O governo perdeu a primeira votação na Câmara dos Deputados depois da
reeleição da presidente Dilma Rousseff. A oposição obteve o apoio de
partidos da base, como PMDB e PP, e conseguiu aprovar o projeto do líder
do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), que susta o decreto da presidente
que criou a Política Nacional de Participação Social (Decreto 8.243/14). A decisão final será tomada pelo Senado, para onde seguirá o projeto (PDC 1491/14).
O decreto que a Câmara sustou cria um sistema de participação chefiado
pela Secretaria-Geral da Presidência da República. Estão previstos um
conselho permanente; comissões temáticas; conferências nacionais
periódicas; uma ouvidoria pública federal; mesas de diálogo; fóruns
interconselhos; audiências e consultas públicas; e ambiente virtual de
participação social.O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, teria o poder
de indicar os integrantes das instâncias de participação e definir a
forma de participação.
Além disso, o plebiscito para a reforma política prometido por Dilma no
seu "discurso da vitória" também teve que ser abandonado, tendo em vista
a reação do Congresso Nacional, que aceita no máximo um referendo. No
referendo, a população responderia “sim” ou “não” a um projeto
elaborado pelo Congresso. Já no outro tipo de consulta popular, os
brasileiros escolheriam entre diferentes opções de sistema político e
financiamento de campanha. Ontem Dilma deu entrevista ao SBT e à Band,
afirmando — Acho que não interessa muito se é referendo ou plebiscito. Pode ser uma coisa ou outra. Mais uma derrota.
Até o momento, o Legislativo está cumprindo a sua parte, defendendo a
democracia representativa e sustando qualquer avanço rumo à democracia
direta. Até quando? Dizem que até a base acertar o preço.
28/10/2014 22h11
- Atualizado em
28/10/2014 22h54
Câmara dos Deputados derruba decreto sobre conselhos populares
Proposta precisa de aprovação no Senado para decreto perder validade.
Decreto presidencial prevê a consulta a fóruns por órgãos do governo.
Câmara discute projeto que susta efeitos de decreto presidencial
Por meio de votação simbólica, os parlamentares aprovaram um projeto de decreto legislativo apresentado pelo DEM que susta a aplicação do texto editado por Dilma. A discussão da matéria durou cerca de três horas, mas o texto ainda precisa de aprovação no Senado para que o decreto presidencial perca a validade.
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Segundo o decreto, os conselhos devem ser ouvidos “na formulação, na execução, no monitoramento e na avaliação de programas e políticas públicas e no aprimoramento da gestão pública”.
Oposicionistas acusavam o governo de tentar, com o decreto, aparelhar politicamente entidades da administração pública, além de diminuir o papel do Legislativo. Para pressionar a inclusão do tema na pauta, eles ameaçaram travar as votações na Casa até que a matéria fosse a plenário.
Para o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), o decreto presidencial é uma “forma autoritária de passar por cima do Congresso”. “Ela [Dilma] propõe ampliar o diálogo com todos os setores, mas impõe, via decreto presidencial, uma consulta aos conselhos. São esses órgãos que vão dar a última palavra”, declarou o líder, fazendo referência ao discurso de Dilma após ser reeleita, em que ela se disse "disposta ao diálogo".
Com a proposta em discussão no plenário, deputados do PT tentararam impedir que a votação fosse adiante, adotando vários mecanismos para obstruir a pauta, como a inclusão de requerimentos para serem votados e a uso da fala na tribuna para estender a sessão.
O líder do partido na Casa, Vicentinho (PT-SP), apresentou vários requerimentos, incluindo pedido de retirada de pauta, adiamento da votação e votação do decreto artigo por artigo. Um a um, porém, todos os requerimentos acabaram derrubados.
Na tentativa de atrasar a votação, parlamentares da base aliada se revezavam no microfone para defender o decreto da Dilma. Entre os defensores da proposta estavam o deputado Afonso Florence (PT-BA), que argumentou que a medida servia “para fiscalizar o Executivo”.
Sibá Machado (PT-AC), que foi um dos que pediram a palavra várias vezes, alegou que o decreto, “em nenhum momento, fere prerrogativas deste Congresso”.
A todo momento, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), intervinha e tentava apressar os discursos. “Não vou permitir esse tipo de manobra”, disse. Mais cedo, antes da sessão, ao comentar a inclusão na pauta de um tema incômodo ao Planalto, Alves negou se tratar de retaliação ao governo.
Nas eleições, Alves disputou o governo do Rio Grande do Norte, mas saiu derrotado. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a gravar propaganda eleitoral para o seu adversário.
“Tem três meses que está na pauta [esse projeto]”, justificou Alves em referência à aprovação, em julho, do pedido de urgência para votar o decreto.
Câmara derruba o decreto bolivariano da Dilma. Carimbaram a faixa da presidenta. Primeira derrota de muitas.
O Plenário da Câmara aprovou nesta terça-feira o projeto (PDC 1491/14)
que anula o decreto presidencial que criou a Política Nacional de
Participação Social, com diversas instâncias para que a sociedade
influencie as políticas públicas. Foram necessárias duas horas e meia
para vencer a obstrução do PT, PCdoB e Psol que tentaram impedir a votação.
A oposição – apoiada pelo PMDB, pelo PSD e outros partidos da base –
critica o decreto por considerar que ele invade prerrogativas do
Congresso Nacional e pode significar uma tentativa de aparelhamento do
Estado, já que toda a participação será coordenada pela Secretaria-Geral
da Presidência.
O governo, por outro lado, afirma que o decreto tem como objetivo
ampliar o diálogo do Executivo com os movimentos sociais. Após a
votação, a sessão do Plenário foi encerrada.
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