quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Dilma evita fazer comentário sobre vitimização dos condenados do mensalão


“Não julgo ações do Supremo”, disse ela ao Jornal Nacional ao ser questionada sobre o fato de o PT tratar como “vítimas” os membros do partido que foram condenados pelo STF

TV Globo
 
A saúde no Brasil não é "minimamente razoável", admitiu Dilma para o Jornal Nacional

Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, a presidenta Dilma Rousseff, que é candidata à reeleição pelo PT, repetiu nesta segunda-feira (18) a mesma resposta que já havia dado anteriormente sobre os escândalos de corrupção ocorridos em sua gestão e se recusou a responder sobre o comportamento do seu partido em relação aos condenados no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Um dos apresentadores do telejornal, William Bonner, afirmou que o PT considera os punidos como “guerreiros” e “vítimas de injustiça” e questionou a candidata se ela não avalia isso como “condescendência com a corrupção”
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“Sou presidente. Não faço observação sobre julgamentos realizados pelo STF. A Constituição Federal exige que o presidente da República e outros chefes de poder respeitem e considerem a importância da autonomia dos outros órgãos. Não julgo ações do Supremo. Tenho minhas opiniões pessoais. Enquanto for presidente, eu não externo opinião a respeito de julgamento do STF”, respondeu Dilma.

Diante da insistência do jornalista, Dilma disse que não tomaria “nenhuma posição” que a colocasse “em confronto” [com o STF]. “Respeito a decisão do Supremo”, afirmou.

Sobre a série de escândalos de corrupção que abalou sua administração, ela voltou a enfatizar que as gestões petistas – comandadas por Lula e por ela – estruturaram mecanismos de combate a irregularidades. “Por exemplo, a Polícia Federal ganhou imensa autonomia para investigar, descobrir e prender. Além disso, tivemos relação muito respeitosa com o Ministério Público. Nenhum procurador-geral da República foi chamado de engavetador-geral da República porque escolhemos, com absoluta isenção, os procuradores. Nós criamos a Controladoria-Geral da União, que se transformou em um órgão forte e também que investigou e descobriu muitos casos. Isso tudo foi providenciado antes dos escândalos. Nós criamos lei de acesso a informação. Criamos portal da transparência”.

A presidenta ressaltou ainda que nem todas as denúncias resultaram em condenações. “Muitos identificados pela mídia como autores de atos indevidos foram posteriormente inocentados”. Ela acrescentou: “Os partidos podem fazer exigências, mas só aceito as pessoas [indicadas] quando são íntegras, competentes e da minha confiança e têm tradição na área”.

País de classe média
Segundo Dilma, o Brasil quer continuar sendo “um país de classe média”: “Fui eleita para dar continuidade aos avanços do governo Lula e preparamos o Brasil para um novo ciclo de crescimento. Criamos as condições para o país dar um salto, colocando a educação no centro de tudo. E isso significa que nós queremos continuar a ser um país de classe média, cada vez maior a participação da classe média. Mais oportunidades para todos”.

Perguntada se achava justo culpar o cenário internacional ou o pessimismo por números negativos na economia e se o governo não tinha responsabilidade pelos resultados, Dilma respondeu que, pela primeira vez, o Brasil enfrentou a crise “não desempregando, não arrochando salários, não aumentando tributo”. “Pelo contrário, diminuímos e desoneramos a folha, reduzimos a incidência de tributos sobre a cesta básica”, afirmou.

Saúde
A presidenta, que figura como primeira colocada nas pesquisas de intenção de voto, reconheceu que a situação da saúde no Brasil não é “minimamente razoável”. “Até porque o Brasil precisa de uma reforma federativa. Assumimos, no caso do programa Mais Médicos, o atendimento aos postos de saúde como uma responsabilidade federal, mas é compartilhada. Assumimos porque temos mais recursos”, disse. Ela concluiu a entrevista declarando acreditar no Brasil. “Mais do que nunca precisamos acreditar no Brasil e diminuir o pessimismo”.

Ao contrário do que havia ocorrido com Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), Bonner e sua colega de bancada Patrícia Poeta não entrevistaram Dilma Rousseff no estúdio da TV Globo, no Rio de Janeiro, mas no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República. O cenário não alterou a conduta dos entrevistadores, que adotaram com a anfitriã o mesmo tom questionador e duro dispensado aos dois presidenciáveis ouvidos antes.

Em enquete relâmpago feita pela página do Congresso em Foco no Twitter, o desempenho de Dilma recebeu nota média 3 (de zero a dez). Nesta terça-feira, será entrevistado o Pastor Everaldo, candidato a presidente pelo PSC.

Veja a íntegra, em vídeo, da entrevista de Dilma Rousseff ao Jornal Nacional

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