Estiagem
Águas abaixo do nível das bombas é
menos oxigenada e contém sedimentos. Governo estadual autoriza captação
e cria comitê interagencial para avaliar qualidade
Luis Moura/Folhapress
São Paulo – O governador Geraldo
Alckmin (PSDB) afirmou ontem (20), durante visita a Santo André, na
região metropolitana de São Paulo, que a Sabesp está autorizada a
coletar o "volume morto" do Sistema Cantareira – águas que estão
abaixo da altura das bombas e não contam na medição de volume dos
reservatórios.
São cerca de 400 milhões de metros cúbicos, que, na
ausência de um banco de águas, poderão fazer as vezes de reserva de
emergência para evitar racionamento no estado.
O nível do
Sistema Cantareira voltou a cair na medição de hoje (21) e alcançou novo
recorde negativo, com 17,7% da capacidade total.
A vazão pluvial que
alimenta os reservatórios também segue caindo: era de 8,9 m³/s no último
dia 16, mas agora está em 8,4 m³/s.
O consumo médio da região
metropolitana de São Paulo a partir do Cantareira é de 31 m³/s.
- De olho em eleições, Alckmin ignora alertas sobre desabastecimento e falta de investimento
- Avião contratado pela Sabesp para induzir chuva não funciona, diz especialista
- Estiagem em São Paulo é a pior desde 1930, e comitê cobra ações do governo
"Nós vamos fazer imediatamente esses
investimentos, que são, na Represa do Atibainha, uma ensacadeira e
canais. Também estamos estudando as bombas de maior profundidade. Não
que a gente pretenda utilizar, mas queremos deixar tudo preparado",
disse Alckmin.
A medida de emergência deve gerar custos elevados também
em tratamento: a água do "volume morto" é menos oxigenada e contém mais
sedimentos do fundo das represas. Os valores a serem investidos não
foram informados pelo governador.
Também nesta sexta-feira, o governo estadual
criou o Comitê Permanente para Gestão Integrada da Qualidade da Água
destinada ao Consumo Humano no Estado de São Paulo, grupo composto por
representantes do Departamento de Águas e Energias (DAEE), a Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e o Centro de Vigilância
Sanitária (CVS).
O grupo, que definirá seu próprio cronograma de
trabalho, terá como responsabilidade avaliar a qualidade das águas
coletadas pela Sabesp, bem como a situação de mananciais e bacias
subterrâneas.
O comitê deve ainda "propor, avaliar e
revisar instrumentos normativos e procedimentos técnicos com o propósito
de garantir qualidade e disponibilidade de água destinada ao consumo
humano".
As medidas tomadas pelo governo do Estado
atendem parcialmente às indicações feitas pelo Comitê da Bacia Hídrica
do Alto Tietê (CBH-AT), colegiado que congrega 36 prefeituras da região
metropolitana de São Paulo, representantes do governo estadual e a
sociedade civil.
Além de estar pronto para utilizar o "volume morto" do
Sistema Cantareira, o comitê cobra do governo estadual a construção de
novas barragens e a criação de um banco de águas – hoje, não há
reserva formal, mas um acompanhamento das "sobras" nos reservatórios.
O
exemplo utilizado pelo CBH-AT é o da cidade de Nova York, que armazena
água o suficiente para atender à demanda da cidade por três meses.
Além das obras de médio prazo, o CBH-AT
indicou ainda a necessidade de criar multas para quem desperdiçar água,
indicação dada não apenas ao governo do estado, mas às prefeituras que
passam por problemas de abastecimento.
Hoje, há 142 cidades no estados
passando por racionamento de água.
Nenhum comentário:
Postar um comentário