Deputada garante que será pedra no sapato do governo local
Publicado: 18 de junho de 2014 às 17:44
A deputada distrital Liliane Roriz (PRTB) denunciou nesta
quarta-feira (18) o lobby de alguns empreiteiros do Distrito Federal
para que o parque Burle Marx, localizado no Setor Noroeste, perca a
característica ecológica. Hoje, 30% da área total do parque, que possui
280,43 hectares, têm sido preservadas. No entanto, a deputada teme que os interesses econômicos atropelem, mais uma vez, a vontade da população, que necessita de áreas verdes para a manutenção da qualidade de vida no DF.
Conhecida por denunciar as “anomalias” encontradas dentro do projeto do governo local que daria nova versão ao Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), o que mudaria as áreas urbanas do centro da cidade, Liliane garantiu que será mais uma vez pedra no sapato das construtoras, principalmente daquelas que adquiriram recentemente lotes vizinhos ao Burle Marx, maiores interessadas no tema.
A mudança, segundo investidores, valorizaria as futuras construções.
“Não quero fazer julgamento antecipado, mas sou contrária a qualquer tipo de alteração nas áreas de Brasília sem que a população seja ouvida antes. O PPCUB foi assim e conseguimos mobilizar a população até que o projeto fosse retirado da pauta”, disse.
A parlamentar explica que a denúncia surgiu a partir de visita de servidores concursados do GDF ao seu gabinete, que temem a “conivência” de órgãos públicos locais na mudança de destinação da área, o que poderá contribuir para que o setor perca a característica de “bairro verde”.
“É claro que o parque precisa ser utilizado pela nossa população, mas não dá para se falar em utilização sem que exista um plano de manejo, com áreas de preservação bem definidas, e tudo isso discutido de forma bem clara com a sociedade organizada”, afirmou.
O professor Frederico Flósculo, da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Brasília, defende também que o debate público seja o mediador da possível parceria entre construtoras e governo.
Ele concorda, inclusive, com a ideia do plano de manejo, já que em casos como o do Parque da Cidade ninguém nunca foi ouvido. “Esse é um aspecto que pode ‘revolucionar’ o Parque Burle Marx”, prevê.
Ao encaminhar a denúncia também para a Comissão de Meio Ambiente da Câmara Legislativa, Liliane lembrou que o parque Burle Marx possui vegetação nativa e áreas de cerrado ainda hoje intocadas.
Para a deputada, a manutenção das reservas é necessária não apenas pelo caráter ambiental, mas também pela necessidade de conservação de áreas verdes para auxiliar, inclusive, em outros processos, como o escoamento das águas das chuvas, por exemplo, que pode ser comprometido com o excesso de construções no local.
Liliane adiantou o interesse de convocar audiência pública para que moradores, ambientalistas e defensores do projeto original de Brasília sejam ouvidos sobre o tema.
Para Liliane, por mais que não haja nenhum documento oficial sobre a real intenção da proposta, interesses como o denunciado por ela costumam acelerar de forma sorrateira, o que geralmente pega a população de surpresa.
“Não importa se há ou não o tal lobby. Meu trabalho será de mostrar para as construtoras que os lotes foram adquiridos da forma que é hoje e nada será alterado à revelia da população”, firmou-se.
Licitação
No fim do ano passado, a construtora Emplavi anunciou a aquisição de 19 projeções no Setor Noroeste, em licitação da Terracap, o que significa quase a metade das áreas disponíveis.
Nesse ranking, a segunda empreiteira conquistou apenas cinco projeções. Em números, o investimento da Emplavi passou dos R$ 350 milhões que, de acordo com a empresa, será revertido em vendas totalizando mais de R$ 1,5 bilhão.
Outras empresas como a Soltec e a JC Gontijo também arremataram projeções no novo bairro, mas em menores proporções.
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