Texto de Percival Puggina sobre a terrível semana que está se fechando com poucas luzes e muitas incertezas:
1. A NAÇÃO ABANDONADA
Com as
decisões do dia 16, o STF evidenciou à nação o estado de abandono em que
se encontra perante os poderes de Estado. Rompeu-se o fio pelo qual
pendia a esperança de que em algum canto da República houvesse
instituição capaz de proteger a sociedade da incompetência e da
rapinagem do governo.
O mesmo
STF, que volta e meia, durante suas sessões públicas promove eleições
secretas entre seus membros para postos de funções de administração e
representação, exigiu comportamento inverso do poder legislativo em cuja
autonomia interferiu.
Fez mais,
determinou um bis in idem facultando ao Senado decidir, nos processos
de impeachment, se aceita ou não a resolução da Câmara. Se o Senado
(casa legislativa que representa os Estados) divergir da Câmara (casa
legislativa que representa o povo), esta enfia a viola no saco e a
própria decisão na lixeira. De nada terá valido.
Por fim,
vedou a candidatura autônoma às cadeiras da comissão que analisará o
processo de impeachment. Essa norma simplesmente dispensa a contagem de
votos. A decisão sobre o andamento do processo fica transferida para os
23 líderes de bancadas. Até parece eleição cubana, que deixa o eleitor
sem opção.
2. A MANIFESTAÇÃO DOS "TRABALHADORES" PRÓ-DILMA, ÀS NOSSAS CUSTAS
Abomináveis,
sob todos os aspectos, as manifestações pró-Dilma na tarde da última
quarta-feira. Sob forma de ato público, supostos trabalhadores, no meio
da tarde, exibiram-se em diversas capitais brasileiras. Trajando seus
fardamentos vermelhos, substituindo as cores e símbolos nacionais pelos
símbolos e cores partidários e ideológicos, saíram ao asfalto para
sustentar o governo. Assistimos, então, à notória defesa da mentira, da
fraude, da dissimulação, da incompetência, da recessão, do desemprego,
da inflação e da corrupção.
Trabalhadores?
Sem mais o que fazer, no meio da tarde? Só podem ser "trabalhadores"
sem patrão, sem compromisso laboral. Portanto, ou são servidores
públicos cujos salários nós pagamos, ou são dirigentes sindicais, cujo
ócio e improdutividade são incorporados aos preços dos bens e serviços
que adquirimos. Ou seja, são pagos por nós...
3. A IRRESPONSABILIDADE FISCAL DO SENADO QUE VAI DECIDIR SOBRE A IRRESPONSABILIDADE FISCAL DA PRESIDENTE
Ontem,
dia 17, o Senado Federal concluiu que as contas públicas estão em
perfeita ordem e considerou compatível com a realidade nacional elevar
os vencimentos de seus servidores efetivos no percentual de 21,3%,
parcelado ao longo dos próximos 3 anos. A conta, para 2016, fica em R$
174,6 milhões. Isso acontece num momento em que o governo, com extremo
otimismo, prevê redução de 1,9% na atividade econômica do próximo ano, o
que representará, inevitavelmente, queda na arrecadação. O relator do
orçamento, aliás, promoveu cortes em praticamente todas as atividades do
governo. E o Senado distribui favores aos seus! É essa Casa legislativa
irresponsável, onde o governo é amplamente majoritário, que decidirá
sobre os crimes de irresponsabilidade fiscal da presidente da República.
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