terça-feira, 19 de maio de 2015

Para Moro, os políticos devem ser investigados como se fossem traficantes de drogas:Follow the money!

Gravações sobre Pasadena podiam liquidar a presidente Dilma

Carlos Newton
Ao dar uma aula sobre lavagem de dinheiro na Escola da Magistratura Federal do Paraná, o juiz federal Sérgio Moro, que é professor de Processo Penal, afirmou que os políticos devem ser investigados como se fossem traficantes de drogas: é preciso seguir o velho conselho norte-americano, se quiser chegar ao líder (“Follow the money“, ou “Siga o dinheiro”), porque raramente o chefe da quadrilha está diretamente envolvidos nos atos criminais mais básicos, pois ele é o último beneficiário da atividade criminosa.


A Operação Lava Jato, se realmente for passar a Petrobras a limpo, tem de se aprofundar em determinados setores que ainda estão fora das investigações. O ex-diretor Paulo Roberto Costa, por exemplo, já recomendou que a força-tarefa não deixe de apurar a corrupção na importante área de Produção e Extração.


Na verdade, tudo na Petrobras é gigantesco e as atividades são medidas em bilhões de reais. A corrupção sempre existiu, a novidade na Era do PT foi sua amplificação de forma institucionalizada, com o governo passando a cobrar percentuais fixos, algo realmente inimaginável por sua ousadia e desfaçatez.


CANAIS DE CORRUPÇÃO
Sem a menor dúvida, há determinadas políticas adotadas pela Petrobras que não têm a menor justificativa técnica ou financeira para serem mantidas. Continuam sendo praticadas exclusivamente porque se tornaram canais permanentes de corrupção, mas até agora não foram submetidas a investigação pela força-tarefa da Lava Jato.


É o caso do perfil das refinarias brasileiras, que não conseguem processar o óleo extraído no país. Como se sabe, quase todo o petróleo brasileiro é do tipo pesado. Para serem refinados aqui, precisam ser misturados a óleo leve, mais caro, que a Petrobras precisa exportar.


Como explicar que há décadas o Brasil tenha se tornado um grande produtor de petróleo, desenvolvendo avançada tecnologia própria, mas até hoje não consiga refinar o petróleo aqui extraído? Ninguém explica por que todas as onze refinarias em funcionamento, inclusive as mais modernas, foram projetadas para refinar óleos leves, que o Brasil pouco produz.


A estranha solução, que custa muito caro, tem sido exportar o excedente de óleo pesado e importar óleos mais leves e mais adequados ao perfil de produção de nossas refinarias. Esse processo, por óbvio, gera fenomenal perda de receitas, pois o petróleo pesado brasileiro é vendido a preço médio muito inferior ao dos óleos leves que a Petrobras importa.



PASADENA
A refinaria de Pasadena foi comprada sob argumento de que serviria para refinar o óleo pesado brasileiro, o que era uma conversa fiada. Já se passaram quase 10 anos e a unidade americana ainda não processou um só barril de petróleo pesado, e nem poderia, pois só processa óleo leve.


Se seguirmos o dinheiro, como recomenda o juiz Sérgio Moro, vamos constatar que essa importação de petróleo leve é a mais antiga fonte de corrupção da Petrobras. Foi por meio dessas importações que o advogado Shigeaki Ueki, ex-presidente da Petrobras e ex-ministro de Minas e Energia no governo Geisel, ficou bilionário de uma hora para outra.


Quando o regime militar acabou, o corrupto Ueki já estava estabelecido no Texas, onde tem mais terra, mais gado e mais poços de petróleo do que a família Bush, vejam como o Brasil se apresenta como um país de oportunidades para quem quer enriquecer aqui e levar a fortuna para o exterior.


SEM GRAVAÇÕES
Foi por causa de grandes negócios como a compra de Pasadena que a direção da Petrobras mandou jogar no lixo os CDs das importantíssimas gravações do Conselho Administrativo, que não ocupavam espaço e podiam ser guardados numa caixa de sapatos.


Agora não se pode mais saber como a gerentona Dilma Rousseff se posicionou a respeito dessa inacreditável negociata, que mostra a que ponto chegou a corrupção na Petrobras. Em qualquer país minimamente civilizado, os responsáveis por um escândalo desse tipo teriam saído algemados da sede da empresa, em plena luz do dia.

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