terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Boff diz que cinegrafista foi morto por radicais do fundamentalismo político


  • 11/02/2014 23h14
  • Rio de Janeiro
Cristina Indio do Brasil Edição: Fábio Massalli
 
 
O teólogo Leonardo Boff disse que manifestantes que vão para os protestos e praticam a violência, como a que provocou a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Ilídio Andrade, são pessoas radicais que praticam fundamentalismo político. “Se julgam como os únicos portadores de uma ação legítima e aí destroem, agridem pessoas, quebram vidros, bancos  etc.

Atos criminosos que, como tais, têm que ser punidos. Isso revela que a nossa própria sociedade é uma sociedade que está em crise. Nossa democracia não é consolidada e capaz de evitar isso”, analisou.
Para frei Leonardo Boff, esses grupos falam da agressão causada pelas atividades dos bancos, do sistema capitalista, dos supermercados, mas a violência praticada por eles contra as pessoas é perversa e é crime.

“A gente tem que qualificar como crime. Tem que tratar como crime e a democracia tem que usar a sua capacidade de defender-se contra aqueles que querem violá-la. O jornalista e o cinegrafista são fundamentais para fazer circular a notícia e são meios sagrados e por isso têm que ser protegidos.  Todos nós nos indignamos e lutamos contra esta violência, apoiamos as famílias e cobramos do Estado mecanismos de segurança para que eles possam fazer o trabalho de forma profissional, consciente e segura”, defendeu.


Leonardo Boff disse que é preciso criar mecanismos que impeçam que essas pessoas irrompam protestos pacíficos, tirem a legitimidade deles e amedrontem o povo que começa a temer todas as manifestações, até as mais legítimas e bem conduzidas.

Para o frei, a intenção desses grupos ao atacar profissionais de comunicação, que estão no desempenho das funções durante uma cobertura, é impedir que os crimes praticados por eles sejam registrados. “Ao que eles visam é que não seja documentado o ato criminoso deles e, por isso, atacam o cinegrafista.

Não é a pessoa que é atingida. É atingido o efeito que esta pessoa faz para a sua informação correta e o acaba denunciando como criminoso de rua. Então eles precisam queimar a prova e agridem os jornalistas”, avaliou.


Frei Leonardo Boff participou com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, de uma reunião da Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio), no centro do Rio.

Os dois destacaram que a mensagem de Arlita Andrade, mulher do cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, sobre a morte do marido, defendeu a família e não falou em vingança.  

“O que a esposa dele falou foi uma encíclica para a sociedade brasileira. Porque ela falou de amor e respeito, nenhuma palavra de ódio e falou da importância da família, porque na família semeiam os valores básicos do respeito. Ela falou com a serenidade que deve ter tocado o coração dos brasileiros, mas deve ter tocado a consciência daqueles que ainda estão vivos e praticaram aquelas ações abomináveis”, disse Leonardo Boff.

No encontro, a ministra propôs a criação de uma comissão com integrantes dos três níveis de governo para a desapropriação da Casa da Morte, em Petrópolis, na região serrana, e a transformação do imóvel em Centro de Memória. No local funcionou, nos anos 1970, um núcleo clandestino de torturas. O processo de desapropriação começou em 2012 pela prefeitura do município.

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