terça-feira, 30 de setembro de 2014

Buffalo, o Hulk, retira o apoio que dera a Marina


Josias de Souza

Durou pouco, muito pouco, pouquíssimo o apoio do ator norte-americano Mark Ruffalo, intérprete do personagem Hulk, a Marina Silva. Após gravar vídeo em que rasgava elogios à candidata, ele ficou verde ao “tomar conhecimento” de que Marina se opõe ao casamento gay e aos direitos reprodutivos da mulher —leia-se aborto.

Em texto veiculado na internet nesta segunda-feira (29), Ruffalo anotou ter visto debate em que Marina “disse que apoiou o casamento gay.” Mas acrescentou: “Vim a descobrir depois o fato de que seu partido retirou o apoio a esta questão.”

Prosseguiu: “Eu não posso, em sã consciência, apoiar um candidato que tem uma abordagem dura em relação a questões como o casamento entre homossexuais e os direitos reprodutivos, mesmo que o candidato esteja disposto a fazer a coisa certa sobre as questões ambientais.”

Percebe-se que o Incrível Hulk ouviu o galo cantar sobre Marina e tirou suas próprias confusões. Em relação aos homossexuais, como se sabe, sucedeu que a candidata, não o partido, mandou apagar do seu programa o vocábulo “casamento”. O que ela deseja, informa a versão final da peça, é “garantir os direitos oriundos da união civil entre pessoas do mesmo sexo.”

O diabo é que isso já foi assegurado pelo Supremo Tribunal Federal. A comunidade LGBT, que esperava mais da evangélica Marina, passou a trovejar contra ela. Os estrondos dos raios que a partam chegaram às orelhas de Ruffalo. Que levou o pé atrás. Quanto ao aborto, a posição da candidata é bem conhecida: Marina é contra. Qualquer novidade em relação ao que já está previsto na Constituição, só mediante plebiscito.

“Neste momento, seria bom saber definitivamente como a candidata Silva se posiciona sobre estas questões e em termos inequívocos”, escreveu Ruffalo. “Atualmente, é um pouco obscuro e incerto. Até agora, com base no que eu tenho sido capaz de recolher a partir dos poucos posts aqui, e do que está disponível na internet, estou retirando o meu apoio.”

Categórico, o ator solicitou: “Gostaria de pedir que sua campanha não usasse o meu vídeo de apoio até que ou afirmem o seu apoio para o casamento gay e os direitos reprodutivos das mulheres ou deixem claro como se posicionam sobre estas importantes questões.” Era tarde demais. O vídeo já ganhara o site da campanha.

A equipe de Marina pendurou no Twitter dela mensagens em inglês endereçadas a Ruffalo. Numa, anotou-se que não é verdade que Marina seja contra o casamento entre homossexuais (“gay marriage”). Noutra, informou-se que a posição da candidata consta do programa, que só faz menção à “união civil”, não ao casamento. Quer dizer: no comitê de Marina, as confusões vêm em camadas.

Noutra mensagem, a assessoria terceirizou a urucubaca: “Além disso, @markruffalo, você precisa saber que as eleições brasileiras estão tendo uma enxurada de mentiras e essa é outra sobre Marina.”


Resumo da ópera: o apoio de Mark Ruffalo, ator de segunda linha em Hollywood, tem importância zero para a campanha de Marina. Ainda assim, foi trombeteado pelo comitê da candidata como um troféu. Horas depois, o irrelevante tornou-se um problema. Aos pouquinhos, o nada vai se transformando nos arredores de Marina numa palavra que ultrapassa tudo.

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