BLOG do SOMBRA
Joaquim Roriz (à esq.) Em 2010 tentava se eleger governador mais uma
vez. José Roberto Arruda (à dir.) voltava a circular por Brasília.
Arruda foi afilhado político de Roriz. Depois, passaram a desafetos.
Agora eles são novamente aliados. Relembrando a história desses dois
grandes personagens da política do Distrito Federal, fica uma pergunta?
Quem mudou? Arruda ou Joaquim? Faço a pergunta ao relembrar uma matéria
assinada por Andrei Meireles, publicada pela revista Época de 20 de
agosto de 2010, e que hoje compartilho com você.
Na matéria, Arruda acusa Joaquim Roriz de ter pago propina a
integrantes do Ministério Público do Distrito Federal. Na ocasião da
publicação, nem Joaquim e muito menos sua filha Jaqueline Roriz
responderam a Arruda.
Em 2010 Joaquim tentava voltar ao Palácio do Buriti e Arruda amargava o
ostracismo. Na eleição, Arruda declarou apoio a Agnelo Queiroz.
Passados quatro anos, Arruda e Roriz se juntam novamente, e é Arruda
quem tenta voltar ao Buriti falando mal de Agnelo Queiroz. ...
Leia abaixo, afinal relembrar é viver
Exclusivo: Arruda acusa Joaquim Roriz de pagar propina ao MP
Na terça-feira passada, o ex-governador do Distrito Federal José
Roberto Arruda resolveu se arriscar num teste de popularidade no centro
de Brasília. Arruda andava recluso desde que saiu da cadeia, em abril,
depois de passar dois meses na prisão e perder o mandato em decorrência
da divulgação de um vídeo em que aparecia recebendo dinheiro de uma
suposta propina. Nas ruas da capital, ele até se saiu bem. Não foi
hostilizado e recebeu cumprimentos de alguns populares. Animado com a
receptividade, Arruda conversou com ÉPOCA. Disse ter prestado um
depoimento a procuradores da República com revelações sobre o Ministério
Público do Distrito Federal e o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) –
líder, segundo as pesquisas, na atual corrida pelo governo do Distrito
Federal.
ÉPOCA teve acesso ao depoimento de Arruda. No dia 2 de julho, ele
contou aos investigadores uma história bombástica. Segundo Arruda, o
ex-governador Joaquim Roriz teria pagado propina para não ser denunciado
à Justiça. Em 2007, Roriz foi flagrado em conversas telefônicas em que
acertava o recebimento de dinheiro suspeito. As conversas foram
grampeadas com autorização judicial em meio à Operação Aquarela, em que a
Polícia Civil de Brasília investigou denúncias de fraudes em operações
do Banco de Brasília (BrB). Em seguida à divulgação do grampo Roriz
renunciou ao mandato de senador. Apesar de todas as evidências, o
Ministério Público do Distrito Federal só ajuizou uma ação por
improbidade administrativa contra Roriz em abril deste ano, três anos
depois da renúncia.Uma possível razão para essa demora pode estar no
depoimento de Arruda. Segundo Arruda, em julho do ano passado a
promotora de Justiça Deborah Guerner lhe relatou ter recebido de Roriz
três parcelas no valor de R$ 800 mil cada uma como pagamento para o
Ministério Público não ajuizar ação contra o ex-governador. Roriz nega:
“Isso não é verdade. Não paguei propina e sequer fui formalmente
investigado”.
Arruda foi afilhado político de Roriz. Hoje, eles são desafetos. Arruda
desconfia de que Roriz está por trás das denúncias que o tiraram do
poder e o levaram para a cadeia. Arruda poderia ter inventado essa
história apenas para prejudicar Roriz? Sim. Mas outros documentos
reforçam sua versão. Um deles foi um depoimento prestado ao Ministério
Público Federal por Durval Barbosa – operador de esquemas de corrupção
nos governos Roriz e Arruda e delator do escândalo desencadeado pela
divulgação dos vídeos em que os políticos de Brasília recebem dinheiro
supostamente ilegal. No depoimento, Durval afirmou que foi procurado por
Deborah Guerner e por seu marido, Jorge Guerner, para ajudá-los a
receber R$ 800 mil de Joaquim Roriz. Seria mais uma parcela de um total
de R$ 4 milhões que teria sido acertado para que Roriz não fosse
processado por causa da Operação Aquarela.
Segundo Arruda, promotora lhe disse que Roriz pagou propina para não ser denunciado à Justiça
O MPF investiga também uma denúncia feita por Durval Barbosa em que ele
diz que Arruda pagou R$ 150 mil por mês a Deborah Guerner e ao
ex-procurador-geral de Justiça Leonardo Bandarra para favorecer empresas
contratadas pelo governo de Brasília para a coleta de lixo. Em seu
depoimento aos procuradores da República, Arruda afirmou também que foi
chantageado por Deborah para favorecer uma empresa excluída de um
contrato de coleta de lixo. Deborah teria exigido que essa empresa fosse
contratada para a prestação de outros serviços para o governo do
Distrito Federal. Diz Arruda no depoimento: “Que Deborah Guerner subiu o
tom das ameaças, afirmando: ‘Então o senhor vai ver suas imagens na
televisão e nenhuma explicação sua será capaz de amenizar o impacto’”.
Deborah Guerner confirmou que esteve com Arruda na residência oficial do
governador do Distrito Federal. “Estive lá, sim. Mas não vou falar
sobre o que conversamos.” A promotora se negou também a comentar a
denúncia de que teria chantageado Arruda e recebido propina de Roriz.
ÉPOCA apurou que o encontro entre Arruda e Deborah teria ocorrido no
dia 10 de julho do ano passado. Os preparativos para a reunião foram
gravados em vídeo por Deborah. Ela gravou também um telefonema para o
então vice-governador, Paulo Octávio Pereira, em que pediu ajuda para
marcar a reunião com Arruda. Deborah registrou também uma conversa com
Leonardo Bandarra, em que pediu orientação sobre como deveria se
comportar com Arruda. Bandarra teria aconselhado a promotora a simular
um ataque de nervos caso o governador se negasse a atender à exigência.
Ela, aparentemente, teria seguido a recomendação. “No encontro, Deborah
Guerner transitou entre irritação e destempero”, descreveu Arruda em seu
depoimento aos procuradores. Bandarra nega que sabia da reunião entre
Arruda e Deborah Guerner. Também desmente interferência nas
investigações da Operação Aquarela.
As gravações feitas por Deborah foram registradas por um sistema
interno de câmeras com sensores infravermelhos, instalados em três
ambientes em sua casa, capazes de registrar até imagens no escuro. São
milhares de horas de gravação que foram apreendidos pela Polícia
Federal. Antes Deborah havia dito que sua casa era um verdadeiro big
brother. Na semana passada, ela foi irônica ao comentar o fato. “Com
tudo isso, é um serviço e tanto que tenho presta.
Em seu depoimento, Arruda afirmou também que relatou as ameaças de
Deborah ao diretor-geral da Polícia Federal, delegado Luiz Fernando
Corrêa, num encontro em que teria denunciado uma parceria entre a
promotora e o delator Durval Barbosa. No encontro, segundo Arruda,
Corrêa teria lhe prometido acompanhar o caso e também lhe dado um
conselho para não demitir Durval. “Esse encontro simplesmente não
aconteceu. Nunca falei com o governador sobre esse assunto”, disse
Corrêa.
Fonte: Redação com informações da revista Época - 02/09/2014 - - 11:23:41
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