças anunciadas que agridem direitos trabalhistas adquiridos colocaram os "cumpanhêros" em pé de guerra. Serão mantidas?
Em silêncio doentio. Em isolamento total, feito uma rainha louca. Em menos de trinta dias, perdeu o apoio de meio PT, que também sabota a equipe econômica que, por sua vez, é sabotada por ela. As mudanças anunciadas que agridem direitos trabalhistas adquiridos colocaram os "cumpanhêros" em pé de guerra. Serão mantidas?
Veremos
Dilma enfrentando o PT às vésperas do 35 anos de fundação ou teremos
Dilma novamente abraçando o partido e voltando-se contra a equipe
econômica, transformada em fantoche outra vez? A presidente
estelionatária, mentirosa e irresponsável tem apanhado como nunca da ala
mais autêntica do petismo, sem que Lula saia em sua defesa, aliás já
lançado como o salvador da pátria em 2018. Hoje veremos se Dilma vai se
curvar ao criador, aos seus asseclas e recuar.
Ou se fará mesmo um
segundo mandato com marca própria, aprofundando o racha partidário num
Brasil desgovernado a caminho do precipício. Hoje, às 16 horas,
saberemos se o silêncio de Dilma era medo ou valentia. É Dilma x Dilma.
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