O número de casos de bebês nascidos com microcefalia alcançou a marca
de 739, impressionando até mesmo os técnicos do próprio Ministério da
Saúde. A microcefalia, que é uma má-formação no cérebro, ganhou níveis
epidêmicos nos últimos três meses. Há duas semanas, diante do aumento de
casos, foi decretado estado de emergência sanitária nacional.
A maior suspeita é a de que os números, até então nunca vistos em
nenhum país do mundo, são resultado da infecção da mãe durante a
gestação pelo Zika vírus.
Rivaldo Cunha, pesquisador da Fiocruz, acredita que até o fim de 2015
chegaremos com cerca de 2 mil casos da doença. “Estamos diante de uma
tríplice epidemia”, declarou, em referência à Chikungunya e à dengue,
doenças que têm em comum com a Zika o transmissor: o mosquito Aedes
aegypti e que também avançam no País.
Os indicadores de dengue bateram recorde neste ano, tanto em
notificações de infecções quanto de mortes. Números indicam que a
Chikungunya, que chegou em 2014 no Brasil e permaneceu nos primeiros
meses concentrada em um pequeno número de cidades também avança pelo
Brasil.
No ano passado, a infecção foi identificada em 3.657 pessoas,
residentes em oito cidades. Agora, o número de casos suspeitos
ultrapassada 8 mil e estão espalhados em pelo menos 44 municípios nos
Estados do Amazonas, Amapá, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Mato Grosso do
Sul, Piauí, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Somente em
Pernambuco, foram notificados 785 casos suspeitos de Chikungunya.
Apesar de o risco de morte seja menor, a doença pode atingir as
articulações, tornar-se crônica e deixar o paciente por meses
impossibilitado de executar tarefas simples, como vestir-se ou se
alimentar.
Além da forte suspeita de provocar microcefalia nos bebês
(má-formação que de acordo com níveis pode levar a ter deficiência
mental, motora, problemas de audição e visão), há investigações sobre o
risco de a Zika provocar em parte de pacientes uma doença autoimune, que
provoca paralisia, a Guillaim-Barré. Há registros de casos no Brasil,
nos estados da Bahia e de Pernambuco.
Os pacientes geralmente desenvolvem o problema semanas depois da fase
aguda da infecção por zika. O tratamento exige internação e necessita
um longo período, até a completa reabilitação.
Diante dessa situação, o governo reativou um Grupo Especial, que
entrou pela primeira vez em ação durante a Pandemia da Gripe A. São 17
ministérios, que devem atuar para de forma coordenada para tentar
combater o mosquito Aedes aegypti.
Na semana passada, secretários estaduais de saúde propuseram a
criação de um Fundo Nacional, para que recursos sejam aplicados de forma
exclusiva para o combate às arboviroses. Somente na Bahia, até meados
deste mês foram notificados 62.635 casos suspeitos de Zika, 19.231 casos
suspeitos de Chikungunya e 49.592 casos prováveis de dengue.
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