Atividade é legal no DF, mas exigir pagamento, não. Condutores denunciam extorsão e intimidação
carla.rodrigues@jornaldebrasilia.com.br
Se não bastasse a falta de vagas nos estacionamentos públicos, os motoristas do Distrito Federal têm de lidar com um fator extra para a dor de cabeça diária: as atitudes abusivas de alguns
flanelinhas. O desabafo é de condutores que dependem da boa vontade dos lavadores e vigias de carros para conseguir vagas nos estacionamentos gratuitos.
Na área central da cidade, onde se concentram grandes empresas e órgãos do governo, alguns cidadãos chegam a pagar valores mensais aos guardadores. Quem se recusa a negociar as vagas, porém, corre o risco de ter o carro riscado ou, até mesmo, de não poder mais parar no mesmo local. Segundo relatos, os flanelinhas chegam a ameaçar aqueles que não desembolsam uma “ajuda de custo”.
Hoje, de acordo com Departamento de Trânsito (Detran- DF), o déficit de vagas no centro de Brasília é de 14 mil. Portanto, conseguir um local próximo do trabalho para deixar o carro, por exemplo, é quase uma missão impossível.
negociação
“Infelizmente, a cada dia está mais difícil conseguir estacionar o carro aqui. Ou você paga para o flanelinha, o que eu me recuso, ou você corre o risco de levar multa. Se a pessoa não chegar cedo, por volta das 7h, já não consegue mais. Aí, só negociando com os guardadores, que tentam nos coagir de todas as formas”, afirma a assessora de imprensa Júlia Carneiro, de 23 anos.
O desabafo diz respeito ao edifício Brasil 21, na altura da Torre de TV. Uma das funcionárias do complexo, A.C., 31 anos, conta que fez um acordo para pagar R$ 50 mensais e ter a garantia de conseguir estacionar. “Não tem vaga, não dá para perder tempo com isso. Se você estaciona em cima da calçada leva multa. Então, acho que vai de cada pessoa”, opina.
O jornalista Victor Hugo Brandão, de 28 anos, também frequenta o local e diz simplesmente ignorar os pedidos e as ameaças.
“Eles tentam te fazer negociar de qualquer jeito. Hoje, até não estaciono mais aqui por opção mesmo. Eles te oferecem limpeza de carro, qualquer serviço para que tenha de pagar. Só que eu ignorava isso. É uma situação, no mínimo, constrangedora”, afirma.
No local, relatam ainda outras pessoas, três flanelinhas fizeram um esquema de “quadrantes”. Ou seja, eles dividiram o estacionamento entre eles para que cada um cuide do seu espaço e cobre devidamente pelas vagas.
Neste ano, 142 foram para DP
Desde o início do ano, 142 guardadores e lavadores em situação irregular foram conduzidos às delegacias, de acordo com a Secretaria da Ordem Pública e Social (Seops). Três deles ficaram presos porque tinham mandados de prisão em aberto por outros crimes.
Apenas 44 dos abordados nas fiscalizações estavam em dia com o registro profissional. A pena para o exercício irregular da profissão, conforme o subsecretário de Operações, Luciano Teixeira, “é de baixo potencial ofensivo, podendo acontecer desde a prisão, de 15 dias a três meses, até multa”.
A pasta assegura que os estacionamentos públicos são fiscalizados semanalmente. Aproximadamente 8,5 mil flanelinhas são registrados na Superintendência Regional do Trabalho. Por isso, quando são abordados, tanto o guardador quanto o lavador de carros devem mostrar a autorização na carteira de trabalho. O uso de colete e crachá, porém, não é obrigatório.
Diante disso, o que acontece em muitos casos, porém, é que esses trabalhadores terceirizam o serviço para pessoas não cadastradas.
chave furtada
“A gente não é informado de nada. Apenas sabe que existe uma regulamentação da profissão, mas não sabe como funciona essa fiscalização. Eu mesmo tive a chave do carro furtada nessa coisa de deixar na mão do flanelinha. Eu achava que podia confiar nele. Tive que trocar todas as fechaduras do meu carro”, conta T.M., que também já trabalhou no Brasil 21.
Nesses casos, como aconteceu com T.M., não há o que ser feito. A Seops orienta aos motoristas cuidado redobrado. Além da possibilidade de prejuízos, o proprietário pode responder nas áreas criminal, civil e administrativa pelo ato de permitir o flanelinha de conduzir o carro.
“Aqui é a minha área”, diz guardador
A equipe do Jornal de Brasília conversou com os flanelinhas que
trabalham no complexo Brasil 21 e os abusos foram confirmados por eles
mesmos. “Aqui é a minha área”, disse um deles. Outro tentou amenizar:
“As pessoas pagam se querem, mas a gente prioriza as vagas para aqueles
que pagam. Estamos prestando um serviço. Existe um acordo com algumas
pessoas e elas são nossos clientes. É claro que vamos guardar a vaga
para eles”.
Preocupados se estavam sendo filmados, os flanelinhas, que não
usavam coletes nem identificação do GDF, tentaram ainda coagir a
reportagem. “Isso não vai sair no jornal, né?”, questionavam. Mais
adiante, reconheceram que batem de frente com quem tenta estacionar
nas vagas “reservadas”. “Temos um acordo alguns clientes e se a pessoa
que não nos paga tenta ocupar essas vagas, a gente embarreira mesmo. É
assim que funciona”.
Segundo o subsecretário de Operações de Ordem Pública e Social,
Luciano Teixeira, os motoristas devem ter cuidado redobrado antes de
aceitar o serviço ou entregar a chave do carro. “Quanto à extorsão, o
cidadão deve procurar a polícia. E o que foi acordado entre o
proprietário e flanelinha deve ser respeitado por ambas as partes”,
diz.
Nos casos de ameaça, o motorista deve procurar a delegacia ou
ligar para o 190. “A PM deve, em uma situação dessas, autuar o
flanelinha, fazendo a detenção dele e conduzindo-o a uma delegacia”,
explica.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
celia m pessoa
A
proprio sistema público que tinha que por ordem tira o dele da reta. A
vários marginais vigiando carros e se dizendo donos dos estacionamentos
porém os orgãos públicos fazem vista grossa diante das extorsões e
ameaças, esse é o nosso Pais vale a lei do mais forte.
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