segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Suspeitos de matar PM de UPP são identificados, diz novo chefe da Civil



03/02/2014 18h39 - Atualizado em 03/02/2014 18h55


Fernando Veloso tomou posse na tarde desta segunda-feira (3).
Desde dezembro, favelas pacificadas têm rotina de tiroteios.

Káthia Mello Do G1 Rio

Fernando Veloso (meio) tomou posse nesta segunda-feira (Foto: Kathia Mello / G1)Fernando Veloso (meio) tomou posse nesta segunda-feira (Foto: Kathia Mello / G1)
 
O novo delegado geral da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, tomou posse na tarde desta segunda-feira (3), na Cidade da Polícia, no Jacarezinho, Zona Norte do Rio. Ele disse que assume o cargo com atenção especial para reforçar o trabalho da polícia em dias áreas da cidade: Conjunto de Favelas da Penha e do Alemão, no Subúrbio. 

No Parque Proletário, na Penha, uma policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foi morta no domingo (2). O delegado disse que já tem identificação dos envolvidos nos ataques.

"Nossa atenção lá tem prazo indeterminado. Vai durar o tempo necessário para ter o equilíbrio restaurado", disse Veloso.


Na nova equipe de Veloso estão: a delegada Elizabeth Cayres que assume a subchefia administrativa e o delegado Fernando Albuquerque que vai ocupar o cargo de subchefe operacional, cargo que era de Veloso. A delegada Elizabeth Cayres era presidente da Comissão Controle e Fiscalização de Contratos da Polícia Civil. Já o delegado Fernando Albuquerque deixa a titularidade da Delegacia de Defraudações.

Fernando Veloso substituiu Martha Rocha, que renunciou ao cargo para se dedicar à política. A delegada, primeira mulher a ocupar o cargo, estava no posto desde fevereiro de 2011.

Ataques
Antes da solenidade de posse do novo chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, o comandante geral da Polícia Militar, coronel José Luís Castro, negou que exista crise no processo de pacificação de favelas do estado, nesta segunda-feira (3). 


Ele descartou que as UPPs estejam sob ataque de traficante e que casos como o da morte da policial militar Alda Rafael Castilho na Vila Cruzeiro, no Conjunto de Favelas da Penha, neste domingo, são “ações pontuais”.

A policial morreu após ser baleada na barriga. Outras três pessoas ficaram feridas durante troca de tiros na comunidade. Alda foi mais uma vítima de uma rotina de ataques contra UPPs. 


Entre dezembro de 2013 a janeiro de 2014 foram mais de 10 ocorrências, como contabilizou o G1. José Luís Castro descartou o apoio de tropas federais na favelas do Rio, mas disse que pode reforçar o efetivo de algumas UPPs.

" As UPPs não estão sob ataque, são problemas pontuais. Não há crise. Se for preciso reforçar, a gente vai reforçar. Não vamos recuar", disse o coronel, antes do início da cerimônia de posse do chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso.

O comandante definiu o ataque à soldado Alda Rafael Castilho como uma "covardia", e disse que os envolvidos no crime já teriam sido identificado . Ele reconheceu ainda que áreas de UPPs com confrontos frequentes ficaram por muito tempo sob controle do tráfico.


Por isso, regiões como Complexo da Penha e do Alemão terão a atuação policial reforçada com agentes do Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e de delegacias especializadas. "Nossa atuação nestas áreas terão prazo indeterminado. Vão durar o tempo necessário para ter o equilíbrio restaurado", afirmou.

Mudanças na Polícia Civil

Veloso anunciou ainda mudanças no quadro da Polícia Civil. Ricardo Barbosa deixa o Core e assume o delegado Rodrigo Oliveira, da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (Drfc). Delegado da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa está mantido no cargo. Já o delegado da capital Ricardo Domingues vai para a Baixada Fluminense e no departamento geral de polícia especializada.


Rotina de ataques a UPPs

O projeto de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), iniciado em 2008 pela Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro com o objetivo de devolver a segurança aos moradores da cidade, vem enfrentando uma série de problemas, principalmente após novembro de 2013. 


De lá para cá, o número de registros de tiroteios e ataque a sedes de UPP nas comunidades passou de 10, como contabilizou o G1, de dezembro e janeiro.

Na sexta-feira (31), um suspeito foi detido por arremessar coquetéis molotov no terreno que abriga a UPP e a delegacia do conjunto de favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio. Na mesma comunidade, na quarta-feira (29), um tiroteio assustou moradores e um policial da UPP morreu após ser baleado em uma troca de tiros em novembro de 2013.

Em dezembro, a UPP do Lins foi atacada por três vezes. No mesmo mês, a UPP São Carlos também foi atacada após um tiroteio entre traficantes. Ainda em dezembro, traficantes e criminosos trocaram tiros na área da UPP dos Macacos

Uma troca de tiros entre policiais da UPP Fallet-Fogueiro e criminosos foi registrada no dia 15 de dezembro. No último mês de 2013, em uma confusão durante uma abordagem, um policial matou um idoso na UPP de Manguinhos.

GNews - UPP da Rocinha (Foto: GloboNews)UPP da Rocinha: tiroteios assustam moradores
desde dezembro (Foto: GloboNews)
 
No mês de janeiro, a UPP Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, Zona Sul do Rio, teve dois tiroteios. Ainda na Zona Sul, a Rocinha teve outra troca de tiros na segunda-feira (27). 

Na manhã do Natal de 2013, disparos assustaram moradores na favela na localidade Largo do Boiadeiro. No início de dezembro, um confronto de aproximadamente 12 horas deixou cinco pessoas feridas — dois policiais e três moradores — na comunidade. Também em dezembro, um policial militar foi baleado durante troca de tiros na Rocinha.

Segundo a assessoria de imprensa das UPPs, as ocorrências relacionadas aconteceram porque os policiais que patrulham as áreas pacificadas se deparam com focos de resistência de traficantes que querem retomar os territórios hoje sob controle do estado.


Beltrame faz balanço positivo


Em dezembro de 2013, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou, em entrevista exclusiva ao G1, que ainda não havia motivos para comemorar [as UPPs] e que toda resistência encontrada pela polícia em locais que eram considerados grandes redutos do tráfico será enfrentada com extremo rigor. 


O secretário ainda admitiu a possibilidade de superar a meta inicial do programa, que era de 40 UPPs.

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