Inserido por: Administrador em 15/05/2015.
Fonte da notícia: Egon Heck - Secretariado Nacional do Cimi
Mais um dia amanhece. Sobre a cabeça de quase um
milhão de habitantes primeiros, nativos deste país Brasil, um novo
decreto de morte. Ou melhor, covardemente se formula um novo e desavergonhado projeto de
lei – PL 1216/2015 para garantir uma cova única para todos os indígenas
do país. É o equivalente ao que os Guarani-Kaiowá e outros povos
disseram ao serem ameaçados de expulsão de seus territórios “ordenem a
morte de todos. Cavem valas comuns e enterrem a todos nós”.
Tudo de pior que já se formulou contra os povos indígenas está contido nestes
28 artigos e parágrafos deste PL. Infâmia, diriam os menos exaltados.
Blasfêmia contra Deus e contra a vida, diriam os mais religiosos.
Absurdo inominável, diriam os mais sensíveis às causas sociais. Decreto
de morte, Y Juca Pirama, o índio, aquele que deve morrer, clamariam as
hostes anti-indígenas em suas trincheiras de covardia.
A simples formulação e apresentação deste projeto de
lei envergonha o país e o parlamento, cujos membros deveriam representar
os direitos do povo brasileiro, desde seus primeiros habitantes até o cidadão dos mais recônditos espaços do país.
Como brasileiro nascido no Rio Grande do Sul,
sinto-me vilipendiado por uma proposta dessa natureza. Jamais poderia
imaginar que da terra de Sepé Tiaraju e milhares de mortos na resistência, pudessem surgir bombas tão mortíferas.
Os decretos de morte não passarão, não irão se
sobrepor às forças da vida de mais de 300 povos indígenas deste país.
Que Tupã e todas as forças guerreiras, dos nhanderu, dos encantados e
todos os que acreditam e lutam pela justiça, possam impedir mais essa
investida contra os povos indígenas.
Dourados, 15 de maio de 2015
Egon Heck
Cimi, Secretariado Nacional
Foto: Laila Menezes / Criança Guarani-Kaiowá – Aldeia Cerro’í.
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