segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Cunha almoça com militantes do PT acampados em frente ao Supremo

03/02/2014 15h08 - Atualizado em 03/02/2014 16h00


Condenado no mensalão, deputado do PT foi prestigiar manifestantes.


Presidente do STF pode decretar a prisão do parlamentar nesta semana.

Felipe Néri Do G1, em Brasília

O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) almoça com manifestantes petistas acampados em frente ao STF para protestar contra as condenações do processo do mensalão (Foto: Felipe Néri / G1) 
 
O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) almoça com manifestantes petistas acampados em frente ao STF para protestar contra as condenações do processo do mensalão (Foto: Felipe Néri / G1)
 
O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no julgamento do mensalão,  almoçou na tarde desta segunda-feira (3) com militantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em acampamento montado no gramado em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). 

As barracas foram instaladas em novembro para protestar contra as condenações de petistas no julgamento do mensalão.

O presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, deve decretar a prisão de João Paulo Cunha nesta semana. Barbosa reassumiu o cargo nesta segunda após quase um mês de férias e compromissos oficiais na Europa.

Após almoçar com os militantes petistas, Cunha afirmou a repórteres que tem recebido apoio de colegas do Legislativo. “De ontem para hoje [domingo para segunda], a quantidade de telefonemas que recebi de deputados me conforta demais”, declarou.

Tudo que tiver a nosso alcance, nós vamos utilizar, quer seja a revisão, quer seja a busca em organismos internacionais"
 
João Paulo Cunha, deputado federal do PT condenado no processo do mensalão
 
O parlamentar, no entanto, não quis responder se irá renunciar ao mandato assim que for decretada sua ordem de prisão. “Isso é um assunto que não está colocado agora, então, prefiro não considerar”, ressaltou.

Ele disse que pretende continuar recorrendo à decisão do STF. “Tudo que tiver a nosso alcance, nós vamos utilizar, quer seja a revisão, quer seja a busca em organismos internacionais – que se não for para rever, pelo menos que seja para tomar conhecimento de que houve uma injustiça no Brasil, um processo completamente permeado pela disputa política”, declarou.

João Paulo Cunha foi condenado a 9 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. A Suprema Corte analisará neste ano recurso da defesa dele sobre a condenação pelo crime de lavagem de dinheiro.

Inicialmente, Cunha deve cumprir pena de 6 anos e 4 meses em regime semiaberto. Caso o Supremo confirme a condenação por lavagem de dinheiro, ele então deverá cumprir a pena total determinada pelos magistrados do STF.

Acampamento

A visita do deputado de São Paulo ao acampamento do PT ocorre no dia em que foram retomados os trabalhos no Supremo. Indagado por jornalistas, Cunha negou que a ida ao acampamento na semana em que pode ser expedido seu mandado de prisão fosse uma provocação ao Judiciário.


Cerca de 15 barracas estão montadas dentro de uma tenda que foi instalada no gramado de um dos estacionamentos do STF. Entre 10 e 15 pessoas se revezam diariamente no local munidos de faixas pela anulação do julgamento do mensalão.

No almoço com militantes do PT, Cunha comeu arroz, feijão, mexido de carne com batatas e mandioca e salada de tomates. “Estava muito bom. O cozinheiro está de parabéns”, comentou.

O deputado também disse que deverá lançar nesta terça-feira (4) mais uma edição da revista que dá sua versão para o episódio e contesta a condenação imposta pela Suprema Corte.

João Paulo Cunha foi acusado de ter recebido, em 2003, R$ 50 mil do "valerioduto" – suposto esquema operado por Marcos Valério para abastecer o mensalão. À época, Cunha presidia a Câmara dos Deputados. Segundo o Ministério Público, ele recebeu a propina para beneficiar agência de Marcos Valério em contratos com a Casa.

O deputado sustenta que os contratos de publicidade foram cumpridos, conforme atestam, segundo ele, relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Polícia Federal.

Férias
Joaquim Barbosa saiu de férias no começo de janeiro, mas interrompeu o descanso por conta de compromissos oficiais em Paris e Londres, onde se reuniu com juristas, autoridades e proferiu palestra sobre a Justiça brasileira.

Antes de deixar a função, decretou o fim do processo do mensalão para João Paulo Cunha, um dos condenados do processo do mensalão que permanece em liberdade, mas não expediu o mandado de prisão.

Os ministros Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski, que assumiram a presidência do tribunal provisoriamente por conta da ausência de Joaquim Barbosa, não tomaram nenhuma decisão sobre o caso. Durante a viagem, Barbosa chegou a criticar os colegas de tribunal por não terem assinado a ordem de prisão do parlamentar, mas ninguém se envolveu na polêmica.

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