quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Acobertando bandidos?

Os alvos de Cunha



Renan Calheiros apostou que Cunha cairia atirando. Lauro Jardim, em O Globo, aos poucos mostra os alvos do presidente da Câmara.

Há duas semanas, revelou que um deles seria Chico Alencar, por suposta fraude em documentos nas contas da campanha de 2014. Agora, Jardim aponta Júlio Delgado, membro do Conselho de Ética, contra quem Cunha estaria buscando "esqueletos no armário".

Também nessa tarde, Sílvio Costa, um dos mais barulhentos adversários de Cunha, foi punido pela Câmara com uma "censura escrita" por ter afirmado que o presidente da casa estava "acobertando bandido". Mas se trata de uma penalidade simbólica que pouco sujará a ficha do parlamentar.


Até Cunha puxar o gatilho, tudo não terá passado de mais um dos muitos blefes do presidente da Câmara.


Presidente da Câmara indica que pode revogar rito do processo

Em um café da manhã ontem com deputados de oposição, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sugeriu que pode revogar hoje sua decisão sobre questão de ordem que estabeleceu o roteiro para um eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff antes de uma avaliação final do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto. Até então, Cunha tinha fixado o prazo de 15 de novembro para divulgar sua decisão.

O objetivo dessa antecipação é acabar com qualquer dúvida jurídica sobre a forma como a Câmara deve analisar novos pedidos de afastamento de Dilma e abrir caminho para a abertura do processo. No dia 13 de outubro, os ministros do STF Teori Zavascki e Rosa Weber concederam liminares proibindo a análise de requerimentos de impeachment sob as regras definidas por Cunha a partir da questão de ordem apresentada pelo DEM.

Num primeiro momento, o presidente da Câmara optou por apresentar ao Supremo uma defesa jurídica da decisão sobre o rito do impeachment. Na semana passada, em entrevista ao Estado, disse que não gostaria de analisar nenhum pedido de impeachment antes da análise das liminares de Teori e Rosa pelos 11 ministros no plenário da Corte.


Cunha já havia comentado com aliados a possibilidade de revogar a questão de ordem.


Porém, ao ser estimulado por setores da oposição e também por movimentos sociais que pedem a saída de Dilma, o presidente da Câmara passou a reavaliar sua estratégia.

"Ele nos disse que vai acabar com a questão de ordem e fazer o que o Supremo quer", disse um parlamentar presente ao café da manhã com o presidente da Câmara. Questionado pela reportagem, Cunha afirmou que não havia tomado decisão sobre o assunto.


Relação. Nas últimas semanas, sobretudo depois que as investigações da Procuradoria-Geral da República avançaram sobre Cunha, setores do governo passaram a cortejá-lo. Ele receberia apoio para permanecer no cargo e, em troca, não daria sequência aos pedidos de impeachment que recebeu na Câmara.


Cunha sempre rechaçou ter feito qualquer acordo com o governo. Ele, no entanto, admitiu que sua relação com o Palácio do Planalto melhorou depois que o ministro Jaques Wagner foi transferido do Ministério da Defesa para a Casa Civil. Os dois têm conversado com frequência. O presidente da Câmara também chegou a ter uma reunião reservada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na qual falaram "sobre política".

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