(Estadão) A defesa do empresário Gérson de
Mello Almada(foto) (leia INFRAMERICA a empresa que quer desmatar milhares de hectares de cerrado intacto, área de preservação ambiental, para construir concessionarias de automoveis ), vice presidente da Engevix Engenharia, afirma em documento
entregue à Justiça Federal que a Petrobrás foi usada para bancar o
“custo alto das campanhas eleitorais”. Segundo os advogados de Almada,
preso pela Operação Lava Jato desde 14 de novembro de 2014, “a Petrobrás
foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da
base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias”.
O vice da Engevix foi denunciado
pelo Ministério Público Federal por corrupção ativa, lavagem de dinheiro
e organização criminosa. Em 85 páginas, a defesa de Almada entregou à
Justiça resposta à acusação. O ponto central da peça é um ataque direto
ao ex-diretor de Abastecimento da estatal petrolífera, Paulo Roberto
Costa, que fez delação premiada e encontra-se em regime de prisão
domiciliar.
“A denúncia não pode ser recebida,
pois não conta a verdade, fim precípuo do processo penal”, afirma o
criminalista Antônio Sérgio de Moraes Pitombo, que coordena o núcleo de
defesa de Almada. “ Vale registrar alguns fatos notórios, outros
emergentes dos próprios autos do inquérito policial, que desapareceram
da acusação: faz mais de doze anos que um partido político passou a
ocupar o poder no Brasil. No plano de manutenção desse partido no
governo, tornou-se necessário compor com políticos de outros partidos, o
que significou distribuir cargos na Administração Pública, em especial,
em empresas públicas e em sociedades de economia mista.”
Pitombo afirma. “O pragmatismo nas relações
políticas chegou, no entanto, a tal dimensão que o apoio no Congresso
Nacional passou a depender da distribuição de recursos a parlamentares. O
custo alto das campanhas eleitorais levou, também, à arrecadação
desenfreada de dinheiro para as tesourarias dos partidos políticos.”
“Não por coincidência, a antes lucrativa sociedade por ações, Petrobrás,
foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da
base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias”,
insiste Pitombo.
“Nessa combinação de interesses escusos, surgem personagens como
Paulo Roberto Costa, que, sabidamente, passou a exigir porcentuais de
todos os empresários que atendiam a companhia. Leia-se, exigir.”
Segundo criminalista, “o que ele (Paulo Roberto Costa) fazia era
ameaçar, um a um, aos empresários, com o poder econômico da Petrobrás”.
“Prometia causar prejuízos no curso de contratos. Dizia que levaria à
falência quem contrastasse seu poder, sinônimo da simbiose do poder
econômico da mega empresa com o poder político do governo.”
A defesa sustenta na resposta que a “exigência de Paulo Roberto Costa”,
classificada como achaques, foi a “força criadora do elemento coletivo”.
“Quem detinha contratos vigentes com a Petrobrás sofreu achaque Ainda
que se admita, a título de argumentação, que teriam praticado crimes
similares, é ínsito aos acontecimentos entender que a exigência de Paulo
Roberto Costa – e demais brokers do projeto político de manutenção dos
partidos na base do governo – colocou os empresários, todos, na mesma
situação, não por vontade, não por intenção, mas por contingência dos
fatos.”
A resposta à Justiça é subscrita
pelos criminalistas Antonio Pitombo, Luciana Louzado, Rodrigo Silva,
Beatriz Ferraro, Fernando Dias e Lara da Cruz.
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