quinta-feira, 9 de julho de 2015

A corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Prefeitão Haddad capricha na ciclovia dos ricos e abandona a dos pobres

9 de julho de 2015


folhapress
Fotos: Luiz Carlos Murauskas (no alto) e Eduardo Anizelli (abaixo) – Folhapress


Há muito se fala, em tom de piada tragicômica, sobre o fato de que cicloativistas são quase todos de classe média alta. O pobre que anda de bike porque precisa, não por ideologia ou algo assim, não faz parte desses grupos – ele apenas anda de bike, mesmo, e nunca são bicicletas caríssimas e importadas.

Parece que a gestão Haddad endossa o que seria talvez piada, transformando em fato lamentável. Confiram trechos da reportagem de Artur Rodrigues, na Folha:

“Na avenida Paulista, um tapete vermelho. Na avenida Bento Guelfi, no extremo leste de São Paulo, lama. A comparação simboliza tratamentos diferentes da gestão Fernando Haddad (PT) às ciclovias na capital paulista. Nos principais bairros centrais e de classe média, há resistência de moradores e comerciantes, mas as pistas para bicicletas contam, em geral, com asfalto e sinalização em condições razoáveis. Já nos extremos da cidade a manutenção foi deixada de lado –e as ciclovias estão tomadas por sujeira, buracos, enchente, falta de sinalização, iluminação e fiscalização. (…)


Na avenida Bento Guelfi, no bairro do Iguatemi (zona leste), além de apagada, a ciclovia é invadida por barro. “Olha que fizeram este ano e já ficou desse jeito“, diz José Batista, 60, borracheiro. Ele reclama que a ciclovia sai do centro da via e muda em direção ao canteiro central justo em frente ao seu estabelecimento, onde ele costumava trocar os pneus dos carros. (…)


Vê se dá pra andar aí“, diz Oliveira, apontando para os buracos. “Para a gente, seria bom uma ciclovia na estrada do Campo Limpo, onde os ônibus passam tirando fina de quem pedala”, afirma. A crítica é parecida em outras áreas, com ciclovias que seguem pelo miolo dos bairros e acabam antes dos grandes corredores viários. (…)


Na Vila Prudente, há problemas de drenagem e no asfaltamento. Na rua Professor Gustavo Pires de Andrade, a tinta foi passada sobre um trecho de paralelepípedos, causando desnível na pista. Em Sapopemba, a falta de ciclovias é motivo de queixa. “Fui atropelado por um carro que entrava num posto. Nos trechos com ciclovia, não corro esse risco“, disse Everton Barbosa, 21, metalúrgico que sofreu ferimentos leves e pedala até a Vila Prudente diariamente para economizar.” (grifos nossos)


A reportagem é detalhada, com entrevistas e fotos (a imagem deste post ilustra a capa de hoje do jornal). É um retrato de como funciona a gestão Haddad. O prefeitão prioriza marketing, maquiagem e bairros nobres ou centrais. O povo da periferia não faz parte da “galera”.


Por isso só mesmo o pessoal igualmente de classe-média, militante de redes sociais, não entende o porquê da popularidade de Fernando Haddad ser tão baixa. E não se conformam que ele será chutado da prefeitura no ano que vem. 



Pois melhor que se acostumem com isso. E já vai tarde.

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