O ritmo das dispensas surpreendeu e levou a forte aumento do número de desempregados – que representavam 10,5% da PEA (da População Economicamente Ativa, ou seja, o total de pessoas no mercado de trabalho, empregadas ou em busca de colocação) em março e passaram a 12,1% no mês passado. “A elevação do desemprego costuma ser típica no período, mas a intensidade foi atípica”, disse o economista Thomaz Jensen, que é técnico da subseção do Dieese no Sindicato do Químicos do ABC.
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A PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), que se baseia em entrevistas domiciliares com moradores das sete cidades e inclui não só trabalhadores com registro em carteira, mas também informais e autônomos, aponta que, entre os setores, o principal responsável pelo fechamento de vagas no mês foi o ramo de serviços (eliminou 22 mil postos, ou 3,3% do contingente de 663 mil em março).
No segmento, o destaque foi a área que agrupa empresas de informação, atividades financeiras, imobiliárias e seguros, com redução de 13,8%. Na avaliação do economista do Dieese, isso ocorre porque muitas atividades desse segmento estão conectadas à atividade industrial ou têm forte relação com o cenário de alta dos juros e insegurança do consumidor para entrar em financiamentos.
O presidente eleito do Sindicato dos Bancários do ABC, Belmiro Moreira, confirma que a categoria na região tem encolhido neste ano, embora não possua números. “Os bancos estão contratando menos e demitindo mais, apesar de terem lucros absurdos”, afirmou.
Ao mesmo tempo, o comércio fechou outras 2.000 vagas no mês, e a indústria, por essa pesquisa, gerou 1.000 postos. Isso difere dos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que apontaram retração de 2.139 empregos no setor em abril no Grande ABC.
Esse levantamento, que usa informações passadas pelas empresas ao Ministério do Trabalho e Emprego, se refere apenas ao trabalho formal, com carteira registrada. Além disso, suspensões de contratos profissionais (lay-off) entram como demissão na base de dados do Caged. É preciso ressaltar também que, de acordo com a PED, na comparação anual, o setor industrial segue como o que mais eliminou empregos: as fábricas reduziram 29 mil vagas nos últimos 12 meses.
PERSPECTIVAS - Jensen avalia que, em meio ao cenário econômico desfavorável, a perspectiva é de continuidade da tendência de piora no indicador do desemprego nos próximos três meses. “Estamos na expectativa de que seja aprovado o PPE (Programa de Proteção ao Emprego – proposta do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC encampada pelas centrais sindicais e que prevê redução da jornada com diminuição de salário, por até dois anos), que poderia atenuar o aumento da taxa de desemprego”, disse.
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