terça-feira, 30 de setembro de 2014

Mercado vê em Dilma ameaça maior do que no início da campanha


Por Ana Clara Costa, na VEJA.com:

Enquanto o eleitor parece cada vez mais inclinado a oferecer à presidente Dilma Rousseff a oportunidade de um novo mandato, investidores sinalizam exatamente o oposto. Um forte movimento de venda de ações fez com que o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, recuasse 4,52% nesta segunda-feira, a maior queda em três anos. O dólar também disparou, chegando a ser cotado a 2,47 reais — seu maior valor desde 2008, período agudo da crise financeira internacional. A moeda americana perdeu força no final do pregão e fechou a 2,45 reais. As ações das empresas estatais lideraram as baixas: Petrobras caiu 11,4%, enquanto o Banco do Brasil recuou 9%. As ações da própria BM&FBovespa recuavam 8,3% no mesmo período.

Não é de hoje que o mercado financeiro tem reagido de forma pessimista à possibilidade de reeleição da candidata petista. Desde março deste ano, as ações (em especial as da Petrobras) têm oscilado ao sabor das pesquisas eleitorais. Depois da trágica morte do peessebista Eduardo Campos, em agosto, e da ascensão de Marina Silva ao posto de presidenciável, as chances de reeleição de Dilma haviam diminuído — o que trouxe certo alívio para a bolsa e o dólar.

Contudo, a melhora da atual presidente nas pesquisas, que apontam sua vitória no segundo turno ante ambos os concorrentes, Aécio Neves e Marina, fez com que um movimento de venda de ações se aprofundasse na bolsa. O Ibovespa chegou a cair quase 6% na abertura, com os papéis da Petrobras recuando 10%. Em ambos os casos, a queda é muito mais profunda do que o que foi assistido no início de 2014, quando as primeiras pesquisas começaram a ser divulgadas criando alta volatilidade na bolsa.

O que mudou de lá pra cá, segundo analistas ouvidos pelo site de VEJA, é que aumentou (e muito) a aversão que o mercado nutria em relação à candidata. “Muitos têm opinião pior do que antes sobre a provável política econômica num segundo governo Dilma. Eles perceberam uma inflexão à esquerda em seu discurso, especialmente na questão envolvendo a independência do Banco Central”, afirma o economista Tony Volpon, do Nomura. A presidente Dilma encampou o discurso de que ter um BC autônomo significaria “entregar o país a banqueiros”. Ela também questionou a necessidade de se cumprir o superávit primário, que é a economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida, e reafirmou seu compromisso com subsídios à indústria num momento em que o próprio setor industrial pede maior abertura econômica.

Segundo o analista Felipe Miranda, da Empiricus, antes da morte de Campos, os investidores tinham dúvida se um novo governo Dilma atravessaria uma curva de aprendizado, admitindo erros e retomando um caminho mais ortodoxo. “Hoje, resta pouca dúvida de que um segundo mandato representaria mais do mesmo, com algum recrudescimento, pois a guerra contra o setor privado, num momento em que precisamos retomar os investimentos, está declarada em caráter explícito”, afirma Miranda, autor do livro O Fim do Brasil, lançado na semana passada pela editora Escrituras.

Um movimento de queda foi percebido nesta segunda-feira em todos os mercados emergentes, porém, nenhum na mesma intensidade que o Brasil. Nos Estados Unidos, o S&P recuou 0,2% e o Dow Jones, 0,25%. “É um movimento global que pode ser visto na Coreia do Sul, Taiwan, índia, Turquia, África do Sul e Israel. Isso porque acredita-se que a economia americana não está se recuperando no ritmo acelerado que antes se achava”, avalia o economista-chefe da Gradual, André Perfeito.

Por Reinaldo Azevedo


Dilma e os mercados: não existe petista grátis!

Os mercados, como se diz no jargão da área, derreteram nesta segunda-feira. O índice Bovespa despencou, atraído, principalmente, pela queda das ações da Petrobras, e o dólar disparou. Os investidores estavam botando preço nos números da pesquisa Datafolha divulgada na sexta, que indicaram que a posição de Dilma melhorou. Na hipótese mais alarmista, não seria impossível ela ganhar mais uns cinco ou seis pontos e até vencer no primeiro turno, coisa na qual, francamente, não acredito. Nas últimas três eleições, o PT teve nas urnas menos votos do que lhe conferiam os institutos de pesquisa. De todo modo, os mercados estão mais de olho no risco do que nas hipóteses de salvação.

Pois é… Dilma e o PT inventaram a equação do capeta — contra o país e, em certa medida, contra si mesmos. A presidente tem uma de duas alternativas para explicar por que o país terá uma expansão próxima de zero neste ano, com inflação quase estourando o limite superior da meta e juros nas estrelas: ou admite que o problema é interno, que fez as escolhas erradas e que é, enfim, uma gestora incompetente ou joga toda a culpa no cenário externo, e o Brasil apenas estaria reagindo a uma realidade internacional adversa. Ainda está para ser inventado nas terras de Santa Cruz um político que faça um mea-culpa, não é mesmo? Não seria um petista a iniciar a fila. Assim, os companheiros decidiram culpar o resto do mundo. A “companheira presidenta e governanta” está a dizer que não há nada a fazer a não ser depender da boa vontade de estranhos — quem sabe torcer que os outros se ferrem para que a gente melhore…

Entendam: isso vale por um diagnóstico. Acontece que 10 entre 11 analistas — e o que está na contramão é petista — consideram que o cenário externo para a economia brasileira será, no ano que vem, mais adverso do que neste ano. Entenderam a lógica elementar, até pedestre, da equação com a qual Dilma acena ao país? Se o mundo é culpado por nosso mau desempenho e esse mundo ainda nos será mais hostil, então… Pior: desde 2002, esta será a eleição mais arriscada para o PT. O desgaste do partido é gigantesco. Vejam, só como indicador, o resultado eleitoral do partido em Estados como São Paulo, Paraná e Rio. O quadro é de humilhação eleitoral. Em momentos assim, em vez de o PT se mostrar mais aberto, faz o contrário: ele se volta para os seus fundamentos — ou para seu discurso fundamentalista.

Não pensem, por exemplo, que aquele discurso estúpido de Dilma na ONU, quando sugeriu diálogo com cortadores de cabeça, passa em branco. Não passa, não! Ele dá notícia de uma presidente descolada da realidade internacional, periférica, isolada em seu círculo de mediocridade, incapaz de liderar uma nação emergente.

O discurso é sinal de que a jeca, em seu casaquinho que lhe corta, de forma desastrada e desastrosa, a silhueta na parte do corpo que menos a favorece, está mesmo em desarmonia com o mundo. Aquele casaquinho vermelho é metáfora de um país burro, acanhado, ao qual, cada vez mais, se dá menos bola.

Não existe petista grátis. Sempre tem um preço. O de agora é altíssimo.

Por Reinaldo Azevedo

No embalo de Dilma 2 – Ibovespa derrete no início do pregão

Na VEJA.com:

O principal índice da BM&FBovespa, bolsa de valores brasileira, começou o dia em queda de 0,21%, aos 57.089 pontos. Com apenas 20 minutos de pregão, o Ibovespa já despencava 5,25% (54.206 pontos), muito influenciado pelas pesquisas eleitorais. Ao longo da sessão, a queda perdeu intensidade. Por volta de 13h30, o principal índice da Bovespa recuava 3,30% (55,323.89 pontos). Os papéis da Petrobras perdiam 9% e lideravam as perdas do Ibovespa. Em seguida, apareciam a construtora Even (6,82%), BMFBovespa (6,69%) e Gafisa (5,96%). Na contramão, as principais altas eram registradas por Fibria (1,70%), BB Seguridade (1,47%) e Qualicorp (1,17%).

“Ocorre fuga do Brasil com temor de que tenhamos mais um governo de muito intervencionista, com políticas desfavoráveis às estatais, com controle de preços e intervenção, como combustíveis e energia. Além disso, tem a falta de confiança no governo. Mas como você recupera o investimento se você está brigado com aqueles que detém os recursos para investimento, o mercado financeiro?”, explica o analista da Empiricus Felipe Miranda.

Nesta segunda-feira as negociações de contratos futuros do Ibovespa para outubro já sinalizavam uma abertura bastante negativa para a bolsa brasileira. Às 9h31, o contrato para outubro do Ibovespa negociado na BM&F recuava 5,41%, a 54.690 pontos. Pesquisas eleitorais divulgadas na sexta-feira à noite mostrarem nova melhora da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, na corrida presidencial. O cenário eleitoral tem influenciado muito o desempenho de ações da BM&FBovespa, especialmente as ligadas ao governo, como Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil, o chamado “kit eleições”.

Levantamento do Datafolha mostrou que Dilma praticamente dobrou sua vantagem sobre Marina Silva (PSB) para o primeiro turno da eleição, no próximo domingo, e passou a ter vantagem numérica em relação à candidata do PSB em simulação de um segundo turno. O quadro externo desfavorável também corroborava as perdas, com declínio nos índices futuros norte-americanos e nas bolsas europeias, em meio a manifestações civis em Hong Kong.

“A bolsa não está caindo à toa. O governo flerta com baixo crescimento e inflação, atribui muito culpa ao cenário internacional, mas o cenário internacional tende a piorar. O próximo ano promete ser muito pior, com queda dos preços das commodities e aumento das taxas de juros norte-americanas (que atraem dinheiro dos mercados emergentes para os EUA)”, comentou ainda Felipe Miranda, da Empiricus.


Câmbio
O dólar disparou nesta segunda-feira, voltando ao maior patamar desde final de 2008, com o mercado reagindo à recuperação da presidente Dilma na corrida eleitoral. Por volta de 9h50, a moeda norte-americana subia 2,26% e chegou a atingir máxima de 2,4792 reais, maior nível intradia desde 10 de dezembro de 2008 (2,5100 reais). Ao longo da manhã, no entanto, a alta perdeu ritmo. Por volta das 13h30, o dólar subia 1,32%, cotado a 2,4479 reais.
Por Reinaldo Azevedo

No embalo de Dilma 1 – BC reduz projeção de expansão do PIB a 0,7% neste ano

Na VEJA.com:

O Banco Central (BC) reduziu sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano de 1,6% para 0,7%, ao mesmo tempo em que praticamente manteve sua visão sobre a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A recuperação tende a ser comedida. Em 12 meses até o segundo trimestre de 2015, a estimativa do BC é de que a atividade cresça 1,2 por cento. As informações constam no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta segunda-feira.

A previsão central associada ao cenário de referência (considerando Selic a 11% ao ano e dólar a 2,25 reais) está agora em 6,3%, ante 6,4% na estimativa anterior, do relatório de junho. Mesmo assim, ela continua muito próxima do teto da meta oficial do Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. A meta em si é de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos (2,5% a 6,5%).

“A projeção parte de 6,6% no terceiro trimestre de 2014 e encerra o ano em 6,3%. Para 2015, a projeção recua para 6,0% no primeiro trimestre, desloca-se para 5,6% e 5,8% no segundo e terceiro trimestres, respectivamente, e encerra o ano em 5,8%. Para o primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2016, a projeção encontra-se em 5,6%, 5,3% e 5,0%, respectivamente”, espera o BC.
Juros

O Banco Central praticamente manteve seu cenário de inflação pressionada e próxima do teto da meta oficial, sinalizando que não deve mexer na taxa básica de juros tão cedo. Depois de adotar um ciclo de aperto monetário que durou um ano e levou a Selic para o atual patamar de11% ao ano, desde maio passado o BC não mexe na taxa básica de juros.

“O Comitê reafirma sua visão de que, mantidas as condições monetárias (isto é, levando em conta estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária), a inflação tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção”, escreveu o BC no relatório trimestral, repetindo a visão que já havia sido colocada em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e que levou boa parte dos especialistas a entender que a autoridade monetária não quer elevar a Selic para não prejudicar a economia. Na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada no dia 11 de setembro, o BC passou a ver que a inflação não é mais “resistente”, mantendo a visão no relatório divulgado mais cedo.

A aposta generalizada dos agentes econômicos é de que o BC não muda a taxa de juros pelo menos até o fim de 2014. Em 12 meses até agosto, último dado disponível, o IPCA havia estourado o teto do objetivo, com alta acumulada de 6,51%.

“Apesar de a inflação ainda se encontrar elevada, pressões inflacionárias ora presentes na economia tendem a arrefecer ou, até mesmo, a se esgotar ao longo do horizonte relevante para a política monetária. Em prazos mais curtos, some-se a isso o deslocamento do hiato do produto para o campo desinflacionário”, afirmou o BC pelo relatório.

Por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário: