Por Vinicius Sassine, no Globo:
A área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou irregularidades nos reajustes de contratos de obras de refinarias da Petrobras e pediu a suspensão cautelar dos repasses de dinheiro da estatal para alguns dos empreendimentos, entre eles a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, como consta em relatório preliminar de auditoria cuja votação em plenário está pautada para a sessão desta quarta-feira. A Petrobras usou índices distintos de reajustes para as refinarias em obra, o que levou ao superfaturamento de contratos, conforme o entendimento técnico.
A área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou irregularidades nos reajustes de contratos de obras de refinarias da Petrobras e pediu a suspensão cautelar dos repasses de dinheiro da estatal para alguns dos empreendimentos, entre eles a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, como consta em relatório preliminar de auditoria cuja votação em plenário está pautada para a sessão desta quarta-feira. A Petrobras usou índices distintos de reajustes para as refinarias em obra, o que levou ao superfaturamento de contratos, conforme o entendimento técnico.
O
processo, relatado pelo ministro José Jorge, passou a ser o novo foco de
preocupação e peregrinação de advogados da estatal no TCU. O
procedimento que fiscaliza as cláusulas de reajustes dos contratos das refinarias foi aberto em 1º de abril deste ano e tem como responsável investigada a presidente da Petrobras, Graça Foster.
O processo integra o Fiscobras 2014, que investiga os repasses de recursos federais em obras públicas
com o objetivo de subsidiar o Congresso Nacional na elaboração do
Orçamento Geral da União. O TCU, ao fim desse procedimento, faz
recomendações de paralisação ou de continuidade das obras, conforme os
índices de gravidade. A decisão final é dos parlamentares.
Em quase
cinco meses de auditoria, a área técnica do tribunal analisou 52
contratos referentes a projetos de refinarias da Petrobras em andamento.
Estão em obras Abreu e Lima, em Pernambuco; o Complexo Petroquímico do
Rio de Janeiro (Comperj); a Premium 1, no Maranhão; e a Premium 2, no
Ceará. A partir do relatório de auditoria, o ministro José Jorge elaborou o voto a ser apresentado em plenário, o que está previsto para a sessão desta quarta.
Se o
relator e a maioria dos demais ministros concordarem com a suspensão dos
repasses a Abreu e Lima, a Petrobras corre o risco de não cumprir a
promessa de inaugurar a refinaria já no próximo mês de novembro. José
Jorge não fala a respeito do processo. Tanto o relatório técnico quanto o
voto podem ser alterados.
Advogados
da Petrobras compareceram ao gabinete do ministro na segunda-feira e
hoje, como parte da estratégia para derrubar os argumentos da unidade
técnica. Os defensores jurídicos da estatal já informaram quem fará a
sustentação oral em plenário e entregaram a defesa por escrito. O ponto central
sustentado pelos advogados é a inexistência de qualquer tipo de
superfaturamento por conta de eventuais índices discrepantes usados em contratos de obras de refinarias.
A
refinaria de Abreu e Lima é o projeto da Petrobras mais fiscalizado pelo
TCU, com 23 processos abertos pelo tribunal – 12 ainda estão em curso.
Auditorias já apontaram um superfaturamento de R$ 1,1 bilhão nos
contratos da refinaria. O primeiro orçamento da refinaria era de US$ 2,3
bilhões. Quando for inaugurada, terão sido gastos mais de US$ 20
bilhões. O suposto esquema de desvio de recursos e pagamento de
propinas montado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa
ocorreu a partir dos contratos superfaturados de Abreu e Lima, conforme
as investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), no âmbito da Operação Lava-Jato. Costa, preso no Paraná, está em processo de delação premiada, acertado com o MPF.
O TCU
ainda não finalizou a análise do processo sobre o bloqueio de bens de
diretores e ex-diretores da Petrobras apontados como responsáveis por um
prejuízo de US$ 792,3 milhões na compra da refinaria de Pasadena, no
Texas. A maioria dos ministros já votou para livrar Graça da medida, mas
uma decisão definitiva ainda não ocorreu por conta de um pedido de vista
do ministro Aroldo Cedraz. A partir da conclusão desse recurso, serão
abertas as tomadas de contas especiais para apurar as responsabilidades e
tentar o ressarcimento de recursos aos cofres da estatal.
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