24/01/2015 10h00
'A população vê a gente como lixo e
muda de calçada', diz morador de rua
Jovem de 25 anos contou que pede dinheiro no semáforo para sobreviver.
Relato foi publicado em página criada por jornalista no Facebook; veja outros.
Esse relato foi publicado pela jornalista Caroll Beraldo em uma página na rede social Facebook, que reúne histórias de pessoas que convivem com a realidade das ruas, passando por garis e travestis, usuários de crack e artistas.
O rapaz contou ainda que pede dinheiro no semáforo e olha carros e que utiliza o que consegue primeiro para comer e às vezes para comprar drogas. Ele relatou que tem um filho, mas que não mantém mais contato com ele. "É solidão total", disse. A história desse morador de rua "confirmou" a intenção da página criada pela jornalista, segundo ela. "O que ele me contou me fez ter certeza de que era preciso contar a história dessas pessoas", disse Caroll, de 22 anos.
Caroll explicou que vai atrás das histórias pelas ruas de Piracicaba a pé, sem saber ao certo onde está indo. "Vou andando e quando vejo alguém que me causa algum impacto eu abordo, explico sobre o projeto e entrevisto", afirmou.
Varredora Isabel
Em uma dessas saídas, ela encontrou a varredora Isabel, de 42 anos. No relato, consta que a moradora de uma casa de uma das ruas que ela varria lhe negou um copo d'água porque "não tinha água em casa" e isso a marcou e a chateou. Ainda na entrevista, a mulher fez um apelo aos moradores da cidade para que evitem jogar lixo fora das lixeiras.
Ela relatou ainda que um dos entrevistados a alertou dias depois da entrevista a tomar cuidado com quem aborda. "Ele me falou para ficar alerta, porque existem pessoas boas e ruins nas ruas, mas normalmente não tenho medo", disse a jovem.
Travesti Graziela
Outra história que marcos a jornalista foi a da travesti Graziela, de 19 anos, que contou que já gastou R$ 10 mil em cirurgias plásticas e que é bem aceita pela família, que vive em Salvador (BA). "Lá sou chamada de Graziela, filha e neta", disse. A travesti defende que a educação sexual nas escolas aborde também a homossexualidade(!!!).
Ela contou ainda que trabalha na rua para juntar dinheiro e abrir uma loja de roupas. "Quero ajudar minha família, ter renda fixa, voltar a estudar e ter uma vida normal", afirmou na entrevista a Caroll.
"O que percebo é que essas pessoas são muito carentes de atenção, carinho e respeito. Ninguém pára para conversar com elas, por isso acabar se abrindo comigo e me tratando bem. Eles sentem falta de pessoas", completou Caroll, que pretende transformar o projeto Despercebidos em uma tese de mestrado e continuar com as postagens na internet.
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