Secretário acredita que população compreende as mudanças e avisa que relação com políticos mudou
daniel.cardozo@jornaldebrasilia.com.br
Com menos de um mês de gestão, o secretário de Relações Institucionais, Marcos Dantas, garante: já é possível notar que o Distrito Federal vive uma forma diferente de governar. Ele argumenta que as ações para economia de dinheiro público são apenas um exemplo que exibe essa diferença.
“Os resultados já estão aparecendo. Estamos com uma equipe extremamente técnica nas secretarias. Isso por si só já ajuda a equacionar os problemas que a gente encontra”, defendeu. Escolhido pelo governador para negociar com parlamentares, Dantas minimiza insatisfações de partidos da base e acredita em uma relação saudável com a Câmara Legislativa.
Qual a avaliação desses primeiros 25 dias de governo?
Apesar de todos os problemas, a avaliação é positiva. O maior problema é o financeiro uma carga enorme de dívidas e compromissos que se precisa cumprir, sobretudo honrar compromissos salariais e pagar fornecedores, contratos. Tudo com desdobramentos, porque são trabalhadores da limpeza, da vigilância, do SLU, além dos outros diversos contratos que envolvem mão de obra. Equacionamos boa parte parcelando. Na verdade, encontramos problemas em todos os lugares. Mas não é nada que a gente não possa resolver.
Vai ser possível começar a mostrar resultados a partir de quando?
A gente tem sinalizado com uma forma diferente de governar. Os resultados já estão aparecendo. Primeiro, estamos com uma equipe extremamente técnica nas diversas secretarias. Isso por si só já ajuda a equacionar os problemas que a gente encontra. Os problemas encontrados imediatamente são encaminhados para as soluções. A redução de cargos e despesas, por exemplo, já é uma forma nova de encarar a coisa pública. Isso já é positivo. Em todas as áreas temos feito racionamento e economizado.
O que o governo espera da relação com a Câmara Legislativa, volta do recesso na semana que vem?
Vai ser um começo muito movimentado. Todo começo de legislatura tem entusiasmo. São 12 parlamentares novos. Será um começo promissor. A relação vai ser de muito diálogo, muita conversa, muita negociação. Entendemos a importância da Câmara Legislativa para a nossa sociedade, que ela tem independência e tem que ser assim. Os poderes são autônomos e independentes, vamos respeitar isso. A Câmara está entendendo o momento que estamos passado. Nas conversas que tivemos com os parlamentares, eles compreendem a situação. Não tenho dúvida que vai ser uma relação colaborativa. Temos que inaugurar um novo tempo nessa relação e estamos animados de que será possível fazê-lo.
O governo terá uma base sólida?
A ideia é alcançar essa base com muito diálogo e transparência. É importante para a cidade a governabilidade e não temos dúvidas que a Câmara vai cooperar. A base é isso, construindo no dia-a-dia.
Quantos deputados comporão a base?
É complicado falar em números, mas a gente faz uma análise com base na eleição da Mesa Diretora. Tivemos 16 parlamentares apoiando esse projeto. Mas esse número pode variar.
Já se sabe que o PMDB conversa com o governo e, se o partido der apoio, o número de deputados na base chegará próximo dos 20. Isso não é parecido com o que havia no governo Agnelo?
Na verdade, a gente tem que se abster dessa questão do número e trabalhar a relação política. A nossa relação, a prática e atuação vão ser completamente diferentes do que era feito pelo governo anterior. Será uma relação de respeito. Vamos estar muito próximos dos parlamentares, conversando, mostrando a importância de determinados projetos, acolhendo sugestões nas suas bases eleitorais, no ponto de vista de obras e realizações. Então a relação tem que ser diária. Não podemos pensar que vamos nos relacionar com a Câmara apenas por conta de votações. Vai ser uma relação constante.
Existem insatisfações por conta das administrações regionais, como no caso do PDT. Como o governo tem trabalhado para resolver esses problemas?
Eu costumo dizer que na política ninguém nunca se satisfaz. Todos nós somos insatisfeitos. Existem reclamações no meu partido, o PSB, que também tem demandas legítimas como nos outros partidos. O que eu tenho dito é que o governo só está conversando e que existe espaço para conversarmos com o PDT no futuro. Hoje o PDT tem três deputados e é importante para a gente, além de ser parceiro de primeira ordem. Existe um diálogo fraterno com o PDT. Nada impede que a gente continue a conversar e lá na frente avançar em algum pleito.
Existiria mais facilidade na negociação com os deputados da base se o PSB tivesse pelo menos um deputado distrital eleito?
É sempre bom ter parlamentares eleitos no seu partido. Nós fizemos a opção de fazer uma coligação e nos sentimos representados. Claro que o partido queria ter um ou mais parlamentares. Mas temos que entender que a política é negociação. Tivemos que fazer essa negociação para entrar no bojo da aliança. Isso é passado e temos que olhar para frente. Infelizmente, não foi possível eleger nenhum, por conta da composição. Se tivéssemos saído sozinhos, teríamos elegido dois. Mas isso não tem que ser abordado. Fizemos a opção correta, elegemos o governador e o PDT chegou ao Senado. Cada um precisa ter um ônus e nós tivemos o bônus de eleger o governador. Se não tivéssemos feito essa composição, talvez nossa eleição para o governo ficaria inviabilizada.
As administrações com interinos ainda aguardam a indicação de efetivos. O que falta para essa indicação definitiva?
Temos aí seis na interinidade. É o que o governador tem dito: não há pressa. Até porque os interinos desta vez têm total autonomia para trabalhar. Portanto, no tempo da política, na conveniência do governo, eles vão ser escolhidos. Voltar as cidades ao normal é o que estamos fazendo. Esses interinos estão tocando as administrações normalmente. O tempo é o menos importante no governo. Claro que quanto mais rápido definir, melhor. Mas isso não é uma agenda prioritária. Estamos no tempo da política mesmo, avaliando, porque assim conseguimos acertar mais.
A crise financeira e a redução nos cargos dificultam as negociações com os partidos?
Não. Hoje existe uma postura colaborativa das diversas forças, que entendem o que estamos passando. Ou você faz isso ou o DF para. Ninguém gostaria de parcelar o salário dentro do mês. Se bem que quase 90% vão receber até o quinto dia útil, mas foi uma fórmula para poder garantir os pagamentos. O corte tem um diferencial. A máquina estava inchada. Vai viver muito bem cortando. Já cortamos 1,3 mil cargos nas administrações. Pode até não ser muita coisa no final, mas tem uma importância. Porque existia um inchaço, um cabide de emprego. Tem que haver reciprocidade política, isso é da democracia. Tem que haver limites, o caráter técnico. Independentemente de qualquer coisa, isso é uma proposta de campanha. Entendemos que o Estado está inchado. É preciso fazer concurso. Quer trabalhar no serviço público? Vai fazer concurso.
A eleição direta para administrador foi uma promessa de campanha. O governo terá dificuldade para colocar isso em prática?
Nada que é novo é simples. Essa é uma proposta muito arrojada do ponto de vista da democracia direta. E nós vamos encaminhar para a Câmara o projeto de lei que cria o conselho de representantes da comunidade. Iniciaremos essa discussão. O grande desafio é criar uma proposta que esteja dentro da legalidade. Mas é obstinação do governador e ele cobra a sua equipe em todo momento que se encontre o modelo. É questão de tempo. Também não adianta ter desespero, porque não é uma forma qualquer.
Mesmo em casos onde o administrador eleito fizer parte de grupos políticos diferentes do governo?
Acho que não. Não temos que temer isso. Temos que entender que a população que o escolheu. Pode ser de outro grupo político, mas certamente ele não fará oposição ao governo. Precisa estar em sintonia com a população, trabalhar para melhorar a vida da comunidade. Quanto mais distante ele estiver do governo, pior para ele. Esse não é o maior problema. Se tivermos medo dessas coisas, melhor não fazer.
Além da dificuldade financeira, o governo teve também que lidar com greves. Esse problema já está resolvido?
No começo foi aquele turbilhão, um tsunami de sindicatos, associações. Mas com muita disposição, trabalhando até 17 horas por dia, você consegue resolver os problemas. Essa costura com os sindicatos não foi diferente. Mostramos números, fazendo propostas. Você vê que iniciamos uma semana tranquila, perto das outras. Mas não tenho dúvida que vai ser um ano difícil para todos, para o DF e para o País. Em face da economia e no nosso caso, o orçamento apertado. Mesmo assim, nesse pouco tempo, 20 dias úteis, já conseguimos avançar, colocamos na mesa uma série de propostas e temos projetos para quando a Câmara abrir. Governar é isso, é ter um rumo, mas também administrar o problema do dia a dia.
Houve vingança de alguns sindicatos, como aqueles ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), por conta da relação próxima ao PT?
Na verdade, houve uma greve muito rápida do Sindsaúde. O Sindicato dos Médicos também fez uma ação muito rápida e não é ligado à CUT. O Sindicato dos Professores não fez greve ainda, só manifestação, porque as aulas não começaram. Dos vigilantes, foi um dia e pouco de greve. O da limpeza nós equacionamos em pouco tempo, com o Ministério Público do Trabalho. Foi muita agitação em pouco tempo, mas greves, mesmo, foram poucas. Não acredito em vingança.
Não podemos fazer política com essa lógica. É um direito legítimo de reivindicar. Tem que ter limite, obviamente. Como eu disse para eles, precisamos pensar na outra ponta. Por exemplo, na saúde, na educação. Eu não trabalho com essa ideia conspiratória, de vingança. Negociar tem que ser a disposição. Temos tudo transparente, sobre a situação que encontramos. Podemos até não convencer os sindicatos, mas a população está entendendo.
Mesmo após a crise financeira ter se tornado pública, houve muitas manifestações. Existiu exagero por parte dos sindicatos?
Não. O que precisamos entender é que não se pode prejudicar a vida dos outros. Vamos fazer nossa manifestação, vamos protestar. Só acho indevidas algumas ações pontuais, como fechar a rua. Essas ações prejudicam muito mais as pessoas do que o governo. As pessoas têm o direito de ir e vir. Temos que respeitar isso também. Não posso fechar a rua porque posso estar prejudicando um trabalhador, uma família. Em que contribui? Fechar a rua vai fazer cair dinheiro do céu? Não vai. Só vai acirrar os ânimos. E estamos aqui para negociar o tempo todo. O diálogo é mais importante do que fechar a rua. É melhor para todo mundo, para nós, para eles, para a polícia. Podia pegar essa polícia toda e colocar em outros lugares.
Duas medidas impopulares foram tomadas nesse mês, parcelamento de salários e a opção de pagar primeiro os servidores da Saúde. Qual o ônus político dessas escolhas?
Eu diria que houve um desgaste por se pagar um e não o outro, para não piorar mais ainda a situação da saúde. Isso não quer dizer que são menos importantes os servidores da Educação. Isso foi uma opção que nós fizemos. Não tínhamos o dinheiro para pagar todo mundo, mas para pagar um. Optamos pela Saúde. Pagamos para minimizar os problemas da Saúde. Claro que o pessoal da Educação não gostou, mas resolvemos uma parte do problema. Daqui para a frente, acabou.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
Comentário
Anônimo
Não vejo diferença. A irresponsabilidade ambiental é a mesma da época do Roriz e do Agnulo, com favorecimento às invasões em áreas de proteção ambiental.O fim da agua do DF está próximo!
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