29/09/2014 19h53
- Atualizado em
29/09/2014 21h02
Sequestro foi 'medida desenfreada' para 'chamar atenção', disse defesa.
Ação durou mais de sete horas; arma e material explosivo eram falsos.
Sequestrador com refém na sacada de hotel
De acordo com o delegado Paulo Henrique Almeida, da Divisão de Comunicação da Polícia Civil do Distrito Federal, Santos responderá por sequestro, com agravante de prejuízo moral à vítima. A pena varia de 2 a 8 anos de prisão, e não há possibilidade de fiança. O sequestrador ainda pode receber multa referente aos custos da operação, que envolveu mais de 150 policiais.
Acionado por familiares do sequestrador por volta do meio-dia, o advogado afirmou que Santos se disse "extremamente insatisfeito com a forma com que a política está ocorrendo no Brasil". Nascimento diz ter ouvido do cliente dele que ele não tinha intenção de oferecer risco a nenhuma vítima.
O sequestrador prestou depoimento à polícia por cerca de duas horas. Segundo Almeida, o acusado ficou em silêncio por todo o tempo, ao ser questionado pelos policiais. Ele deve ser transferido ainda nesta noite para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada.
Segundo a defesa, o sequestrador teria dito que chegou a escolher uma mulher como refém, mas desistiu por considerar que ela não teria "estrutura para suportar aqueles momentos". O sequestro durou mais de sete horas, e um funcionário do hotel foi tomado como refém.
Segundo Nascimento, o homem tem problemas psicológicos e teria tentado suicídio há poucos dias. O chefe de comunicação da Polícia Civil responsável pelo caso nega que o tema tenha sido tratado durante o depoimento.
O autor do sequestro pediu "desculpas a todos" ao deixar o hotel, segundo a polícia. A ação começou antes das 9h e terminou às 16h15. As negociações foram encaminhadas pela Polícia Civil e, segundo Almeida, não houve interferência da família no diálogo com o sequestrador.
"A Polícia Civil do DF está preparada para lidar com este tipo de caso, e sempre trabalhou com a hipótese de que ele iria se entregar. A calma do funcionário mantido refém foi fundamental para o bom andamento das negociações", afirmou Almeida.
Horas de pânico
O sequestro começou às 9h. Os hóspedes do hotel Saint Peter foram orientados a evacuar o prédio, depois que um homem invadiu o prédio e anunciou um "ataque terrorista". O chefe dos mensageiros do hotel foi mantido como refém, e obrigado por Santos a vestir um colete com as bananas de dinamite – que, depois, se revelaram falsas.
Foram mais de sete horas de cativeiro. Por diversas vezes, o sequestrador e o refém apareceram na sacada do apartamento, localizado no 13º andar do hotel. Por várias horas, o refém aparecia com as mãos algemadas. Já perto do fim da ação, o sequestrador e o funcionário do hotel apareceram com os pulsos unidos pelas algemas, já sem o colete com as supostas dinamites.
Por
volta das 16h, o sequestrador voltou à sacada com o braço esquerda
algemado ao braço direito do refém, que já estava sem o colete com os
supostos explosivos
Durante o sequestro, a polícia trabalhava com uma chance de 98% de que os explosivos fossem verdadeiros. A todo tempo, Souza mostrava aos policiais que estava em posse de uma arma, que também foi identificada como falsa ao fim dos trabalhos.
Cartas de despedida
Antes de viajar para Brasília, o autor do sequestro deixou cartas em posse de um amigo, que deveriam ser entregues a familiares e colegas.
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Maurílio Martins Araujo, de 30 anos, recebeu uma das cartas. “Ele deixou uma carta para um amigo em comum
no sábado para entregar para a mãe dele e para mim. A carta da mãe
parecia despedida, só loucuras, barbaridades. Para mim, ele deixou a
relação de contas para pagar", disse.- Sequestrador em hotel de Brasília escreveu frases desconexas em papel
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Maurílio afirmou ao G1 que o colega é uma boa pessoa, e que a família ficou sabendo do caso pela televisão.
Amiga da família e chamada de "tia" pelo sequestrador, a dona de casa Alaídes Alves Góis, de 50 anos, disse ainda não ter entendido o que aconteceu. Segundo ela, que soube do caso pela TV, a ação não combina com a postura do sequestrador.
"Ele é como se fosse um filho para mim, foi criado junto com meu filho. Ele me chama de tia", disse. "A atitude dele é muito desesperadora. Não acredito que vá acontecer, que ele vá fazer nenhuma desgraça. Não acho que ele faria isso a alguém. Falei com a mãe dele por telefone. Ela me pediu, pelo amor de Deus, para interceder. Ele me escuta mais que à mãe."
Alaídes conta que conheceu a família quando comprou uma fazenda no interior de Tocantins e se tornou vizinha deles. O contato, iniciado em 1987, prossegue até hoje. A dona de casa disse que todos se consideram como sendo "do mesmo sangue".
Jac Souza dos Santos
As cartas teriam sido escritas no dia 26. O homem foi para o Brasília no próprio carro, e o automóvel foi apreendido para perícia.
Prédio evacuado
Por causa do sequestro e ameçada de explosão do hotel, os hópedes do Saint Peter tiveram de deixar o prédio logo cedo. O acesso só foi liberado novamente pouco antes das 17h, após a rendição do sequestrador.
Entre os hóspédes etava o lutador de MMA Rodrigo Nogueira, o Minotauro. Ele e o irmão participaram neste final de semana de um evento esportivo em Brasília.
Minotauro disse ao G1 que foi informado que teria de deixar o hotel por causa de um vazamento de gás. "A gente desceu pelo elevador. Lá dentro não ficamos sabendo de nada. A primeira informação foi que estava tendo um vazamento de gás, que era para a gente sair o mais rápido possível."
A médica Larissa Dourado, que veio para Brasília para participar de um congresso de cardiologia, disse que estava no quarto quando os bombeiros bateram à porta, por volta de 9h30 da manhã, e disseram que era para ela deixar o hotel.
"Começaram a bater nas portas dos quartos, chamando a gente, eles se identificaram como bombeiros e disseram que era pra evacuar os quartos. Foi supertranquilo, desci de elevador. Não trouxe nada além do meu celular, até meus documentos estão lá dentro", disse.
(Colaborou Gabriel Luiz, do G1 DF)
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