O
carvão mineral, insumo que foi praticamente banido dos novos projetos
de geração de energia no Brasil, voltou à carga na matriz elétrica.
Depois de nove anos, um projeto de usina térmica alimentada por carvão
volta a ser contratado pelo governo, para gerar energia.
Com 340
MW de capacidade instalada, Pampa Sul deve entrar em operação em
janeiro de 2019. A usina será construída pela empresa chinesa Sdepci.
"Esse projeto da Tractebel abre um novo ciclo para o carvão na geração de energia no País", disse Luiz Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM).
O leilão A-5, realizado para contratar projetos que entrarão em operação daqui a cinco anos, chegou a habilitar dez projetos de térmicas a carvão, que somavam 4.490 MW. Somente Pampa Sul, no entanto, teve proposta vencedora no leilão.
"Acredito que muitos projetos foram prejudicados por conta do risco no prazo da obra. Estamos entrando em dezembro. Na realidade, as empresas não teriam cinco anos para construir as usinas, mas quatro. Isso influenciou negativamente", comentou Zancan.
O Brasil deixou de contratar usinas a carvão, com o objetivo de ampliar o uso de fontes limpas e alternativas de energia. Perguntando sobre o fato de o País voltar a contratar uma das fontes mais sujas de geração, o presidente da ABCM disse que o Brasil tem hoje 80% de geração renovável e que esse porcentual não cairá, dado o montante de outras fontes contratadas.
"O País não está sujando coisa nenhuma, nem estamos na contramão da história. O fato é que precisamos de energia garantida, firme, o que o carvão consegue oferecer", comentou.
Por meio de nota, a Tractebel informou que, do total de 7.027 MW de projetos de geração que possui, 1.119 MW são provenientes de termelétricas.
Apesar de ter contratado 340 MW, o projeto de Pampa Sul prevê uma segunda planta, para geração de mais 340 MW. Para colocar seu projeto no leilão, a companhia teve de acelerar seu processo de licenciamento ambiental.
A licença prévia, necessária para entrar na disputa, foi concedida no início deste mês.
Ao todo, o projeto da empresa é estimado em R$ 1,9 bilhão, com aplicação de R$ 1 bilhão em equipamentos nacionais e R$ 900 milhões em importação. A geração de empregos diretos é estimada em 1.848 vagas no segundo ano de instalação, quando a usina deve estar no auge das obras. Outros 8 mil empregos indiretos devem ser gerados.
O plano para Pampa Sul prevê que o carvão mineral será extraído da jazida de Candiota. No processo de queima do combustível, esse carvão é queimado com calcário e areia, para reduzir gases poluentes. Nesse processo, é gerado gesso como subproduto, que pode ser reaproveitado.
No
leilão realizado nesta sexta-feira, 28, a Tractebel Energia, empresa do
grupo GDF Suez, conseguiu fechar negócio para construção da usina Pampa
Sul, que será erguida no município de Candiota (RS). O projeto foi
viabilizado com a proposta de R$ 201,98 por megawatt/hora.
"Esse projeto da Tractebel abre um novo ciclo para o carvão na geração de energia no País", disse Luiz Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM).
O leilão A-5, realizado para contratar projetos que entrarão em operação daqui a cinco anos, chegou a habilitar dez projetos de térmicas a carvão, que somavam 4.490 MW. Somente Pampa Sul, no entanto, teve proposta vencedora no leilão.
"Acredito que muitos projetos foram prejudicados por conta do risco no prazo da obra. Estamos entrando em dezembro. Na realidade, as empresas não teriam cinco anos para construir as usinas, mas quatro. Isso influenciou negativamente", comentou Zancan.
O Brasil deixou de contratar usinas a carvão, com o objetivo de ampliar o uso de fontes limpas e alternativas de energia. Perguntando sobre o fato de o País voltar a contratar uma das fontes mais sujas de geração, o presidente da ABCM disse que o Brasil tem hoje 80% de geração renovável e que esse porcentual não cairá, dado o montante de outras fontes contratadas.
"O País não está sujando coisa nenhuma, nem estamos na contramão da história. O fato é que precisamos de energia garantida, firme, o que o carvão consegue oferecer", comentou.
Por meio de nota, a Tractebel informou que, do total de 7.027 MW de projetos de geração que possui, 1.119 MW são provenientes de termelétricas.
Apesar de ter contratado 340 MW, o projeto de Pampa Sul prevê uma segunda planta, para geração de mais 340 MW. Para colocar seu projeto no leilão, a companhia teve de acelerar seu processo de licenciamento ambiental.
A licença prévia, necessária para entrar na disputa, foi concedida no início deste mês.
Ao todo, o projeto da empresa é estimado em R$ 1,9 bilhão, com aplicação de R$ 1 bilhão em equipamentos nacionais e R$ 900 milhões em importação. A geração de empregos diretos é estimada em 1.848 vagas no segundo ano de instalação, quando a usina deve estar no auge das obras. Outros 8 mil empregos indiretos devem ser gerados.
O plano para Pampa Sul prevê que o carvão mineral será extraído da jazida de Candiota. No processo de queima do combustível, esse carvão é queimado com calcário e areia, para reduzir gases poluentes. Nesse processo, é gerado gesso como subproduto, que pode ser reaproveitado.
Hoje o
carvão mineral é o combustível utilizado para a gerar 40% da energia no
mundo. No Brasil, sua participação na matriz energética é pequena, de
apenas 1,4% da energia gerada.
Sobre os impactos de usinas termelétricas, artigo de Roberto Naime
Publicado em novembro 13, 2014 por Redação
[EcoDebate] As usinas termelétricas são instalações que produzem energia elétrica a partir da queima de carvão, óleo combustível ou gás natural em caldeiras projetadas para o combustível específico que será utilizado e ainda que não representem grande participação na matriz energética brasileira, são importantes na manutenção da chamada energia firme, principalmente no verão e em horários de maior consumo.
Qualquer que seja o combustível utilizado, a forma de funcionamento da usina é semelhante. A queima de combustível aquece a água de serpentinas que são instaladas ao redor das caldeiras. O aquecimento transforma a água em vapor, que gira as pás de uma turbina, cujo rotor gira junto com o eixo de um gerador, produzindo energia elétrica.
O vapor é resfriado em um condensador e convertido outra vez em água, que volta aos tubos da caldeira, num ciclo de processamento contínuo. A água em circulação serve para esfriar o condensador coletando e expulsando o calor extraído da atmosfera pelas torres de refrigeração.
As torres de resfriamento são grandes estruturas que caracterizam e identificam essas centrais. Parte do calor extraído passa para um rio próximo ou para o mar num impacto ambiental relevante produzido por uma termelétrica. Este calor pode alterar as condições de existência de flora ou fauna e interferir decisivamente como fator limitante para a reprodução de espécies.
Em geral, estas usinas dispõe de chaminés de grande altura (algumas chegam a 300m). No interior destas grandes estruturas, em geral existem precipitadores que retêm as cinzas e outros resíduos voláteis da combustão, que podem se tornar fontes de poluição do ar através da dispersão de fuligem. As cinzas recuperadas são usadas para aproveitamento em processos de metalurgia e no campo da construção, onde são misturadas com o cimento.
Estas usinas podem ser construídas onde são mais necessárias, com os combustíveis sendo transportados até as termelétricas. No uso de usinas termelétricas são lançados gases na atmosfera e ocorre o despejo água quente no meio ambiente.
O maior impacto ambiental produzido pelas termoelétricas são os gases, muitos deles de efeito estufa. São produzidos óxidos e dióxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio, monóxido e dióxido de carbono, outros gases e particulados.
Também existe a geração de hidrocarbonetos.
Os óxidos de nitrogênio são formadores de ozônio de baixa altitude, prejudiciais à saúde. A poluição causa problemas respiratórios, como infecções dos brônquios e doenças pulmonares.
Os gases produzidos são vários, muitos deles com emissão amplamente combatida atualmente como o dióxido de carbono e o gás carbônico. A queima do carvão produz também o monóxido de carbono e carbono puro, que são lançados na atmosfera, contribuindo para o aumento do efeito-estufa e piorando a qualidade do ar.
Gás natural gera menos impacto no ar e pode ser usado como matéria-prima para gerar calor, eletricidade e força motriz, nas indústrias siderúrgica, química, petroquímica e de fertilizantes, com a vantagem de ser menos poluente do que os combustíveis derivados do petróleo e o carvão.
De todos os combustíveis utilizados em termelétricas, o gás natural é o menos poluente, mas o Brasil ainda não é autossuficiente na produção de gás, e todos acompanham os noticiários sobre os problemas de depender do fornecimento de países instáveis como a Bolívia.
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Publicado no Portal EcoDebate, 13/11/2014
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Greenpeace protesta contra leilão de energia que prevê volta de usinas térmicas a carvão
Brasília, 28/08/2013 – Em protesto contra o retorno das térmicas a carvão, ativistas do Greenpeace despejaram carvão em frente ao Ministério de Minas e Energia. Foto de Elza Fiúza/ABr.
Ativistas da organização não governamental Greenpeace fizeram na manhã desta quarta-feira (28) um protesto contra o retorno das usinas termelétricas a carvão no Leilão de Energia A-5, marcado para esta quinta-feira (29). Ativistas fantasiados de mineiros despejaram 1,5 tonelada de carvão em frente a uma das portarias do Ministério de Minas e Energia.
Um ativista caracterizado como o ministro Edison Lobão encenou um leilão de energia e protocolou uma carta da ONG endereçada ao titular da pasta contra a participação das usinas térmicas a carvão no leilão de energia. Em uma faixa lia-se a mensagem: Lobão, carvão no leilão não!
O leilão A-5 prevê a contratação antecipada de energia elétrica que só começará a ser produzida em cinco anos. As distribuidoras tentarão comprar, em 2013, energia que será entregue em 2018. Trinta e seis projetos serão ofertados no leilão: uma usina hidrelétrica, três usinas termelétricas a carvão, 16 termelétricas a biomassa e 16 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
Os três projetos de usina a carvão representam 52% da capacidade total do leilão, de 3.535 megawatts (MW). O Rio Grande do Sul concentra a maior oferta de geração cadastrada para o leilão, com 1.250 MW em dois projetos termelétricos movidos a carvão. O Rio de Janeiro tem um empreendimento de térmica a carvão habilitado com capacidade de 590 MW.
A coordenadora da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace, Renata Nitta, considera um retrocesso a liberação da entrada de térmicas a carvão no leilão de amanhã. “O governo insiste em retroceder na nossa política energética ao permitir a entrada de uma fonte tão poluente quanto o carvão, quando o Brasil tem um enorme potencial de energia eólica, solar e de biomassa, que são fontes renováveis e limpas e estão esperando a oportunidade de serem aproveitadas”, disse Renata.
Segundo ela, em 2009, o governo havia banido a participação de térmica a carvão em leilões de energia por ser uma fonte poluidora e pelos compromissos que assumiu voluntariamente de redução de emissões de gases do efeito estufa.
“O governo diz que é necessário garantir a segurança energética. Isso é verdade porque nossa matriz é muito dependente da energia hidráulica. Mas falta planejamento para, no período da seca, quando o nível dos reservatórios está mais baixo, investir na geração de energia eólica e de biomassa,” afirmou a ativista.
No início de julho, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse que considerava o retorno das usinas movidas a carvão mineral nos leilões um paradoxo ambiental. A volta do carvão aos leilões, explicou ele, ocorre em razão das restrições socioambientais à construção de hidrelétricas com grandes reservatórios na Bacia Amazônica.
Outra razão são os preços ainda pouco competitivos do gás natural, menos poluente que o carvão.
Usinas eólicas e hidrelétricas sem reservatório são ecologicamente mais sustentáveis. No entanto, por dependerem de condições naturais estáveis (ventos e chuvas), enfrentam também dificuldades para serem implementadas. Segundo a EPE, a permanência do carvão nos próximos leilões vai depender das descobertas de gás natural que podem ocorrer nos próximos anos e dos investimentos para tornar o gás natural liquefeito mais barato.
Até a publicação desta reportagem, a assessoria de imprensa do Ministério de Minas e Energia ainda não havia se pronunciado sobre o protesto do Greenpeace.
EcoDebate, 29/08/2013
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