Chefe do Ministério Público do DF protocolou acusação no Tribunal de
Justiça contra ex-governador, duas filhas, Wesliane e Liliane, e um
neto, além de empresários, por corrupção e lavagem de dinheiro. Defesa
alega motivação política.
Joaquim Roriz era governador quando teria favorecido empresários em troca de benefícios.
A procuradora-geral de Justiça do DF, Eunice Carvalhido, denunciou o
ex-governador Joaquim Roriz (PRTB), a deputada distrital Liliane Roriz
(PRTB), os empresários Roberto e Renato Cortopassi, o ex-presidente do
BRB Tarcísio Franklim de Moura e outras quatro pessoas por corrupção e
lavagem de dinheiro. Eles são acusados de envolvimento em um suposto
esquema de favorecimento a empresários em troca da concessão de
benefícios a integrantes do clã Roriz. Os acusados negam participação no
caso e apontam uso político da denúncia. ...
Além do ex-governador e de Liliane Roriz, Weslliane Maria Roriz Neuls,
filha de Roriz, e Rodrigo Domingos Roriz Abreu, neto do ex-governador
também tiveram os nomes citados. O ex-gerente de crédito do BRB Antônio
Cardozo de Oliveira e o ex-diretor do banco Geraldo Rui Pereira também
foram denunciados ao Conselho Especial do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e dos Territórios.
Segundo o Ministério Público, os empresários da construção civil Renato
e Roberto Cortopassi teriam pedido a interferência do então governador
Joaquim Roriz para conseguir facilidades na concessão e renovação de
empréstimos junto ao BRB. Os recursos seriam usados na construção do
residencial Monet, em Águas Claras. Em troca, os empresários teriam
repassado 12 apartamentos no prédio a integrantes da família Roriz. De
acordo com a denúncia, os imóveis foram negociados de forma fictícia.
Improbidade
Os fatos denunciados pelo MP já motivaram a apresentação de uma
denúncia por improbidade administrativa, que foi aceita pela Justiça e
tramita na 3ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal
A deputada federal Jaqueline Roriz (PMN) já é alvo do inquérito 3325,
que tramita no Supremo Tribunal Federal, por conta dos mesmos fatos. O
caso está no STF porque Jaqueline tem foro privilegiado. O relator do
processo é o ministro Luiz Fux, e as acusações são de falsidade
ideológica. Em março deste ano, Fux determinou o desmembramento da
denúncia, uma vez que, inicialmente, havia outras quatro pessoas no rol
de acusados.
Segundo a Procuradoria Geral da República, responsável pela denúncia no
STF, “a falsidade ideológica foi realizada para simular a compra e
venda de unidades habitacionais no Residencial Monet, de maneira a
acobertar a origem da verdadeira aquisição, qual seja, o empréstimo
irregular concedido pelo Banco Regional de Brasília à empresa WRJ”. No
caso da denúncia apresentada ontem pelo MP à Justiça, a avaliação será
do Conselho Especial do TJDFT, também por conta de prerrogativa de foro
de Liliane Roriz.
Críticas
Em nota, os integrantes da família Roriz refutaram as acusações e
criticaram a apresentação da denúncia a um mês das eleições. “Não há
fato novo. O curioso é o MP, no meio do processo eleitoral, tirar do
armário cadáveres processuais para tentar atrapalhar a família Roriz,
assim como faz em todas as eleições”. O clã Roriz afirma que não teve
acesso ao processo, mas garante que os familiares do ex-governador estão
tranquilos.
O advogado Gandhi Gouveia Belo da Silva, que representa os irmãos
Cortopassi, também criticou duramente a denúncia apresentada pelo
Ministério Público por corrupção e lavagem de dinheiro. “O Ministério
Público tem que deixar de agir como um partido político de esquerda.
Tudo já foi explicado e está nos autos”, afirma. A reportagem não
localizou os advogados dos ex-diretores do BRB para comentar as
denúncias.
Penas
Pelo Código Penal Brasileiro, a pena para o crime de corrupção varia de
dois a 12 anos de prisão e mais cobrança de multa. Já para o crime de
lavagem de dinheiro, a legislação prevê pena de três a 10 anos de
prisão, além de multa.
Fonte: Por HELENA MADER, Correio Braziliense - 02/09/2014 - - 07:36:12
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