domingo, 13 de abril de 2014

GDF gasta sem licitação em 13 meses R$ 48,4 milhões em refeição a presos

13/04/2014 07h15 


Valor equivale a 1/3 dos gastos emergenciais do DF desde janeiro de 2013.


Ações levaram a mudanças em edital e a atraso na concorrência, diz GDF.

Lucas Nanini Do G1 DF

O governo do Distrito Federal gastou nos últimos 13 meses R$ 48,4 milhões em contratos emergenciais para custear refeições para detentos das seis unidades prisionais da capital. O valor corresponde a um terço de todos os contratos emergenciais firmados pelo GDF no período, que somam R$ 145,3 milhões.
Complexo penitenciário da Papuda, em Brasília/GNews (Foto: Reprodução Globo News)Complexo da Papuda, em Brasília, que tem mais de 12 mil presos
 
Só em 2014, o governo já pagou R$ 31,7 milhões para as três empresas que fornecem café da manhã, almoço e jantar aos cerca de 12,3 mil presos do sistema carcerário do DF, segundo a Secretaria de Segurança Pública. O valor é mais da metade dos contratos emergenciais do ano, que totalizam R$ 59,7 milhões.

143 mil refeições foram servidas a 12,3 mil presos no DF em 2013
Os dois pagamentos mais recentes são de 11 de março último e somam R$ 17,9 milhões. No ano passado, a pasta utilizou R$ 20,1 milhões em contratos emergenciais, sendo R$ 16,7 milhões só para refeições de presidiários. No total, o GDF gastou R$ 85,7 milhões nesse tipo de contrato.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a aquisição em caráter emergencial ocorre porque a licitação para fornecimento de alimentação aos presos está parada na Justiça. A pasta informou que a concorrência para os três lotes teve início em fevereiro de 2012, um ano e sete meses antes do fim dos contratos com licitação mais recentes, mas decisões judiciais e do Tribunal de Contas causaram atrasos.

Um dos fatores que impediu a conclusão do certame foi que uma empresa desclassificada em uma das fases da licitação entrou na Justiça. A participante não forneceu documento comprovando que o representante no processo tinha legitimidade para responder em nome dela. O Tribunal de Contas barrou a concorrência até que a Justiça decida sobre o caso.

Apesar disso, a SSP afirma que os acordos para fornecimento de refeições a detentos não representaram gasto extra ao governo. “Os contratos emergenciais já utilizam os valores obtidos por ocasião do procedimento licitatório, ainda não concluído, o que representou uma economia de aproximadamente 18% quando são comparados os valores dos contratos emergenciais com os valores então previstos nos contratos originais, tomando por base o que se despendia diariamente com a alimentação de cada interno do sistema penitenciário local”, informou a pasta.

Segundo o GDF, em 2013 foram gastos R$ 45 milhões na alimentação de detentos. O valor engloba os gastos do ano e de contratos firmados na última licitação, em 2007. O governo diz que foram adquiridas 143 mil refeições em 2013 para os 12,3 mil presidiários. Em 2012 foram 132 mil refeições para 11 mil presos.

R$ 31,7 milhões foi o quanto o GDF gastou no 1º  trimestre de 2014 com refeição a presidiários
 
As três empresas que receberam do GDF para fornecer alimentação para presos em caráter emergencial já venceram concorrências no DF. A Cial e a Confere prestam serviço desde 2001. O Universitário oferece refeições desde 2007.

A Cial recebeu R$ 10,1 milhões desde fevereiro de 2013. 


A empresa diz estar participando da licitação atualmente suspensa e que fornece refeições há bastante tempo por já ter vencido outras licitações. A empesa afirmou cumprir o contrato com o GDF de acordo com a lei.

A Confere, que recebeu R$ 11,3 milhões em 13 meses, disse que os valores cobrados pela empresa são compatíveis com os praticados no mercado. 

A empresa afirmou que os R$ 3,4 milhões recebidos em fevereiro de 2013, por exemplo, se referem a seis meses de contrato emergencial pelo fornecimento de refeições para dois presídios – Centro de Progressão Penitenciária (CPP) e Penitenciária Feminina do DF (Colmeia).

O G1 não conseguiu contato com a empresa O Universitário, que recebeu do GDF R$ 29,9 milhões desde setembro de 2013, sendo R$ 17,9 milhões apenas em março deste ano.

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