VEJA
Propriedade privada: o pilar fundamental das sociedades avançadas. Não por acaso o alvo principal
dos coletivistas igualitários, muitas vezes dando vazão a um sentimento
mesquinho de inveja, tantas outras aderindo a um romantismo boboca de
que basta distribuir para tudo ficar bem. Rousseau e Marx atacaram o conceito de propriedade privada como se fosse a causa das mazelas humanas. Era o contrário.
Mas desde então a esquerda radical flerta
com o ataque sistemático ao ícone do modelo capitalista, que é
preservar e garantir a propriedade particular de cada um sobre seus bens. No campo, os produtores rurais já convivem com essa constante ameaça há décadas.
A própria Constituição, ao adotar o elástico e ambíguo conceito de “função social” da propriedade, abriu as comportas para o relativismo e a flexibilização do direito de posse. Muita invasão foi feita em nome dessa busca pela “justiça social”, prejudicando o avanço do agronegócio.
Mas agora a senha está dada: a esquerda radical quer transportar essa “luta” do campo para as cidades. De uns tempos para cá tem ficado evidente que o alvo
não são mais os “latifúndios improdutivos”, que nem mesmo existem mais,
e sim os “imóveis ociosos”, ou os “latifúndios urbanos”, como disse a
líder do Movimento Passe Livre em seus 15 minutos de fama durante as
manifestações de junho de 2013.
Evidência do fenômeno foi a ascensão de alguém como Guilherme Boulos, um invasor de propriedade que se tornou colunista da Folha e é recebido pela própria presidente
Dilma. Líder do MTST, o braço urbano do MST, Boulos quer invadir,
pilhar e tomar o que é nosso, tudo sempre em nome da tal “justiça
social”. Não são pessoas realmente sem-teto, mas quem liga para esse
detalhe quando está em jogo “mudar o sistema” do país, do capitalismo
para o socialismo?
Nesta semana – e ainda estamos na terça –
já saíram dois textos na mesma Folha defendendo o “direito” de invadir
imóveis “desocupados”. O primeiro, de Raquel Rolnik, alega que é claramente legítimo invadir um prédio que está sem uso. Ela pergunta e logo responde: “Por acaso
terrenos e imóveis podem ficar vazios ou subutilizados em pleno centro
da cidade durante anos, às vezes décadas? Não, não podem”.
Como justificativa, lá está o conceito de
“função social”. A professora de arquitetura da USP soltou um direto na
propriedade privada: “Chega a ser acintoso que alguém mantenha imóveis
ociosos em áreas centrais, enquanto tanta gente não tem onde morar ou
mora em péssimas condições”. Entendeu?
O sujeito tem uma casa que fica lá,
fechada para uso apenas de veraneio, quando ele visita o país. A
esquerda radical acha que os “sem-teto” podem simplesmente invadir e
fincar uma bandeira como novos proprietários. O artigo teve quase 10 mil
curtidas no Facebook.
Rolnik, não custa lembrar, é aquela que foi acusada de ideologizar o relatório da ONU sobre o setor imobiliário do Reino Unido, e que gosta mesmo é de ficar em hotel de luxo enquanto prega a moradia popular. O mundo civilizado ficou chocado com as trapalhadas da socialista.
O segundo texto foi de Vladimir Safatle
(tinha que ser!), o “intelectual” do PSOL que defende até os criminosos
dos black blocs. Vai na mesma linha: a polícia é truculenta e trata os
pobres como porcos, considerando que um estoque de cocos é evidência de
que pretendiam atacar os policiais. Safatle acha graça. Talvez fosse
para fazer cocada e vender no prédio ocupado…
Seu argumento é o típico discurso socialista que trata economia
como jogo de soma zero, em que João é rico porque Pedro é pobre, e que
basta tirar de uns para dar aos outros, sendo a “necessidade” um direito
automático para tomar o que pertence aos outros. Diz ele: “Nada sobre o
absurdo de existir uma cidade eivada de prédios vazios enquanto parte
de sua população continua sem moradia por, muitas vezes, ser incapaz de
aguentar os aumentos de aluguel resultantes de especulação imobiliária
descontrolada”.
Make no mistake: o ataque à
propriedade privada começa assim, pelas beiradas. Pegaria mal partir
logo de cara para a defesa de uma igualdade imobiliária, limitando
tamanho de propriedade ou obrigando os grandes proprietários a dividir
seu espaço com famílias carentes, como fizeram os países socialistas.
Mas esse é exatamente o objetivo final dessa gente.
Foi assim no campo: reforma agrária para
combater latifúndio improdutivo no começo, e índice de produtividade
hoje para tomar na marra a propriedade alheia. A esquerda radical expõe
suas armas. Ela quer o seu imóvel, leitor. Acha que você não tem o
direito de possuir um grande apartamento ou uma bela casa enquanto
houver gente vivendo em favelas.
Socialismo é a idealização da inveja. E o
que mais tem por aí é gente invejosa, ainda que disfarçada de
“intelectual” que luta pelos interesses do povo…
Rodrigo Constantino
Nenhum comentário:
Postar um comentário