O
líder do Democratas no Senado, Ronaldo Caiado, afirmou em artigo
publicado neste sábado (19/12) pela Folha de S. Paulo que a crise
política no Brasil está alastrada e atinge diretamente o Congresso,
comprometendo com isso o funcionamento da Casa. Na oponião do democrata,
a resposta adequada ao problema seria o afastamento de políticos
envolvidos nos escândalos como forma de preservar o bom funcionamento do
Congresso.
“Como
médico, sei que um paciente que segue em quadro agudo, apesar de todos
os remédios ministrados, precisa mudar o tratamento ou quem o ministra.
Em nosso caso, as duas opções. As medidas adotadas sem critério para
enfrentar as crises política e econômica têm impacto nulo porque não há
credibilidade alguma de quem aplica. Às vezes a mão do médico é mais
importante do que o medicamento”, comparou.
Leia o artigo na íntegra.
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Congresso em descompasso
O
Palácio do Planalto não é mais hospedeiro exclusivo da crise. Ela está
presente e alastrada por todo o Congresso Nacional, comprometendo seu
funcionamento enquanto Poder Legislativo.
Em
um impasse como esse, o que se espera em reação é o afastamento de
todos os agentes envolvidos como forma de proteger o Congresso Nacional
das intempéries dos escândalos que se seguem. Não é o que está
acontecendo. Ao mesmo tempo, o andamento dos trabalhos é tocado em total
descompasso com a realidade, pautado pelos mais inoportunos projetos, a
exemplo da repatriação de recursos ilícitos (PLC 186/15), aprovada em
caráter terminativo no Senado Federal esta semana.
Como
argumentar com a sociedade quando, em um momento como o atual, estão
validando a repatriação de recursos, mediante acordo e anistia, de
crimes como evasão de divisas; lavagem de dinheiro; crime contra a ordem
tributária; sonegação; falsificação de documentos; falsidade
ideológica; descaminho (contrabando); e falsificação de declaração
tributária? É praticamente um compilado de palavras-chave das fichas
corridas do Petrolão!
É
impossível contestar a desilusão e o descrédito com os quais a classe
política está sendo vista. Quem tenta, corre o risco de cair no mesmo
ridículo do PT, que tanto bradou para deslegitimar os movimentos que
ocuparam as ruas das principais cidades brasileiras pela quarta vez no
ano no último domingo. Receberam a resposta dois dias depois: a pesquisa
Ibope indicando que 70% da população brasileira segue rejeitando o
Governo Dilma, um número recorde que se mantém há meses.
Como
médico, sei que um paciente que segue em quadro agudo, apesar de todos
os remédios ministrados, precisa mudar o tratamento ou quem o ministra.
Em nosso caso, as duas opções. As medidas adotadas sem critério para
enfrentar as crises política e econômica têm impacto nulo porque não há
credibilidade alguma de quem aplica. Às vezes a mão do médico é mais
importante do que o medicamento. E, no caso atual, a principal
responsável por tratar esse quadro grave é a mesma pessoa que nos
colocou nessa situação.
Vale
aqui ressaltar um aspecto curioso do relatório da Fitch, segunda grande
agência a rebaixar a nota do Brasil a um nível especulativo: em nenhum
momento são citados problemas típicos de economias em dificuldade, como
colapso de setores produtivos, adversidades climáticas ou concorrência
externa. São os próprios erros do governo que nos trouxeram até aqui. Em
determinado momento, a agência fala: "as constantes mudanças na meta de
superávit primário minaram a credibilidade da política fiscal". Alguém
discorda?
A
crise atinge diretamente a atual presidente Dilma, o seu antecessor
Lula e um número que ultrapassa mais de 60 congressistas. Como acreditar
que o atual governo poderia nos apresentar soluções, sendo ele o
responsável pela crise? Ao mesmo tempo o Congresso em descompasso e a
reboque do Supremo Tribunal Federal. Deprimente ver o Poder Legislativo
rebaixado. Por isso defendo a renúncia geral e eleições para presidente
da República e parlamento. Seria uma saída inédita precedida de mudanças
constitucionais. Estaríamos praticamente estabelecendo um novo
mecanismo de recall em nossa democracia moderna. Nada que não possa ser
feito.
Só assim teremos parlamentares de Câmara e Senado que possam resgatar as prerrogativas de um Poder esvaziado.
Um
Feliz Natal e que 2016 seja um ano de mudanças. Caso contrário, a
previsão será, infelizmente, de piora dos indicadores políticos e
econômicos.
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