“Várias pastas cheias” (de extratos bancários). É isso que três
procuradores brasileiros estão levando para o Brasil nesta sexta-feira à
noite, depois de três dias na Suíça analisando documentos das várias
contas bancárias do diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto
Costa, que escondeu pelo menos US$ 26 milhões no país europeu –
dinheiro que obteve no esquema de corrupção de contratos da Petrobras. -
Estes documentos vão nos permitir a chegar a vários outros
envolvidos no esquema – disse um dos procuradores, Deltan Dallagnol.
(foto)
Os procuradores vão manter o sigilo sobre o que viram nestes extratos
até chegarem ao Brasil. As contas de Paulo Roberto Costa foram
descobertas pela Suíça como parte de uma investigação de lavagem de
dinheiro sujo no país. E são apenas a ponta do iceberg, explicaram os
procuradores.
Por exigência dos suíços, os brasileiros tiveram que deixar no
Ministério Público de Lausanne todas as anotações que fizeram sobre a
investigação mais ampla da Suíça, e que vai muito além de Paulo Roberto
Costa. Alegando sigilo total do caso, eles não quiseram dizer se o que
os suíços descobriram até agora, aponta para o envolvimento de mais
brasileiros ou de estrangeiros no esquema da Petrobras.
Dar acesso à investigação e liberar todos os documentos das várias
contas que Costa mantinha na Suíça em diversos bancos foi um gesto
extraordinário do Ministério Público suíço, disseram os procuradores. -
Na verdade, a investigação é muito mais ampla do que Paulo Roberto
Costa (isto é, que vai além da movimentação das contas bancárias de
Costa) – disse Delton Dallagnol.
Segundo os procuradores, ao investigarem toda a cadeia de pagamentos,
os suíços tentam identificar todo mundo envolvido. Podem ser
brasileiros ou estrangeiros. - Eles (os suíços) podem alcançar pessoas que a gente nem imaginava
que existissem e que estão aqui também . A ideia é sobrepor o que as
duas investigações (na Suíça e no Brasil) têm - explicou Delton
A investigação na Suíça corre em paralelo com a investigação brasileira.
E a ideia é cruzar os dados. - As investigações deles são muito boas,
avançaram bastante e a
cooperação é ampla. Não estão medindo esforços para investigar esse caso
e adotar todas as providências cabíveis – afirmou o procurador Eduardo
Pelella, que é chefe de gabinete do Procurador Geral da República,
Rodrigo Janot.
Pelella já marcou sua volta à Suíça para janeiro. Os três
procuradores – ele, Dallagnol e Orlando Martello – insistem que o sigilo
precisa ser mantido, para não se fechar porta da colaboração com os
suíços : - Não dá para fechar esse canal, senão mata a galinha de ovos e
anos poupados de trabalho – afirmou Pelella. Perguntado sobre o que
falta para o dinheiro de Costa voltar ao
Brasil, o procurador explicou que agora é uma questão de procedimento da
Suíça : - É questão procedimental, que diz respeito ao Ministério
Publico suíço – afirmou.
DELATOR AUTORIZOU DEVOLUÇÃO
Foi o próprio acusado de corrupção – isto é, o ex-diretor de
abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa – quem pediu
oficialmente a devolução e transferência para uma conta do governo
brasileiro dos cerca de US$ 26 milhões que ele escondeu em contas
bancárias na Suíça. Isso explica porque o Brasil deverá obter a
repatriação da fortuna roubada em tempo recorde – semanas ou poucos
meses, segundo uma fonte – passando por cima de várias etapas do
procedimento normal na Suíça para devolução de dinheiro sujo.
Este foi o acordo negociado há meses entre Brasil e Suíça para
acelerar a devolução do dinheiro. Pelo procedimento normal, Costa teria
que ser julgado e condenado em última instância, explicou Pelella. Mas
como ele mesmo assumiu o crime, o Brasil negociou uma saída mais rápida
com os suíços. - Nesse caso, como ele (Costa) fez o acordo de delação premiada,
passou os valores e as contas, e uma das cláusulas admite que pode-se
repatriar esses valores, isso abrevia muito o tempo de
tramitação—explicou Pelella. (O Globo)
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