Com discurso de esgoto, a presidente golpista tira oposição do estado de hipnose
Ceticismo Político
Ceticismo e dinâmica social na investigação da religião política
Entre 26 de outubro 2014 e 07 de julho de
2015 praticamente toda a oposição parecia estar sob hipnose. Antes de
qualquer coisa, é bom deixar algo claro: por oposição, me refiro a
pessoas de direita, de centro e de esquerda moderada. Todos aqueles que se
opõem ao projeto do PT.
Mas no que constitui essa hipnose?
Acontecia que a cada vez que os petistas lançavam os comandos “golpe” e
“golpista”, a oposição não conseguia ter reações de qualquer tipo. Isto
nos levou a um cenário bizarro e indesculpável: mesmo que o Partido
Totalitário dê golpes à medida que respiram, usam o termo “golpista”, em
direção aos seus oponentes, em quantidade maior do que seus oponentes
usam a mesma terminologia contra eles. Seria como se tivéssemos dado aos
estupradores o direito moral de acusarem pessoas inocentes de “estupro”
para que os bandidos pudessem imputar seus crimes nos outros. E tudo
com nossa inação.
E antes que alguns direitistas digam:
“Ah, mas são tucanos”. Desculpem-me por falar a verdade: na direita, em
geral (especialmente aquela que transita nas redes sociais), o uso do
termo “golpista” (para se referir ao Partido Totalitário) é raríssimo.
Enfim, o fenômeno existe (e não é “coisa de tucanos”), é indesculpável e
precisa ser estudado no futuro, no âmbito da ciência política. Vamos
seguir com a hipótese de hipnose.
Seja lá como for, Dilma deu o “estalo”,
provavelmente sem querer, e despertou a oposição deste estado hipnótico
ao usar um discurso do mesmo nível que se usa no esgoto. Ela apelou e
usou os mesmos frames de baixo nível utilizados pela BLOSTA (blogosfera
estatal). Não foi uma boa estratégia, haja vista que o discurso
apelativo, a ser depois reproduzido pelos militantes, é um serviço dos
blogs estatais. Não é um recurso para ser usado pela presidente. Mas ela
usou.
Eis que adveio um milagre, com Aécio
Neves falando que o PT adotou um “discurso golpista” ao tentar
desqualificar qualquer ferramenta constitucional para fiscalizar a
presidente Dilma Rousseff. Ufa, aí já é um alívio. E não foi só ele. O
deputado tucano Daniel Coelho fez um comentário que seria impensável há
uma semana atrás (ou seja, antes de Dilma estalar os dedos):
Enfim, agora está nas nossas mãos. O
“encantamento” passou. Cabe a nós assumirmos a obrigação moral de usar o
termo “golpista”, contra o PT, em quantidade maior do que eles usarem
contra todo e qualquer participante da oposição.
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