sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Sem banco de águas, São Paulo vai coletar 'volume morto' do Sistema Cantareira

Estiagem



Águas abaixo do nível das bombas é menos oxigenada e contém sedimentos. Governo estadual autoriza captação e cria comitê interagencial para avaliar qualidade

por Diego Sartorato, da RBA publicado 21/02/2014 18:09
 

Luis Moura/Folhapress

água
Comitê indicou a necessidade de o governo criar multas para quem desperdiçar água


São Paulo – O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou ontem (20), durante visita a Santo André, na região metropolitana de São Paulo, que a Sabesp está autorizada a coletar o "volume morto" do Sistema Cantareira – águas que estão abaixo da altura das bombas e não contam na medição de volume dos reservatórios. 

São cerca de 400 milhões de metros cúbicos, que, na ausência de um banco de águas, poderão fazer as vezes de reserva de emergência para evitar racionamento no estado. 

 O nível do Sistema Cantareira voltou a cair na medição de hoje (21) e alcançou novo recorde negativo, com 17,7% da capacidade total. 

A vazão pluvial que alimenta os reservatórios também segue caindo: era de 8,9 m³/s no último dia 16, mas agora está em 8,4 m³/s. 

O consumo médio da região metropolitana de São Paulo a partir do Cantareira é de 31 m³/s.
"Nós vamos fazer imediatamente esses investimentos, que são, na Represa do Atibainha, uma ensacadeira e canais. Também estamos estudando as bombas de maior profundidade. Não que a gente pretenda utilizar, mas queremos deixar tudo preparado", disse Alckmin. 

A medida de emergência deve gerar custos elevados também em tratamento: a água do "volume morto" é menos oxigenada e contém mais sedimentos do fundo das represas. Os valores a serem investidos não foram informados pelo governador.

Também nesta sexta-feira, o governo estadual criou o Comitê Permanente para Gestão Integrada da Qualidade da Água destinada ao Consumo Humano no Estado de São Paulo, grupo composto por representantes do Departamento de Águas e Energias (DAEE), a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e o Centro de Vigilância Sanitária (CVS). 

O grupo, que definirá seu próprio cronograma de trabalho, terá como responsabilidade avaliar a qualidade das águas coletadas pela Sabesp, bem como a situação de mananciais e bacias subterrâneas. 

O comitê deve ainda "propor, avaliar e revisar instrumentos normativos e procedimentos técnicos com o propósito de garantir qualidade e disponibilidade de água destinada ao consumo humano".

As medidas tomadas pelo governo do Estado atendem parcialmente às indicações feitas pelo Comitê da Bacia Hídrica do Alto Tietê (CBH-AT), colegiado que congrega 36 prefeituras da região metropolitana de São Paulo, representantes do governo estadual e a sociedade civil. 

Além de estar pronto para utilizar o "volume morto" do Sistema Cantareira, o comitê cobra do governo estadual a construção de novas barragens e a criação de um banco de águas – hoje, não há reserva formal, mas um acompanhamento das "sobras" nos reservatórios. 

O exemplo utilizado pelo CBH-AT é o da cidade de Nova York, que armazena água o suficiente para atender à demanda da cidade por três meses.

Além das obras de médio prazo, o CBH-AT indicou ainda a necessidade de criar multas para quem desperdiçar água, indicação dada não apenas ao governo do estado, mas às prefeituras que passam por problemas de abastecimento. 

Hoje, há 142 cidades no estados passando por racionamento de água.

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