quinta-feira, 29 de outubro de 2015

PT pede investigação de contas da campanha de Aécio no TSE


PSDB

No documento, o PT sustenta que há irregularidades em 78% (2.397) dos recibos eleitorais apresentados pelo partido à Justiça Eleitoral


De acordo com o PT, ocorre que o contador responsável pelas contas de Aécio Neves é Anderson Oriovaldo Ercolin, que consta na Junta Comercial de São Paulo como vice-presidente e diretor da cooperativa




O PT entrou com representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e no Ministério Público Eleitoral pedindo a investigação de irregularidades que apontam na prestação de contas do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na disputa eleitoral pela presidência da República em 2014.
No documento, o PT sustenta que há irregularidades em 78% (2.397) dos recibos eleitorais apresentados pelo partido à Justiça Eleitoral, além do uso de empresas com atuação suspeita e irregularidade na contratação de servidores.


Segundo o coordenador jurídico da campanha de Dilma Rousseff, Flávio Caetano, as irregularidades justificam o pedido de investigação e a desaprovação das contas, o que poderia, se confirmado pelo tribunal, deixar o tucano inelegível futuramente.


O PT sustenta que a contabilidade traz lançamentos de receitas não localizadas no extrato bancário, uso indevido de recursos do Fundo Partidário, gastos efetuados antes da abertura de contas bancárias do candidato, despesas não contabilizadas, empresas que existiram apenas no período eleitoral e contratação irregular de funcionários.


O partido cita ainda utilização indevida de servidores de ocupantes de cargos públicos no gabinete do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), candidato a vice de Aécio, que trabalharam na campanha presidencial.


As contas do tucano ainda não foram julgadas pelo TSE. Em 10 de julho de 2015, o órgão técnico do tribunal (ASEPA) solicitou esclarecimentos e complementação de documentos a Aécio. O PSDB prestou esclarecimentos.


A ação petista é uma resposta à movimentação do PSDB que ingressou com quatro ações na Justiça Eleitoral que podem levar a cassação da presidente Dilma Rousseff e do vice, Michel Temer. A defesa de Dilma avalia que a medida além de desgastar Aécio pode ter um efeito prático de dificultar que participe de uma nova eleição, caso fique comprovada a irregularidade no balanço.


O PT pede que a análise dos erros dos 78% dos recibos eleitorais tenha a participação de técnicos da Receita Federal, do Tribunal de Contas da União e do Conselho Federal de Contabilidade. O mesmo foi feito na análise das contas da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.


Os petistas apontam que entre as irregularidades identificadas estão um depósito em dinheiro de R$ 1,2 milhão, efetuado pelo Comitê Financeiro Nacional (em 19 de novembro de 2014) e que tem como beneficiário o próprio comitê.


O montante não está registrado nas planilhas entregues ao TSE, um indício de que o candidato mantinha em espécie valores superiores ao permitido pela legislação eleitoral.


No mesmo dia 19 de novembro, e com o mesmo número de lançamento (1012127), há um depósito realizado pelo Sr. Tasso Jereissati (PSDB-CE), senador eleito em 2014, no valor de R$ 1,2 milhão, via transferência eletrônica. A transação indica a ocorrência de omissão de informação juridicamente relevante (art. 299 do Código Penal), o que, em tese, pode ensejar crime de falsidade ideológica.


Também se destaca a contratação da Multi Service Cooperativa de Trabalho de Infraestrutura Empresarial, que recebeu R$ 2.044.504,71 do Comitê Financeiro Nacional do PSDB.


A cooperativa é ligada ao Governo do Estado de São Paulo e, conforme notícias publicadas na imprensa, forneceu militantes para atividades de campanhas tucanas.


De acordo com o PT, ocorre que o contador responsável pelas contas de Aécio Neves é Anderson Oriovaldo Ercolin, que consta na Junta Comercial de São Paulo como vice-presidente e diretor da cooperativa.


Além disso, a cooperativa é alvo de reclamação trabalhista em que figura como responsável solidário o Diretório Municipal do PSDB de São Paulo, por contratação de funcionários para campanhas via cooperativa, o que configura, em tese, fraude à legislação trabalhista.
Procurado pela reportagem, o PSDB ainda não se manifestou.

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