(Folha) Enfrentando uma crise política com o Congresso, a presidente Dilma
Rousseff não conseguiu encontrar entre seus aliados, mais de cem dias
depois de sua posse, um nome para ocupar a liderança do governo no
Senado. O cargo é considerado estratégico porque cabe ao líder do governo
defender os interesses do Planalto na Casa --hoje comandada por Renan
Calheiros (PMDB-AL), que tem enviado recados e feito sucessivas ameaças
de retaliação à petista.
A intenção de Dilma é nomear um peemedebista para tentar conter a
rebelião do partido contra o Planalto. O problema: ainda não surgiu
nenhum nome alinhado à presidente e capaz
de pacificar a relação com o seu principal aliado no Congresso.
Recentemente, ganhou força o nome de Jader Barbalho (PMDB-PA) (foto),
mas o
Planalto teme reações. Ele renunciou ao mandato em 2001 e foi preso no
ano seguinte acusado de desviar recursos. Também é considerado um
parlamentar ausente, com atuação maior nos bastidores.
Conhecido como "eterno líder do governo" no Senado, Romero Jucá
(PMDB-RR) tem o perfil considerado "ideal" pelos colegas, mas rejeita a
ideia de defender o Planalto e tampouco tem o seu apoio. O peemedebista, que foi líder do governo da petista em seu primeiro
mandato, declarou voto em Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014 e se tornou
crítico ao Executivo.
Em 2012, Dilma tirou Jucá do cargo para cedê-lo a Eduardo Braga
(PMDB-AM), atual ministro de Minas e Energia. Desde que Braga deixou o
Senado para ocupar a pasta, a liderança está vaga. O líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), também foi sondado, mas prefere
não acumular as duas funções para não desagradar o partido. Com a transferência da coordenação política do governo para o vice
Michel Temer, presidente do PMDB, aliados esperam que a situação seja
solucionada.
INSATISFAÇÃO
A irritação de Renan com o Planalto começou depois que o nome do senador
foi incluído entre os dos políticos investigados pelo STF (Supremo
Tribunal Federal) na Operação Lava Jato. O presidente do Senado também não digeriu a troca de seu afilhado
político, Vinícius Lages, pelo ex-presidente da Câmara Henrique Alves no
Ministério do Turismo, e acusa o governo de fragilidade em sua
articulação com o Legislativo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário