(Com informações do Estadão) Dados da Comissão Econômica para a
América Latina e o Caribe (Cepal)
divulgados nesta segunda-feira, 26, mostram uma elevação de 5,4% para
5,9% na quantidade de brasileiros que vivem em situação de extrema
pobreza entre 2012 e 2013. Esse índice estava em 10,7% em 2005, segundo
os critérios da Cepal. Considerando-se a população atual do país, temos
12 milhões de cidadãos nesta condição degradante, sendo que 1 milhão
entrou na miséria em apenas um ano.
A situação do Brasil difere dos demais países da região. O
estudo da Cepal indica que o equivalente a 167 milhões de
latino-americanos, ou 28,1% dos habitantes da região, estavam na
condição de pobreza em 2013 - rigorosamente o mesmo índice registrado um
ano antes. "A recuperação da crise financeira internacional não parece
ter sido aproveitada suficientemente para o fortalecimento de políticas
de proteção social que diminuam a vulnerabilidade frente aos ciclos
econômicos", afirmam os especialistas da Cepal no relatório "Panorama
Social da América Latina 2014".
A piora do quadro da extrema pobreza no Brasil se opõe às
manifestações públicas da presidente Dilma Rousseff ao longo da campanha
do ano passado. Além de negar uma deterioração dos indicadores devido
aos sucessivos anos de crescimento econômico fraco e de inflaçãorondando
os 6% ao ano, o governo também atravessou o ano de 2014 com embates
políticos internos. A direção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
barrou, por três meses, a divulgação de um relatório técnico da sua área
de estudos e políticas sociais, que divulgaria análises semelhantes à
da Cepal sobre o quadro de pobreza no Brasil.
O documento da Cepal é montado a partir de dados levantados
por cada país. No caso brasileiro, os dados vem da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad). O estudo da Pnad, apesar de mostrar uma
melhora do indicador de pobreza no País, indica que, em 2013, o Brasil
continuava sendo o país com maior desigualdade de renda na região. Parte
disso decorre justamente da piora do indicador de pobreza extrema.
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