sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Tudo de novo…(Ótimo comentário sobre os Black Blocs)



13 de janeiro de 2016 § 10 Comentários
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Todo mundo sabe, mas não custa afirmá-lo em voz alta, ainda mais eu que, sendo jornalista, estou exposto a ser confundido com o que não sou: as atuais “manifestações” em São Paulo têm tanto a ver com o aumento da tarifa de onibus quanto as ocupações de escolas estaduais de antes e de depois da suspensão do projeto, tinham a ver com o remanejamento de salas de aula e escolas do Alkmin.



Os “manifestantes” de hoje são tanto usuários pobres de transporte público no limite das suas possibilidades de gastar com ônibus e metro quanto os manifestantes do ano passado eram estudantes reais do 1º e 2º graus preocupados com a qualidade da educação. É muito provável, até, que uma pesquisa séria de imagens e “B.O.“s mostrasse que muitos deles são as mesmas pessoas.
manif3Este é só mais um lance desse joguinho de xadrês sem mistérios que tem por objetivo antecipar os movimentos da mídia e as emoções que esses movimentos vão produzir nos espectadores a que ficou reduzida a disputa de poder nos projetos de democracia empacados no padrão do finado século 20 onde todo mundo sabe que é exatamente assim que é, menos a própria mídia, peão do jogo, que se finge de tonta e continua tratando os participantes exatamente como eles próprios querem ser tratados e não pelos nomes, pelas descrições e pelas contextualizações que os identifiquem pelo que de fato são, condição essencial para que a farsa continue.



Não ha um pingo de espontaneidade ou de verdade em tudo isso; nada do que está envolvido no jogo pode ser chamado com um mínimo de precisão de “movimento social”. É tudo pre-fabricado, falsificado ou financiado pelos titulares da disputa pelo poder como, aliás, está devidamente mapeado no caso desse Movimento Passe Livre e seu chefe Thiago Skarnio, bancados pela Petrobras e pelo Ministério da Cultura via Lei Rouanet para os propósitos que ele próprio explica no site oficial da organização e no da sua “marca fantasia” que, muito apropriada e honestamente mistura os conceitos de “mídia” e “alquimia“, chegando a “Alquimídia“, conforme apontado pelo jornalista Reinaldo Azevedo, um dos poucos que dá sinais frequentes de curiosidade e inquietação hoje em dia.
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O objetivo das presentes manifestações não tem nada a ver com os aumentos de ônibus que, no caso, são do prefeito Fernando Haddad, do PT. O alvo é a PM, do governador Alkmin, de quem, como sempre, se tentará arrancar vítimas – se o diabo ajudar fatais – e cenas bem bonitas de baderna e caras inchadas de porrada para uso em propaganda eleitoral, obviamente financiada pelos mesmos idiotas que ficam bloqueados nos engarrafamentos de trânsito enquanto elas são produzidas, sempre nos horários de “rush” da maior cidade da América do Sul: você e eu.



Todo mundo pode, portanto, por as barbas de molho. Enquanto o PT ainda estiver sonhando com o poder o trânsito, já de si infernal, piorado pelo esquartejamento das ruas da cidade em “faixas exclusivas” para diferentes classes sociais, raças, gêneros, “opções de gênero” e o que mais puderem inventar para nos dividir e atiçar uns contra os outros como é do gosto desse partido, será ainda mais infernizado por esses energumenos e seus quebra-quebras.



O Alkmin pode puxar quanto quiser o saco do João Pedro Stédile que nada o demoverá – e aos seus “soldados” – de queimá-lo vivo em grande auto-de-fé ideológico em praça pública assim que conseguirem ajeitar as coisas para fazer isso impunemente, como vem fazendo a gente que pensa como ele aos “infiéis” desde que o mundo é mundo.
Não falta muito…
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PS.: Sobre black blocs, leia as informações incluídas no comentário do leitor Gustavo Gonçalves aí embaixo. Não o conheço pessoalmente mas ele certamente conhece o assunto. Confira.


Comentario


  • Gustavo Gonçalves
    “Precisamos falar sobre os Black Blocs” – até parece nome de filme! Eu, que sou de direita, sei mais sobre o Foro de São Paulo do que meu avô (que foi policial e lutou contra comunistas junto do Exército) jamais soube, cheguei a fazer uma coletânea de fotos e provas de que o PT e os Black Blocs não tem nada a ver entre si.

    Durante o período de quase um ano, entre 2013 e 2014, e depois de acompanhar mais de 70 manifestações, pude conhecer boa parte das pessoas que fazem parte destas manifestações, ou pelo menos, sei bem mais que a maioria dos veículos de comunicação.


    Quando os Black Blocs protestaram contra o PT, Haddad e Dilma, quase nada saiu na imprensa. Só a parte do “Fora Alckmin” aparece.


    Os líderes desses black blocs já devem ter mudado nesta altura do campeonato, mas até onde pude observar, as três figuras mais influentes tinham idades de 16, 17 e 19 anos, todos de periferia. Destes, dois procuravam emprego em junho de 2013 e um terceiro pediu as contas de onde trabalhava porque havia virado anarquista convicto. Sua mae foi buscá-lo na Fundação Casa mais de 6 vezes.


    O que alimenta esta fúria, este ódio que existe nas ruas é a falta de crescimento econômico. Estas manifestações não são orquestradas pelo PT, como se imagina, mas são sintomas de uma doença grave na sociedade. Todos estes jovens foram criados sem a presença de um pai de família. Suas mães, até onde pude descobrir, apoiam que os filhos se manifestem. Me parece até que eles são os machos que as mães nunca tiveram…


    Ninguém reparou, mas simultaneamente ao surgimento dos Black Blocs, teve também os Rolezinhos, como proposta de ação anticapitalista dentro de shopings. Um olhar atento permite que a única diferença é que o Black Bloc anda mascarado enquanto que os jovens dos rolezinhos não andavam mascarados. Naquela época, Netinho de Paula conseguiu cooptar 2 dos líderes dos Rolezinhos para a organização “Juventude Comunista”, sendo que o terceiro, que se recusou, acabou morrendo num baile funk… coincidência?


    O PT nunca descobriu quem são os líderes do Black Bloc. Não sei se a Polícia Civil sabe, acho que sim. A PM sempre soube. Em algumas vezes eles deixaram de deter estes rapazes, ao que me parece, de propósito. Noutras, espancaram um deles até cair no chão, e foram “visitar” a casa dos outros dois, sendo que a irmã de um deles acabou ganhando um soco na cara porque não queria abrir a porta da casa sem ordem judical, segundo eu soube.


    Ainda em 2013, a Polícia Militar fez uma primeira visita e eles próprios reconheceram que a investida teve propósito “amigável”. Nestas visitas, os PMs teriam pedido que parassem de xingar os policiais quando estivessem em serviço e que parassem de quebrar as coisas nas ruas. O pedido não foi atendido.


    Estes jovens, basicamente, se dividem em dois grupos: o black bloc propriamente dito, composto por jovens com alguma insegurança ou insatisfação em suas vidas particulares. Mas há ainda o “Front Bloc”, que são as pessoas com disposição à violência. São estes que chegam com paus, pedras, estilingues, canos, molotovs, rojões e toda sorte de objetos com propósito de ferir. E, quando não levam é porque sabem que vão arrumar alguma pedra numa caçamba.


    Estes do Front Bloc são a elite. Ele tem influência sobre alguns amigos e os traz para as manifestações. A maioria destes moleques estuda na rede pública. Até certo ponto, organizam-se em “células”. Por exemplo, toda vez que um moleque é arrastado até a delegacia de policia, ele sai de lá com um boletim de ocorrência, que depois põe no Facebook e exibe como uma espécie de diploma de graduação, como quem chega para seus amigos e diz: “vejam, eu lutei contra o sistema”.


    As balas de borracha e gas lacrimogenio são provavelmente a pior forma de conter estes caras. Cada marca feita no corpo é exibida quase como uma medalha. Por outro lado, acho que o melhor método mesmo é atraves do grito. Certa vez vi um comandante do Choque berrar para um moleque que ameaçou quebrar uma vidraça com um pau. Imediatamente, o PM percebeu que ele estava querendo tomar a liderança e berrou “LARGA ESSA MERDA!”. O moleque, humilhado perante seus amigos, não fez outra coisa senão obedecer o PM.


    O PT fez suas tentativas de descobrir quem eram estes jovens. COlocavam militantes do PT no inicio das manifestações para olhar, conversar e fazer amizades. A maioria nem chegava perto deles porque já vinham com camiseta vermelha do partido, e eles detestavam isso. A bem da verdade, quando tinha alguma manifestação “anti-copa”, os black blocs eram detestados pelo pessoal do PSTU PSOL e PCO e vice versa. Brigas entre Black Blocs e alunos da USP são provavelmente mais frequentes do que com a PM.


    No que diz respeito ao MPL, todo mundo se lembra de quando a Dilma chamou a lider para uma reunião em Brasília em 2013, esta voltou de lá e resolveram parar com as manifestaçoes. Os Black Blocs continuaram sozinhos por quase toda a metade de 2013. Existe uma estranha confiança entre o MPL e o Black Bloc. O MPL não é própriamente anarquista, mas conta com seus próprios punks. Na verdade, quando quiseram trazer o Movimento Passe Livre para São Paulo, uns dirigentes se encontraram com uns punks que eram de um tal grupo chamado Movimento Punk Libertário (MPL). Mudaram o nome, mas permaneceram com a sigla.


    O PT jamais quis estas manifestações durante o ano eleitoral e um cientista político sincero analisaria que estas manifestações fizeram mal para o PT e foi bom para o Alckmin (que estava com imagem politica comprometida por causa do cartel). 


    A Dilma mandou o ministro Gilmar Mendes para fazer duas reuniões em São Paulo, ambas organizadas na Casa de Portugal, com propósito de atrair estes black blocs para a reunião. Alguns foram, levaram faixas e começaram a agitar dentro da reunião. Enfim, não há o que se enganar a respeito: os black blocs podem ser os militantes que o PT sempre quis ter, mas definitivamente o PT é o partido que eles mais odeiam.

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