11/02/2014
às 7:33
A
presidente Dilma Rousseff participou nesta segunda da festa de
aniversário dos 34 anos de criação do PT. Discursou. Também falaram
Alexandre Padilha, pré-candidato do partido ao governo de São Paulo, e
Rui Falcão, presidente do partido. Decoro foi matéria escassa.
Afirmou a presidente:
“Eles têm a cara de pau de dizer que o ciclo do PT acabou, que nós demos o que tínhamos de dar. São os mesmos que diziam que haveria uma debandada de empresários com a eleição do ex-presidente Lula e que, a cada crise, dizem que o Brasil vai afundar. O fim do mundo chegou, sim, mas chegou para eles.”
Ai, ai… Eu
até acho que existe certa tensão injustificada em alguns setores, mas
quem é que está dizendo que o Brasil vai afundar? Ninguém! Debandada de
empresários? Santo Deus! Dilma está voltando a uma frase que Mário
Amato, então presidente da Fiesp, disse em… 1989 — há um quarto de
século: “Se Lula ganhar a eleição, 800 mil empresários deixarão o
Brasil!”.
E que se
note: se Lula tivesse realmente vencido naquele ano, dadas as porcarias
que pensava, o cenário antevisto por Amato não era implausível. Aliás, o
próprio Apedeuta admitiu que não estava preparado para governar. Mas
isso não é o mais engraçado: hoje, a Fiesp, a quem Dilma alude, é aliada
do PT — e Paulo Skaf é uma das pessoas com quem os petistas contam para
ajudar a derrotar Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo. Não só isso:
Collor, que derrotou Lula naquela ocasião, é hoje um fiel aliado do
petismo.
Então, Dona Dilma, não são os mesmos coisa nenhuma! Aqueles “mesmos”, hoje, estão com o PT.
Cara de pau?
Já lhes contei a história do nhenhenhém de FHC, que deu pano pra manga. Quem ler o texto vai saber por que, de algum modo, participei da origem da coisa no que diz respeito ao efeito jornalístico. Criticando seus adversários, o então presidente tucano afirmou que eles ficavam com “nhenhenhém”. O mundo veio abaixo. Foi um deus nos acuda. Ele seria arrogante; não respeitaria a oposição; julgava-se o dono do mundo etc. e tal.
Em 2010,
delicado como de hábito, o então presidente Lula referiu-se ao
presidente do principal partido de oposição como… “babaca”. Isto mesmo:
“babaca”! Quase todo mundo achou muito normal. Não houve gritaria. Nesta
segunda, na cerimônia do PT, Dilma decidiu emular com o seu antecessor
e, como vocês leem acima, chamou o oposição de “cara de pau”.
Falcão
Num ambiente em que se falta com o decoro, Rui Falcão jamais fica para trás. Ele resolveu partir mesmo para a baixaria. Reproduzo trecho de reportagem do Estadão (em vermelho):
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, fez as críticas mais duras aos prováveis adversários da presidente na eleição deste ano. Sem citar nomes, Falcão criou dois termos para se referir a eles: “neopassadista” e o “novovelhista”. Segundo pessoas próximas a Falcão, o discurso se refere ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e a Eduardo Campos. Em seu discurso, disse que os dois são “partes do mesmo corpo”. “O neopassadismo e o novovelhismo parecem farinha do mesmo saco. Assemelham-se em quase tudo”, afirmou o presidente do PT.
Em seu ataque mais pesado, sugeriu que os adversários de Dilma fecharam os olhos para as denúncias de corrupção no Metrô e na CPTM durante os governos tucanos em São Paulo e para o episódio da apreensão de cocaína no helicóptero do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG). “O algo ‘novo’ é fechar os olhos, e, quem sabe até, esquecer-se de tapar o nariz, para carregamentos exóticos em helicópteros?”, disse.
Volto
O caso foi investigado pela Polícia Federal, cuja chefe, em último caso, é Dilma, ali presente. Tentar ligar as oposições a tráfico de drogas vai muito além do chute na canela. Desde 2002, essa pode ser a disputa mais difícil para o PT porque o ambiente social e político nunca se mostrou tão instável. Eles estão deixando claro que o jogo vai ser pesado e que não têm mesmo limites.
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