Às vésperas da divulgação de dados que podem apontar recessão em plena
campanha eleitoral, o governo Dilma Rousseff lançou um pacote de
estímulo ao crédito. Anunciadas em sequência pelo Banco Central e pela Fazenda, as medidas
combinam injeção de dinheiro no sistema bancário, afrouxamento dos
controles para a concessão de empréstimos e normas voltadas para o
financiamento de imóveis e veículos.
Pelos cálculos oficiais, a oferta de crédito pode ser elevada em R$ 25
bilhões. Os bancos comemoraram as medidas, que devem melhorar o
"ambiente para o crédito no país", mas avisaram o governo que elas não
terão efeitos significativos no curto prazo. Motivos: o cenário de
incerteza eleitoral e a pouca disposição dos consumidores de contrair
dívidas.
O Palácio do Planalto também não conta com impactos imediatos, mas seu
objetivo é mostrar que não está paralisado diante da retração na
economia, que pode afetar a imagem da presidente Dilma.
A intenção do governo é clara: desmontar restrições ao crédito adotadas
nos últimos anos para proteger a solidez do sistema bancário e, também,
ajudar no controle do consumo e da inflação.Do pacote desta quarta-feira (20), R$ 10 bilhões virão da redução do
volume de dinheiro que os bancos são obrigados a manter depositado no
BC; outros R$ 15 bilhões são esperados com o abrandamento de exigências
de cautela nos financiamentos.
Desde o fim do governo Lula, os bancos brasileiros vinham trabalhando
com regras mais rígidas --na forma de capital mínimo em garantia das
operações-- que as adotadas em convenções internacionais. Agora, essas
travas foram retiradas. O BC aproveita uma trégua --temporária ao
menos-- da inflação, que perdeu fôlego com a piora da economia.
Para analistas, números que serão divulgados na próxima semana podem
mostrar retração nos dois primeiros trimestres do ano. Uma das
principais marcas da administração petista, a expansão do
crédito ajudou a impulsionar o consumo e a economia no segundo governo
Lula. Com Dilma, porém, o ritmo diminuiu. Desde o início deste ano, o
volume total de empréstimos oscila em torno de 56% do PIB, ou R$ 2,8
trilhões em junho.(Folha)
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