Presidente do órgão condena cenário atual e diz que solução pode levar 2 anos
manuela.rolim@jornaldebrasilia.com.br
Os usuários da Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF) terão de ter paciência para esperar as melhorias no transporte. Dois anos, no mínimo, é o prazo dado pelo presidente da companhia, Marcelo Dourado, para começarem as mudanças, consideradas urgentes pelo próprio gestor, após confirmar que a pane em alguns trens, registrada no início da noite da quinta-feira, aconteceu por falta de manutenção e falhas elétricas e mecânicas.
Segundo Dourado, a licitação para a compra de dez trens será feita no primeiro semestre deste ano com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade e custará R$ 230 milhões. No entanto, a empresa vencedora ainda tem aproximadamente 24 meses para entregar os trens.
Já a licitação para a expansão do metrô, o presidente da companhia garante que está prevista para o segundo semestre de 2015. No total, a construção de duas estações em Ceilândia, duas em Samambaia e uma no início da Asa Norte, próximo ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), vai custar R$ 680 milhões. As obras vão começar após o meio do ano, mas a previsão para os passageiros começarem a utilizar os serviços é em apenas três anos.
Manutenção
Enquanto isso, Dourado assegura que será criado um Comitê de Prevenção Permanente de Segurança (Copese) para rever a manutenção e antecipar os riscos de acidente.
"Hoje, temos trens com mais de 20 anos de uso. A frota começou a ser adquirida em 1994, com tecnologia da década de 80. Portanto, não podemos negar a necessidade de uma modernização geral, com ar-condicionado nos vagões e segurança para os usuários. Porém, ainda que as providências já estejam sendo tomadas, esse processo é demorado", acrescenta.
De acordo com o diretor de Administração e Finanças do Sindicato dos Metroviários (Sindmetrô- DF), Quintino dos Santos Sousa, o metrô está operando por sorte. Segundo ele, os contratos de manutenção não estão sendo cumpridos e, quando são, não passam por uma fiscalização adequada, tendo em vista que ela é feita pelas próprias empresas que prestam o serviço. Além disso, Quintino alerta para o quadro reduzido de funcionários, falta de treinamento da equipe e itens de segurança escassos. "Nenhum dos problemas registrados até agora resultaram em tragédia, com mortes, mas a chance é grande. No entanto, como o presidente e os diretores da companhia foram trocados recentemente, nossa expectativa é boa", completa.
Pane não teria relação com a forte chuva
Após um levantamento técnico, o Metrô-DF assumiu que os defeitos verificados em três trens, anteontem, não aconteceram por problemas de energia da Companhia Energética de Brasília (CEB) ou pelas fortes chuvas. Segundo a companhia, o primeiro apresentou falha no cabeamento elétrico do motor, às 18h04, perdendo a tração entre as estações de Águas Claras e Arniqueiras, em virtude de falta de manutenção. Às 18h39, o sistema foi normalizado. Houve atraso de 30 minutos na saída de outras composições.
A segunda falha foi constatada em um trem que chegava à Estação Águas Claras, às 19h40. Houve um curto-circuito do motor, com três explosões provocadas pelo acionamento de um dispositivo de segurança, utilizado para cortar a corrente elétrica em caso de elevações bruscas de energia quando ocorre algum problema no trem.
Segundo a jornaleira Lidinalva Goes, 47, que estava em um dos trens que apresentaram problema, os usuários entraram em pânico. Ela diz que caminhou pelos trilhos da estação de Arniqueiras até Águas Claras. "Eu não vi fogo. Por isso, fiquei tranquila, mas as pessoas ficaram apavoradas", conta.
A operação se normalizou às 22h20, nos dois sentidos, quando o último pedestre foi retirado. Os trens foram recolhidos e passam por revisão. O terceiro a apresentar problemas serviria para remover o segundo, que estava parado, mas também não funcionou. A falha teria provocado uma reação em cadeia.
Tarifa zero
A preocupação com a qualidade dos transportes e com o aumento do preço das passagens motivou os integrantes do Movimento Passe Livre a protestar, por volta das 17h, na Rodoviária do Plano Piloto. Com instrumentos musicais, os manifestantes gritavam "tarifa zero" e ainda chegaram a fechar duas vias do Eixo Monumental, no sentido Torre de TV.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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