sábado, 24 de janeiro de 2015

Piedade seletiva.Desta feita as "vitimas" são os vagabundos viciados em crack.Coitadinhos, não é mesmo? Agora dos brasileiros honestos, heterossexuais, que não se drogam, que trabalham 8 horas por dia e passam um sufoco para pagar as contas e criar os filhos DENTRO DE VALORES CRISTÃOS ninguem tem pena??Por que?

 24/01/2015 10h00

'A população vê a gente como lixo e
muda de calçada', diz morador de rua

Jovem de 25 anos contou que pede dinheiro no semáforo para sobreviver.
Relato foi publicado em página criada por jornalista no Facebook; veja outros.


Do G1 Piracicaba e Região
Morador de rua relatou humilhação e solidão em Piracicaba (Foto: Caroll Beraldo/arquivo pessoal)Morador de rua relatou humilhação e solidão em Piracicaba (Foto: Caroll Beraldo/arquivo pessoal)
Há 10 anos sem um lar por causa do vício em crack, um morador de rua de 25 anos relatou que se sente discriminado e humilhado pela população em Piracicaba (SP). "A população vê a gente como lixo, lixo total, até muda de calçada quando a gente passada, isso dói muito", afirmou o rapaz.


Esse relato foi publicado pela jornalista Caroll Beraldo em uma página na rede social Facebook, que reúne histórias de pessoas que convivem com a realidade das ruas, passando por garis e travestis, usuários de crack e artistas.


O rapaz contou ainda que pede dinheiro no semáforo e olha carros e que utiliza o que consegue primeiro para comer e às vezes para comprar drogas. Ele relatou que tem um filho, mas que não mantém mais contato com ele. "É solidão total", disse. A história desse morador de rua "confirmou" a intenção da página criada pela jornalista, segundo ela. "O que ele me contou me fez ter certeza de que era preciso contar a história dessas pessoas", disse Caroll, de 22 anos.


Caroll Beraldo entrevista moradores de ruas, garis, travestis, entre outros em Piracicaba (Foto: Leon Botão/G1)Caroll Beraldo entrevista moradores de ruas, garis, travestis, entre outros (Foto: Leon Botão/G1)
Neste sábado (24), a página Despercebidos completa 2 meses desde a primeira postagem e já conta com 1,2 mil seguidores. Caroll explicou que acompanhava um projeto semelhante que contava histórias de moradores de rua de São Paulo (SP) e que sempre teve vontade de contar a trajetória das pessoas que via no dia a dia. "Comecei com um artista de rua que fica sempre próximo ao terminal Central e senti que precisava mostrar a realidade dessas pessoas", afirmou.


Varredora Isabel foi entrevistada pelo projeto Despercebidos em Piracicaba (Foto: Caroll Beraldo/arquivo pessoal)Varredora Isabel foi entrevistada pelo projeto de jornalista (Foto: Caroll Beraldo/arquivo pessoal)
"Meu objetivo é fazer as pessoas refletirem sobre a própria vida, reclamarem menos e aprenderem a ter respeito pelo próximo. Não cabe a nós julgar essas pessoas", disse a jornalista. Ela relatou que a página é bastante acessada e que sente pelos comentários dos internautas que o objetivo dela está cada vez mais próximo. "Eles se solidarizam, ficam revoltados com os abusos que as pessoas sofrem", contou.


Caroll explicou que vai atrás das histórias pelas ruas de Piracicaba a pé, sem saber ao certo onde está indo. "Vou andando e quando vejo alguém que me causa algum impacto eu abordo, explico sobre o projeto e entrevisto", afirmou.


Varredora Isabel
Em uma dessas saídas, ela encontrou a varredora Isabel, de 42 anos. No relato, consta que a moradora de uma casa de uma das ruas que ela varria lhe negou um copo d'água porque "não tinha água em casa" e isso a marcou e a chateou. Ainda na entrevista, a mulher fez um apelo aos moradores da cidade para que evitem jogar lixo fora das lixeiras.


Travesti Graziela gastou R$ 10 mil plásticas e quer sair da rua em Piracicaba (Foto: Caroll Beraldo/arquivo pessoal)Travesti gastou R$10 mil em plásticas e quer sair da rua (Foto:Caroll Beraldo/Arquivo pessoal)
A jornalista conversa com todo o tipo de pessoas, na maioria, pessoas que vivem na rua e são viciados em drogas. "A gente só ouve falar, mas não sabe de verdade qual a realidade dessas pessoas, são histórias fortes, não posso me envolver e deixar isso afetar minha vida pessoal. Emociona, revolta, mas tenho que saber separar", disse Caroll.



Ela relatou ainda que um dos entrevistados a alertou dias depois da entrevista a tomar cuidado com quem aborda. "Ele me falou para ficar alerta, porque existem pessoas boas e ruins nas ruas, mas normalmente não tenho medo", disse a jovem.


Travesti Graziela
Outra história que marcos a jornalista foi a da travesti Graziela, de 19 anos, que contou que já gastou R$ 10 mil em cirurgias plásticas e que é bem aceita pela família, que vive em Salvador (BA). "Lá sou chamada de Graziela, filha e neta", disse. A travesti defende que a educação sexual nas escolas aborde também a homossexualidade(!!!). 


Ela contou ainda que trabalha na rua para juntar dinheiro e abrir uma loja de roupas. "Quero ajudar minha família, ter renda fixa, voltar a estudar e ter uma vida normal", afirmou na entrevista a Caroll.


"O que percebo é que essas pessoas são muito carentes de atenção, carinho e respeito. Ninguém pára para conversar com elas, por isso acabar se abrindo comigo e me tratando bem. Eles sentem falta de pessoas", completou Caroll, que pretende transformar o projeto Despercebidos em uma tese de mestrado e continuar com as postagens na internet.

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