O comunista Patrus Ananias |
"Não se
trata de negar o direito de propriedade, uma conquista histórica e
civilizatória. E sim de adequar o direito de propriedade aos outros
direitos fundamentais", afirmou. O novo ministro reconhece que o tema
"desperta polêmicas" e, por isso, diz que a discussão deve envolver o
Congresso, o Poder Judiciário e movimentos sociais.
"Passa pelo
Congresso, pelo Poder Judiciário, Ministério Público. Passa sobretudo
pela sociedade, pelos meios de comunicação e pelos movimentos sociais.
No limite, é uma escolha feita pela própria sociedade", afirmou.
Patrus
Ananias assume a pasta no lugar de Miguel Rossetto, que já tomou posse
na Secretaria-Geral da Presidência da República. O discurso de Patrus
vai em direção contrária ao posicionamento defendido pela nova ministra
da Agricultura, Kátia Abreu.
Ligada ao setor ruralista, a ex-senadora,
em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, argumentou que não
existem mais latifúndios no Brasil e que a reforma agrária pode ser
"pontual" e não "em massa". A nova titular não compareceu à cerimônia.
Já Patrus esteve na transmissão do cargo de Kátia, nessa segunda.
Ex-ministro do Desenvolvimento Social no governo Lula e responsável pela implantação do programa Bolsa Família,
Patrus recorreu à Constituição Federal e ao Papa Francisco para
justificar seu posicionamento em favor da "função social da terra" e da
democratização do acesso aos bens e direitos. Para ele, as reformas
agrária e urbana "desafiam" o País.
"Ignorar
ou negar a permanência da desigualdade e a injustiça é uma forma de
perpetuá-las. Por isso não basta derrubar as cercas dos latifúndios, mas
derrubar as cercas que nos limitam a uma visão individualista e
excludente do processo social", complementou.
Prioridades. A
exemplo do pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, no dia 1º, o
novo ministro prometeu dialogar com os movimentos sociais. Além de
programas relacionados à reforma agrária e à agricultura familiar,
Patrus destacou entre suas prioridades à frente da pasta a implantação
da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater).
A
menção à estatal de inovação no campo, criada em 2013 pela presidente
Dilma Rousseff, com a missão de oferecer assessoria técnica ao
agricultor de pequeno porte, coloca Patrus em rota de colisão com a nova
titular da Agricultura, Kátia Abreu.
Kátia
Abreu sinalizou ontem, durante seu discurso de posse, que a Anater terá
importante na sua pasta para “dobrar a classe média rural em quatro
anos”. Ela destacou estatal como fundamental para promover uma
“revolução do conhecimento no campo”. “Iremos de porteira em porteira
para encontrar essas pessoas”, disse. Leia MAIS
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