quarta-feira, 29 de abril de 2015

Enquanto os políticos corruptos ficam milionários, compram aviões, carros de luxo, triplex no Guarujá e outras extravagâncias desnecessárias, nossa classe média tão sofrida corta no lazer.


Publicação: Quarta-feira, 29/04/2015 às 06:00:00

No aperto, cidadãos enxugam orçamento para o lazer

Pesquisa nacional reflete no DF. Gastos com bares e restaurantes, por exemplo, caíram 40%

 
Jurana Lopes
Especial para o Jornal de Brasília

O brasileiro tem sido mais econômico com gastos voltados para o lazer e itens supérfluos nos três primeiros meses de 2015.



Esse foi o resultado de um levantamento produzido pelo site de finanças pessoais GuiaBolso, que fez a pesquisa com base nos dados sobre despesas com lazer de mais de 12 mil usuários de todo o Brasil, que utilizam  o aplicativo de controle financeiro automático GuiaBolso, disponível nas versões para iOS e Android.


A análise mostrou que o setor mais relevante e com maior redução foi o de bares e restaurantes, que sofreu queda de 40%. A parcela desses gastos no salário diminuiu de 7,59% para 4,52%.  Cuidados pessoais, que inclui cabeleireiro e manicure, foi a categoria que teve a segunda maior queda,  de 37%, e também representa em média 8% dos gastos dos usuários.

Em terceiro lugar, aparecem gastos com cinema, teatro, clubes e academias. O valor por saída para lazer também diminuiu no período, com destaque para o gasto com bares e restaurantes, que passou de R$ 610 por mês, em média, para R$ 509 –  queda de 16,6%.

Calendário

O estudo defende que, como em janeiro as pessoas estão com mais dinheiro na conta, em função de 13° salário e de bônus recebidos em dezembro, os gastos não foram tão impactados. Mas, em fevereiro, houve queda, especialmente se for considerado o fato de que os custos com alimentação e bebida costumam aumentar no período de Carnaval.


“Em janeiro, as pessoas ainda tinham dinheiro e viagens marcadas desde o ano anterior. Por isso, não houve tanto impacto. Mas, a partir de março, houve uma forte redução com gastos não essenciais,   mais fáceis de cortar”, explica Benjamin Gleason, fundador e co-presidente do GuiaBolso.


Crise influencia comportamento
De acordo com o levantamento, o resultado de março foi decisivo para entender que a crise econômica está, de fato, influenciando o comportamento econômico do brasileiro. Alta dos preços e recessão refletiram em um corte significativo nos gastos não essenciais, que incluem cinema, teatro, bares, restaurantes, clubes, academias, cabeleireiro, manicure, viagens, entre outros.


“Esse resultado é um indicador de que essa crise pode permanecer durante todo o ano. Caso continue, é possível que os gastos com combustível e planos de saúde sejam reduzidos”, destaca Benjamin Gleason.


O fundador do GuiaBolso acredita que os brasileiros se tornaram mais responsáveis em relação às finanças e que o resultado do levantamento mostra essa preocupação.


“Está todo mundo tendo disciplina e trocando gastos caros com alguns mais baratos. As pessoas estão se planejando, evitando a inadimplência, pois estão com medo de ter dificuldades futuramente”, avalia.


Comércio sente cautela dos clientes
 Analisando os números da pesquisa, o economista Roberto Piscitelli destacou que o momento de crise do País obriga as pessoas a gastarem menos. “Houve um aumento da inflação e uma queda na oferta de empregos. Então, é natural que o cidadão haja com mais cautela, reduza os gastos e o consumo com coisas menos essenciais”, avalia.


Segundo Piscitelli, é importante planejar gastos e, se sobrar alguma quantia, ela deverá ficar reservada. “Se a pessoa quiser viajar, por exemplo, é essencial que ela se planeje com antecedência, pois conseguirá preços mais baixos. Além disso, se o intuito é economizar, é bom evitar sair em alta temporada ou períodos de festas. Pesquisar antes pacotes e passagens e escolher lugares mais baratos e mais fáceis de acesso fazem toda a diferença”, sugere o economista.

Bares e restaurantes

Segundo o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, a queda no ramo gira em torno dos 30% no DF (ante 40% apurado pelo estudo do GuiaBolso), o que tem causado preocupação. “O setor está muito preocupado porque, além de diminuir a frequência a bares e restaurantes, os consumidores têm reduzido os gastos.


Por causa da inflação, o prejuízo dos donos é duplo porque, além de segurar alguns preços sem reajuste, mesmo comprando produtos que estão mais caros, eles ainda sofrem com a diminuição da frequência de clientes”, explica.


O presidente do Sindhobar informou que a categoria pretende fazer eventos com preços mais acessíveis para chamar o público. Entre as ações pensadas estão festivais de culinária, cartões de fidelidade e promoções especiais.


A bancária Carine Campanini, 36 anos, faz parte do grupo de pessoas que reduziu a ida a bares e restaurantes. “Na medida do possível, tenho economizado com gastos supérfluos. Antes, eu ia mais vezes a restaurantes, mas, com essa crise econômica, tenho diminuído a frequência para não sentir o peso no bolso. Os preços aumentaram muito e isso faz diferença no fim das contas. Por isso, estou poupando para juntar uma reserva”, conta.

 Brasilienses cortam os supérfluos

Neia Dourado, proprietária de um salão de beleza no Cruzeiro, tem sentido na pele a contenção de gastos dos clientes. “Houve uma diminuição muito grande. As clientes estão aprendendo a fazer unha e cabelo para economizar. Antes, eu tinha clientes que vinham ao salão toda semana, agora vêm uma vez ao mês ou a cada 15 dias. Tive uma redução de 40% do início do ano até agora”, relata.

A estudante Raianne Martins, 25 anos, conta que frequentava o salão toda semana, mas, para economizar, vai duas vezes por mês. “A inflação está muito alta, tenho que cortar coisas que dá para ficar sem”, afirma.

Viagens
Fábio Sales, consultor de viagens de uma loja de turismo do Setor Hoteleiro Sul, informou que a procura por pacotes e passagens aéreas diminuiu no início do ano, mas que, em abril, a situação começou a normalizar.

“Houve uma queda de, eu diria, 40%. Porém, a procura começou a subir. As pessoas estão se programando para as férias de julho. Sem contar que existem mais ofertas de viagens nacionais para aumentar a procura”, explica.

 Segundo ele, a procura por viagens internacionais também diminuiu, principalmente, por causa da alta no dólar.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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