O Brasil estava
precisando de um juiz com Sérgio Moro. No meio dessa podridão que
atinge os três poderes da República, que decididamente não atendem aos
interesses nacionais, mas exclusivamente aos interesses de seus
dirigentes, o surgimento de um magistrado de tamanha envergadura precisa
ser saudado como um dos fatos mais importantes das últimas décadas.
Aos 43 anos,
casado, dois filhos, o magistrado não tem carro oficial e dirige um Fiat
Idea de vários anos atrás. Sua simplicidade contrasta com a
impressionante trajetória profissional.
Aos 23 anos, quando se formou em Direito, Sérgio Fernando Moro já tinha outra carreira vitoriosa – era professor de Geografia da Universidade Estadual de Maringá. Mas em 1996, aos 24 anos, passou no concurso e se tornou juiz federal.
Aos 23 anos, quando se formou em Direito, Sérgio Fernando Moro já tinha outra carreira vitoriosa – era professor de Geografia da Universidade Estadual de Maringá. Mas em 1996, aos 24 anos, passou no concurso e se tornou juiz federal.
Com apenas 26
anos, em 1998, cursou o programa para instrução de advogados da Harvard
Law School e participou de programas de estudos sobre lavagem de
dinheiro promovidos pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos. É
Mestre e Doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná, e
atualmente é juiz titular da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba e
professor de Processo Penal na UFPR.
UM ÍDOLO NACIONAL
Antes da
Operação Lava Jato, Moro já havia conduzido o caso Banestado, que
resultou na condenação de 97 pessoas, e atuara na Operação Farol da
Colina, em que decretou a prisão temporária de 103 suspeitos de evasão
de divisas, sonegação, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro –
entre eles, o doleiro Alberto Youssef.
Com a projeção
conseguida na Lava Jato, o juiz que não concede entrevistas e só fala
nos autos, como se diz em linguagem jurídica, rapidamente se transformou
num ídolo nacional e chegou a ser indicado pela Associação dos Juízes
Federais do Brasil para concorrer à vaga deixada por Joaquim Barbosa no
Supremo Tribunal Federal, mas foi apenas uma ilusão pensar que uma
governanta como Dilma Rousseff pudesse ter a grandeza de nomear um
magistrado de tamanho nível e independência.
Em 2014, foi
escolhido o “Brasileiro do Ano” pela IstoÉ e um dos cem mais influentes
do Brasil pela revista Época. No Prêmio “Faz Diferença” do jornal O
Globo, foi eleito a “Personalidade do Ano” de 2014 por seu trabalho na
operação da Lava Jato, conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério
Público Federal.
NINGUÉM O CONTESTA
Apesar da
enorme influência dos políticos e empresários investigados na Lava Jato,
praticamente todas as decisões do juiz Moro têm sido mantidas nas
demais instâncias. O relator no Supremo, Teori Zavascki, chegou a
derrubar uma das decisões dele e libertou o ex-diretor da Petrobras
Renato Duque, mas depois teve de voltar atrás.
Somente agora a
Segunda Câmara do Supremo, “reforçada” pelo ministro Dias Toffoli,
revogou a prisão preventiva de vários empresários, mas os manteve em
prisão domiciliar, usando tornozeleiras, numa decisão bizarra e
inteiramente à margem da lei que regula a matéria, vejam a que ponto
caiu o saber jurídico dos integrantes da nossa máxima corte.
É o juiz Moro quem vai julgar todos os ex-parlamentares e ex-governadores envolvidos, assim como os dirigentes das empresas, os funcionários da Petrobras e o resto da quadrilha, na qual poderá ser incluído o próprio Lula, além de outras destacadas personalidades, como os ex-ministros Dirceu, Palocci e Cia. Ltda.
LAVANDO A ALMA
Sem a menor
dúvida, o juiz Moro e os procuradores da República, delegados e agentes
federais da Operação Lava Jato estão fazendo um bem enorme a este país,
ajudando a levantar a alto estima dos brasileiros, que não acreditavam
mais em nada.
Agora, não.
Ainda resta uma esperança de que o Judiciário brasileiro possa se
recuperar. Para que isso ocorra, porém, os magistrados terão de
trabalhar incansavelmente, no mesmo ritmo da força-tarefa da Lava Jato,
fazendo com que os julgamentos ocorram a tempo e a hora, evitando que os
processo se prolonguem indefinidamente e os crimes prescrevam, com
sempre ocorre, em benefício de figuras execráveis como Jader Barbalho e
Luiz Estevão, só para citar alguns desses criminosos privilegiados.
Se a Justiça
funcionar, todo o resto funcionará, haverá muito menos corrupção e
desvio de recursos, consequentemente sobrará verbas para educação, saúde
e outras necessidades básicas que hoje são negadas a milhões de
brasileiros. Por isso, é tão importante o exemplo que está sendo dado
por este grupo de jovens da força-tarefa. Se o resto da Justiça seguir
na mesma levada, podem ter certeza rapidamente que nós faremos que isto
aqui se transforme num país de verdade.
15 de maio de 2015
Carlos Newton
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