São Lourenço da Serra, SP – 29 de dezembro de 2014.
Marcelo Pavlenco Rocha – SOS Fauna
DESTINAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES APREENDIDOS
Quando
olhamos para um problema e queremos resolve-lo, geralmente nossa
percepção nos guia para duas coisas, às causas do problema e para as
consequências dele.
Mas também precisamos avaliar se o que enxergamos como um problema, realmente é um problema.
E o tráfico de animais silvestres seria um problema? Sim, acreditamos piamente nisso, mas por quê?
Grande parte da população brasileira olha para o tráfico de animais silvestres emanando sentimentos de piedade, de dó, de comiseração, sendo algo que atinge de maneira intensa e profunda o nosso estado emocional, em uns com mais intensidade, em outros menos.
Mas não é em todos que é gerado o
sentimento de compaixão, que seria a sensibilidade pelo que se
presencia seguida do desejo de ajudar, de fazer algo para mudar aquilo,
sendo que mesmo na grande parte dos casos dos que sentem compaixão, a
coisa fica somente no desejo, mas não na ação prática de realmente fazer
algo.
Tristemente e não culpamos estas por isso, nos deparamos com
pessoas que ao falarmos a estas do problema, as mesmas ficam
indiferentes e até preferem mudar de assunto, como se vivessem em um
mundo à parte, desconectado do problema e sem que este, de maneira
alguma as afete.
As
pessoas de todas as camadas sociais e também de todos os níveis
culturais, em sua grande maioria, ainda enxergam o problema do tráfico
como algo que atinge somente os animais silvestres vítimas do mesmo.
Entender, perceber, ter ciência e sensibilidade para compreender que o
problema atinge diretamente a espécie humana pelo desequilíbrio causado
em ecossistemas ainda parece algo muito distante de ser notado, e quando
o for, se isso acontecer, talvez já seja tarde demais!
Recentemente
fizemos um vídeo introdutório nas palestras que ministramos sobre o
tema, para que o entendimento sobre crimes contra fauna silvestre, tenha
uma compreensão mais ampla. O citado vídeo pode ser assistido em https://www.youtube.com/watch?v=nTUb3EnoDmy.
As causas e consequências do problema.
Sobre as causas, elas não são muitas, vejamos:
A. Educação.
Não existe, principalmente nas regiões de captura, algo que trabalhe
sobre esta questão educacional e de mudança de hábitos culturais.
Levando ao conhecimento das crianças o que tudo isso pode causar. Manter
animais silvestres em casa como PET é algo que está permeado na cultura
de inúmeras regiões do Brasil.
Poderia a criação legal de animais silvestres em cativeiro mudar esta realidade? Talvez, mas lembremos de que a gritante diferença de preços entre animais silvestres de origem legal para os ilegais, em face do baixo poder aquisitivo da grande maioria consumidora, jamais resolveria o problema;
Poderia a criação legal de animais silvestres em cativeiro mudar esta realidade? Talvez, mas lembremos de que a gritante diferença de preços entre animais silvestres de origem legal para os ilegais, em face do baixo poder aquisitivo da grande maioria consumidora, jamais resolveria o problema;
B. Legislação. Desde que a Lei Federal 5.197/67 que permitia levar pessoas à prisão - regime fechado - por cometer crimes contra animais silvestres foi revogada pela nova lei dos crimes ambientais – Lei Federal 9.605/98 – que considera delitos contra animais silvestres crimes de menor potencial ofensivo e não leva ninguém a cumprir pena em regime fechado, o tráfico de animais silvestres cresceu ainda mais, fomentando a prática da modalidade criminosa.
Sobre as consequências, em função das causas, o que é feito:
A. Repressão. Reprimir o tráfico de animais silvestres, mesmo com uma legislação extremamente branda, é algo que precisa ser feito, pois a captura e o comércio atualmente são descomunais, em função das causas. Mesmo havendo divulgações sobre números envolvendo apreensões em todo o Brasil e tais números serem apresentados como grandiosos perante o tráfico, a realidade de campo (que poucos conhecem) não evidencia isso, mas sim que o número de animais silvestres apreendidos é muito menor do que o montante de animais que chegam ao consumidor final, quando há a consumação do crime. E isso é muito grave;
B. Destinação de animais apreendidos.
A destinação de animais silvestres apreendidos também é algo que causa
aos que observam o problema com profundidade e o entendem, um elevado
nível de preocupação. Gerando por parte do Poder Público uma série de
procedimentos que de maneira alguma chegam à proximidade de diminuir o
impacto ambiental causado. Pasmem, mas somente em 2006, a Polícia
Militar Ambiental do Estado de São Paulo foi obrigada a deixar com o próprio autuado mais de 50% dos animais silvestres apreendidos naquele ano, mais de 17.000 animais dos pouco mais de 30.000 apreendidos,
pois não havia locais que pudessem receber estes animais.
E isso acontece no Estado mais rico da nação. Porém não basta, para minimizar o impacto ambiental causado, apenas haver locais que recebam estes animais no pós-apreensão, pois o mais sensato seria o ciclo que envolvesse apreender os animais, mantê-los vivos, receber os animais, continuar a mantê-los vivos e envia-los – quando em posse de dados de origem geográfica – de volta ao local de onde vieram, com solturas bem fundamentadas, monitoradas e com avaliação dos resultados.
Da forma como as coisas têm acontecido, para a natureza, é como se estivéssemos aplicando a orientação técnica da Sociedade Brasileira de Ornitologia que, após algumas avaliações, recomendaria o sacrifício dos animais.
E isso acontece no Estado mais rico da nação. Porém não basta, para minimizar o impacto ambiental causado, apenas haver locais que recebam estes animais no pós-apreensão, pois o mais sensato seria o ciclo que envolvesse apreender os animais, mantê-los vivos, receber os animais, continuar a mantê-los vivos e envia-los – quando em posse de dados de origem geográfica – de volta ao local de onde vieram, com solturas bem fundamentadas, monitoradas e com avaliação dos resultados.
Da forma como as coisas têm acontecido, para a natureza, é como se estivéssemos aplicando a orientação técnica da Sociedade Brasileira de Ornitologia que, após algumas avaliações, recomendaria o sacrifício dos animais.
Em resumo, no que diz respeito às causas do
problema precisamos lutar para a mudança da legislação atual e efetuar
um profundo estudo (no local) de tudo que ocorre para realizar trabalhos
que mudem comportamentos e que ofereçam alternativas às populações onde
o problema nasce.
Com
relação às consequências do problema seríamos estúpidos se aceitássemos
que temos que esperar mudanças legislativas e de educação para que tudo
mude. Pelo andar da carruagem tais medidas não devem acontecer da noite
para o dia, por isso é preciso que, mesmo no combate às consequências
do problema, nos esforcemos ao máximo para diminuir os impactos que este
problema causa, e não é isso que está acontecendo.
Diferentemente
de outros países, aqui, raramente você encontra pessoas, membros do
Poder Público que reconhecem que as coisas, neste ou naquele setor, não
andam bem.
Os poucos que reconhecem, verdadeiros seres de luz, pessoas que se elevam a determinado grau de humildade a ponto de aceitar ajuda, orientação, apoio, discutir, perguntar.... Plagiando uma das colocações que o filósofo e professor Doutor Mário Sérgio Cortella mais expõem em suas palestras, para que TOMEMOS CUIDADO COM AQUELES QUE TUDO SABEM, QUE PARA ELES TUDO ESTÁ SOBRE CONTROLE!
Os poucos que reconhecem, verdadeiros seres de luz, pessoas que se elevam a determinado grau de humildade a ponto de aceitar ajuda, orientação, apoio, discutir, perguntar.... Plagiando uma das colocações que o filósofo e professor Doutor Mário Sérgio Cortella mais expõem em suas palestras, para que TOMEMOS CUIDADO COM AQUELES QUE TUDO SABEM, QUE PARA ELES TUDO ESTÁ SOBRE CONTROLE!
Senhores,
as coisas não andam bem em relação a este problema que temos em nosso,
país! E para entender isso não é preciso mergulhar em nenhum estudo
longo e exaustivo, basta apenas analisarmos fatos, estes nos levam a um
perfeito e claro entendimento do que estamos vivendo. Então é importante
lembrar e aceitar que as coisas não estão sob controle e que já houve muito tempo para colocar a casa em ordem e esta não ficou!
Por
que o que deveria ser feito não o foi? E quanto tempo se teve para
perceber isso? E neste tempo que passou, o que levou a não perceber
isso? E se não foi percebido, por que isso aconteceu? São tantos “por
ques”, não é mesmo?
Estamos trabalhando em um projeto para amenizar isso, aliviar este fardo, pois sabemos do peso que ele tem.
Temos
consciência de que nosso tempo para atingir alguns objetivos não é
longo, pelo contrário, é curto demais, coisas estão acontecendo, isso é
fato e entendemos que ninguém discorde disso, certo?
Pois
bem, lembrando que em agosto/setembro de 2004, fazendo parte de um
documentário cinematográfico que participamos junto com a Discovery
Channel/Animal Planet, tivemos a ideia e iniciativa (pioneira) de levar o
primeiro e pequeno grupo de aves silvestres vítimas do tráfico (pouco
mais de trinta), oriundas do semiárido nordestino, apreendidas em São
Paulo e de São Paulo de volta à Bahia, 15 anos após o nascimento do
IBAMA em fevereiro de 1989 e 37 anos após o comércio e posse de animais
silvestres terem sido considerados crime através da Lei Federal nº 5197,
mais precisamente em 03 de janeiro de 1967.
Regressar
no tempo, talvez do ano de 2000 e caminhar até o ano de 2014, somente
no Estado de São Paulo, pode nos fornecer uma visão dos animais
silvestres que aqui foram apreendidos oriundos dos biomas de caatinga,
cerrado, pantanal e pampas e quantos destes regressaram às suas regiões
geográficas e biomas de origem. Certamente não encontraremos dados que
nos agradem.
Mas, vamos voltar a falar sobre o aliviamento de nosso fardo.
Pois
bem, para que existam iniciativas de ajudar o Poder Público a resolver
estes problemas, antes de qualquer coisa precisa haver o reconhecimento
de que a situação não anda nada bem, embora a história e fatos já
mostrem muito bem o que está ocorrendo, mas o reconhecimento, acreditem,
seria uma grande ajuda neste sentido, concordam?
Desta
maneira, para continuidade da elaboração do projeto, necessitamos de
que esta aceitação seja manifestada, o que não é um bicho de sete
cabeças e não precisa demorar anos, meses ou semanas para acontecer. Nem
mesmo custará nada. Basta apenas apresentar alguns dados.
Além
disso, em uma segunda etapa o projeto também será destinado ao auxílio
na manutenção de animais silvestres apreendidos, nas mãos do Poder
Público, no pós-apreensão. Pois neste campo as coisas também não
caminham bem, não é mesmo?
Acreditem, fazendo isso, vão mudar muitas coisas, fazer a diferença, aliviar fardos. A fila vai andar!
E para finalizar, expomos:
A. Lançamos
este diagnóstico e pedido, que será encaminhado a membros do Poder
Público com os quais temos contato e que lidam com o problema, em maior
ou menor intensidade;
B. Também
será encaminhado às pessoas que acompanham nossos trabalhos e o
problema nos últimos anos, bem como à possíveis colaboradores;
C. Nosso
tempo para inserção destas informações em projeto é extremamente curto,
não temos nenhum instante a perder e todos sabem o porquê disso;
D. Datamos
este documento para que haja um marco, para que informações contidas no
mesmo, no futuro, não sejam divulgadas como de outras autorias, embora
isso possa ocorrer. Duas coisas que perdemos quando guardamos são informação e afeto,
portanto guardar conhecimento não é algo que fazemos e nem queremos
fazer, mas a nós faz bem e nos ajuda quando há o reconhecimento, pois
este alimenta nossas almas e nos eleva, ajudando a caminhar.
Sem
mais para o momento, agradecemos a valorosa e dedicada atenção,
permanecendo nós, apoiadores e colaboradores desta ideia, prontos para
agir após o recebimento das informações.
São Paulo – SP, 29 de dezembro de 2014.
Marcelo Pavlenco Rocha
Presidente – SOS Fauna
Comentário
No atual nível de corrupção em que vivermos deixar os animais apreendidos sob o cuidado o Governo é querer que eles sejam vendidos.Um governo que não respeita gente vai ter a sensibilidade de amar e proteger os animais?Não me façam rir!
Anônimo
Comentário
No atual nível de corrupção em que vivermos deixar os animais apreendidos sob o cuidado o Governo é querer que eles sejam vendidos.Um governo que não respeita gente vai ter a sensibilidade de amar e proteger os animais?Não me façam rir!
Anônimo
Nenhum comentário:
Postar um comentário