(O Globo) A denúncia do publicitário Marcos Valério de que o PT recebeu 2,6
milhões de euros da Portugal Telecom começou a ser investigada pelo
Ministério Público de Portugal. Segundo a imprensa daquele país, o
ex-presidente da telefônica Miguel Horta (foto com Lula) e Costa prestou depoimento no
último dia 9 no Departamento Central de Investigação e Ação Penal. O
depoimento foi solicitado pela Polícia Federal brasileira por meio de
carta rogatória, mas as autoridades portuguesas resolveram abrir uma
investigação local contra Costa por corrupção no comércio internacional.
No Brasil, o caso tramita em um inquérito da Polícia Federal mantido
em segredo. O depoimento foi pedido em outubro do ano passado. Os
policiais já teriam recebido as declarações do português, mas não
divulgaram o material. O caso começou a ser investigado em 2012, depois
que Marcos Valério, condenado por operar o esquema do mensalão,
denunciou o pagamento feito ao PT durante o governo Lula. Em troca, a
Portugal Telecom obteria facilidade na compra da Telemig.
Segundo Valério, a propina foi negociada entre Costa e o então
presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. De acordo
com Valério, o dinheiro foi transferido por meio de uma fornecedora da
Portugal Telecom em Macau, na China, a publicitários brasileiros que
trabalharam em campanhas eleitorais do PT. Valério disse que uma viagem
que ele fez em companhia do advogado Rogério Tolentino e o ex-secretário
do PTB Emerson Palmiere a Portugal, em 2005, foi parte da negociação
para o pagamento.
A oposição vai encaminhar requerimento de informações ao
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e tentar aprovar no Senado
a criação de uma comissão externa para ter acesso ao processo aberto em
Portugal. Ontem líder da minoria na Câmara e senador eleito Ronaldo
Caiado (DEM-GO) anunciou que vai requerer ao Ministério Público
brasileiro acesso às respostas dadas por Costa.
— Nós vamos agir em duas frentes para saber se há previsão de ouvir o
ex-presidente Lula aqui. Primeiro vou solicitar ao procurador Rodrigo
Janot o envio de informações sobre o depoimento do ex-executivo da
Portugal Telecom. Se ele não teve acesso ao processo que corre em
Portugal, então nós vamos propor a criação de uma comissão externa do
Senado para ir lá acompanhar o processo. Se o ministro Janot já estiver
de posse dessas informações e der conhecimento ao Senado, não há
necessidade de irmos lá — explicou Caiado.
O presidente e líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN), acredita
que, nessa investigação, Lula pode ser incriminado. — A providência de
requerer o depoimento do senhor Miguel Horta é o
primeiro e fundamental passo. Se o processo não anda aqui, pode andar
lá. Portugal e Espanha estão dando especialíssima atenção a
investigações de crimes do colarinho branco envolvendo políticos. Se há
conexão com o PT e Lula, aqui, vai ter desdobramentos. Lula pode acabar
sendo apanhado por uma circunstância secundária ao mensalão — afirmou
Agripino Maia.
Logo após as eleições do ano passado, em dezembro, Lula foi ouvido
como testemunha em um dos dois novos inquéritos abertos para investigar
as denúncias de suposto envolvimento do PT e de Lula no mensalão.
Segundo a revista Época noticiou, na noite do dia 03 de dezembro Lula
recebeu na pista do Aeroporto de Congonhas a carta precatória assinada
pelo delegado federal Rodrigo Luis Sanfurgo de Carvalho, chefe da área
de repressão a crimes financeiros e desvio de recursos públicos em São
Paulo. O depoimento aconteceu no dia 09 de dezembro.
Procurado para falar sobre o andamento da investigação em Portugal e
da ação da oposição, ele respondeu, pela assessoria, que não tem
novidades. — É a mesma do Marcos Valério, de 2012, não? Sem novidades. Falou
disso na época para a Imprensa — respondeu ontem a assessoria do
ex-presidente Lula.
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