Tragédia na Ucrânia
Rússia também votou a favor de texto que cita separatistas pró-Moscou como 'grupos armados'. Representantes do Kremlin e da Casa Branca trocam farpas
Equipes de
emergência fazem a retirada dos corpos das vítimas no local do acidente
da Malaysia Airlines, perto da aldeia de Hrabove, ao leste da Ucrânia.
O
país acusou a Rússia de ajudar rebeldes separatistas a destruir provas
no local da queda do avião abatido -
O texto aprovado pede uma investigação “completa, rigorosa e independente” do caso. A aprovação foi por unanimidade, ou seja, a Rússia também votou a favor.
O texto afirma que os separatistas pró-Moscou – identificados simplesmente como “grupos armados” para evitar protestos da Rússia – devem garantir acesso seguro ao local.
A Rússia havia se posicionado contra uma versão anterior que deixava nas mãos da Ucrânia a liderança da investigação, informou o britânico Daily Telegraph, mesmo que o procedimento padrão nas leis internacionais quando ocorre um desastre aéreo seja deixar a investigação a cargo do país onde a tragédia ocorreu e do país onde fica a sede do fabricante da aeronave.
Leia também:
Obama sobre separatistas: 'O que estão tentando esconder?'
Cresce a pressão sobre Putin por avião abatido na Ucrânia
Holanda inicia investigação por crimes de guerra
O embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, afirmou que o país “está pronto para oferecer qualquer ajuda necessária” para as investigações. Acrescentou que o Kremlin apoia totalmente uma apuração que “lance luz sobre a verdade”. E defendeu que todas as provas, incluindo as caixas-pretas, devem ser entregues à Icao), a agência das Nações Unidas que se ocupa da aviação internacional.
A embaixadora americana Samantha Power voltou a pressionar Moscou, dizendo que o apoio à resolução é bem-vindo, mas ressaltando que “nenhuma resolução teria sido necessária se a Rússia tivesse usado sua influência para fazer os separatistas deixarem suas armas”. Ela disse ainda que o silêncio da Rússia manda uma mensagem de apoio aos “grupos armados ilegais” e lembrou que representantes do governo russo insinuaram publicamente que a culpa pelo desastre é da Ucrânia.
Saiba mais: O sistema de mísseis por trás da derrubada do voo MH-17
Pouco depois da intervenção americana, Churki fez exatamente o que Samantha havia apontado – tentou responsabilizar o governo de Kiev. “Durante a investigação, a Ucrânia terá de responder a perguntas sobre as atividades de seus controladores de tráfego aéreo e por que um de seus sistemas Buk estava na área”. (Continue lendo o texto)
Brinquedos e
flores são colocadas sobre a fuselagem carbonizada no local do acidente
do Boing 777 da Malaysia Airlines, perto da aldeia de Hrabove, ao leste
da Ucrânia. O abatimento da aeronave na última quinta-feira (17) matou
as 298 pessoas que estavam a bordo - Vadim Ghirda/AP
Vale lembrar que os separatistas autoproclamaram independentes áreas do leste da Ucrânia, como Donetsk e Lugansk, depois de a Rússia ter anexado a península da Crimeia, no sul do país, ignorando sanções e violando leis internacionais e a soberania do vizinho. Resta saber a qual território ucraniano o diplomata se referia.
Local da queda do avião na Ucrânia
Aviões de passageiros abatidos
Korean Air Lines Voo 007 (1983) -
O presidente dos EUA, Ronald Reagan, chegou a afirmar que o ataque foi um "crime contra a humanidade". A União Soviética inicialmente negou ter relação com o incidente, mas depois afirmou que o foi interceptado por ter invadido seu espaço aéreo. Os soviéticos, ainda no período paranoico pré-Perestroika, afirmaram ainda que a invasão havia sido uma provocação instigada pelos americanos e mentiram seguidamente sobre os procedimentos de derrubada.
O motivo da trajetória errática do avião – que originalmente ia de Nova York para Seul, mas acabou entrando na URSS – foi atribuído a problemas no piloto automático e aos pilotos coreanos, que não notaram o desvio. Como resultado do incidente, os EUA acabaram liberando o sistema GPS, que ainda era exclusivamente militar, para uso civil como forma de dar mais precisão para os voos comerciais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário