quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Cunha, o Senhor dos Anéis, prolonga a novela do impeachment



Carlos Newton

O artista plástico e animador cultural norte-americano Andy Warhol foi o maior destaque da pop art mundial nos anos 60. Ao comentar com jornalistas suas pinturas baseadas em acidentes automobilísticos, ele previu a expansão da mídia e disse que “um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama”. Daí surgiu a expressão “celebridade instantânea”, que hoje denomina uma pessoa anônima que ganha notoriedade de maneira repentina. No Brasil dos dias de hoje, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é o maior exemplo desse fenômeno social. Era desconhecido do grande público nacional até chegar à liderança do PMDB na Câmara, no ano passado. Depois, rapidamente se notabilizou ao desafiar o governo, lançar-se candidato independente à presidência da Câmara e alcançar uma vitória consagradora.

O sucesso rapidamente subiu-lhe à cabeça e ele passou a sonhar com a presidência da República. Mas o problema é que, ao mesmo tempo em que conquistava aliados na Câmara, Cunha passou a colecionar inimigos de alto poder de fogo, dentro e fora do Palácio do Planalto.

Teve seus 15 minutos de fama, conseguiu expandi-los por tempo indeterminado, mas agora sabe que seu prazo de validade está quase vencendo e termina em abril, quando deverá sofrer cassação do mandato . Mesmo assim, tenta se manter na crista da onda e por enquanto ainda é o senhor dos anéis da República, porque a sorte da presidente Dilma Rousseff hoje depende exclusivamente dele.

UM TREMENDO SUSPENSE
A situação é peculiar, porque Dilma fatalmente cairá, caso Cunha aceite a abertura de processo contra ela, e já existe parecer favorável da Assessoria Jurídica da Câmara para dois pedidos – um deles apresentado pelo advogado Luís Carlos Crema e o outro pelos  juristas Helio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal.

É um suspense de matar o Hitchcock, como dizia o genial publicitário Miguel Gustavo, meu vizinho no Edifício Zacatecas. Cunha joga suas derradeiras fichas e mandou seus aliados vazarem para a mídia que vai liberar o impeachment caso o procurador-geral da República requeira o afastamento dele da presidência da Câmara. Com isso, Cunha está testando até que ponto a presidente Dilma Rousseff ainda tem influência sobre Janot, depois de tê-lo reconduzido ao cargo.

ANUNCIOU, MAS NÃO CONCRETIZOU
Bem, o fato é que Janot anunciou que ia pedir o afastamento de Cunha, mas ainda não concretizou a intenção. Pode ser que realmente peça o afastamento do presidente da Câmara, que é declaradamente seu arqui-inimigo. Mas a sustentação é frágil, porque Cunha está submetido a inquérito, mas tecnicamente ainda nem consta como réu. Existem provas contundentes e arrasadoras, mas nada está provado contra ele, porque ainda não foi a julgamento e continua em vigor nas democracias o princípio jurídico da presunção da inocência, vejam como a Justiça tem brechas.

Com isso, a novela do impeachment de Dilma Rousseff, que se confunde com a trama da cassação de Eduardo Cunha, ganha novos capítulos e se arrasta, enquanto a economia do país se derrete, a arrecadação despenca, o rombo nas contas públicas aumenta, a dívida pública caminha para o descontrole e não há novos investimentos.

FALSO AJUSTE, FALSO CURRICULO
Nesse caminho para o caos, fica cada vez mais evidente que na economia brasileira só existe uma realidade realmente palpável e indiscutível – a equipe econômica não sabe fazer contas. A cada dia é divulgado um número diferente do rombo nas contas públicas, mostrando que Joaquim Levy não é nem jamais foi o economista brilhante endeusado na época da nomeação, e seu companheiro Nelson Barbosa não faz por menos, destacando-se apenas por ser obediente às ordens da presidente Dilma Rousseff, que conduz a economia com uma mão de ferro já completamente oxidada.

Como se sabe, dona Dilma nada entende de economia. Simulou ter mestrado e doutorado em Ciências Econômicas na Universidade de Campinas, mas era tudo mentira. Na semana passada o jornalista José Nêumane Pinto revelou no Estadão que ela nem fez Faculdade de Economia, mas de Ciências Sociais, e agora ficamos na dúvida se ele se referia a Sociologia ou Assistência Social.

O site de Dilma e suas biografias “oficiais” dizem que ela teria se graduado em Ciências Econômicas. Na dúvida, o comentarista Antonio Carlos Fallavena já pediu explicações à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde Dilma alega ter se formado em 1977. Mas até agora Fallavena ainda não recebeu resposta da mais importante instituição gaúcha de ensino. Vamos aguardar.

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